Pressionar para não voltar, porque não são especiais os que só defendem, e a viagem.

Asier Illarramendi tem assumido nos tempos mais recentes um maior protagonismo na “roja”, onde é tido por Lopetegui como o substituto de Sergio Busquets.

Numa entrevista fascinante toca em muito do conteúdo que por cá passamos

Nosotros para tener el balón jugando con tres en el medio lo tenemos que robar muy rápido. Si perdemos la pelota tenemos que estar muy organizados para presionar arriba inmediatamente en el sitio en el que la perdemos. Si no, tenemos que correr 50 metros para atrás y eso no nos gusta a ninguno. Defendemos arriba para no correr para atrás. Sin el trabajo defensivo, no hay balón.

Aquando dos seus anos dourados à frente do Barcelona, Pep Guardiola quando questionado sobre as possíveis dificuldades nas bolas paradas defensivas, por diferenças significativas de estatura, referiu ter um plano especial para contrapor essa possível dificuldade. Não as consentir. Não fazer cantos, não fazer faltas.

Zidane quando questionado sobre a dificuldade que seria defensivamente apresentar tantos jogadores criativos e mais dotados ofensivamente que defensivamente, também mencionou ter uma estratégia para que tudo corresse como desejaria. Se tiver sempre a bola, eles não precisariam de defender e tal não seria um problema.

Illarramendi a apontar a importância do primeiro sub momento da transição defensiva, a reacção à perda, como forma de evitar ter de comer metros na recuperação defensiva. Importante ler a nossa interpretação do jogo, pelo Ricardo Ferreira, aqui, e / ou recordar a transição defensiva do City de Pep Guardiola aqui.

El trabajo defensivo está en la cabeza. Todos los profesionales podemos hacerlo. Algunos no están acostumbrados.

Por diversas vezes nos referimos a determinados jogadores como especiais. Em comum há sempre a criatividade, qualidade técnica e capacidade para tomar decisões. Nunca a agressividade defensiva ou o cumprimento das tarefas defensivas.

Não que tal não seja determinante no jogo. Muito pelo contrário, nos dias de hoje sem competência sem bola nenhuma equipa no mundo vence um jogo que seja equilibrado. A questão é que defender bem ou correr mais não torna ninguém especial, pelo que Illarramendi diz. Todos o podem fazer. Todos conseguem correr, todos podem defender, porque está sobretudo no ter disponibilidade para tal.

Ser especial é diferente. É obviamente também estar disponível para se dar ao jogo, mas acima de tudo, fazer a diferença com bola. Porque ai, já nem todos conseguem ou podem. Por isso jogadores como Rabiot ou Verrati serão sempre mais especiais que Kanté ou Fellaini.

El Madrid jugaba diferente de la Real. El equipo se partía porque los que atacaban no estaban cerca de los centrocampistas. Si quieres tener el balón debes juntar a todos. Si corre uno solo, o si no corre todo el equipo, al final es mucho más difícil robar balones. ¡Eso sí que se notaba!.

Abordei aqui, logo no primeiro corte, a importância do encurtar distâncias em organização ofensiva, não somente para se poder ter a bola e atacar com maior qualidade, mas também para poder defender melhor após a perda. Quando se fala em “viajar juntos” tal necessidade está relacionada com a subida conjunta de todos os elementos da equipa, e consequentemente ter mais gente próxima da bola, não só para que a cada perda possa haver condições para pressionar adversário e impedi-lo de sair com qualidade na transição ofensiva, mas também porque ter mais opções próximas, requer um gesto técnico de menor dificuldade, para combinar, e penetrar nas organizações contrárias se a melhor ideia é investir no corredor da bola, ou o não ter de voltar a baixar uma infinidade de metros de cada vez que se quer rodar a bola em segurança por outro corredor.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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