Um jogo excessivamente musculado e a dependência de Brahimi

Na Vila das Aves, o FC Porto voltou a caminhar por trilhos perigosos quando o que mais importa ofensivamente é proporcionar conforto a quem recebe em zonas mais adiantadas.

A aposta num perfil de jogador que privilegia os seus traços defensivos, relacionados com agressividade e capacidade para comer metros no centro do terreno, aliada à maior dificuldade dos centrais portistas participarem criando desequilíbrios na construção, e dos avançados centro para definirem com qualidade em espaços curtos, torna a equipa azul e branca completamente dependente de Brahimi para ligar o seu jogo por entre a organização adversária.

Quando Brahimi não está em condições de receber e fazer ele próprio em condução a ligação entre zonas mais recuadas e mais adiantadas do jogo do FC Porto, há uma procura demasiado incessante do jogo aéreo dos avançados portistas.

Ofensivamente tem sido um Porto pouco criativo e pouco capaz de resolver situações em espaços curtos, também pelas características dos jogadores que leva a jogo.

O trabalho de posicionamentos é bem identificável, e a equipa de Sérgio Conceição está preparada para aproveitar as características dos seus jogadores. Mesmo quando a bola sai por cima, a equipa não fica demasiado afastada. Porém, tem condições para melhorar a qualidade das suas decisões aquando da posse.

O problema de se vencer sucessivamente os duelos, é crer que não há problema em ter um jogo sucessivo de choque, porque estamos sempre por cima, porque na realidade, é quando Brahimi recebe no chão que o Porto consegue provocar desconforto nas estruturas adversárias. A dependência do argelino faz-se notar pela forma como Brahimi é obrigado a mover-se em toda a largura do campo para assegurar sempre ele, a ligação entre fases. Termina o jogo completamente desgastado e sem a mesma capacidade de desequilíbrio.

Importante positivamente, a opção pelo pressing agressivo na saída de bola adversária, que obriga oponentes a não elaborar e despejar na frente, porque Felipe, Marcano e Danilo resolvem sempre os lances aéreos e mantêm o Porto no meio campo ofensivo.

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Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

7 Comentários

  1. Com Oliver a titular, muitas das dificuldades do Porto em construir com mais qualidade terminavam! Começava logo porque vinha o Oliver pegar no jogo mais atrás e libertava os centrais de serem eles a construírem e permitia também ao Brahimi poder receber entre linhas, nos espaços de criação, onde ele se torna mais perigoso.
    O Porto de início de época, com Oliver a titular, jogava com mais qualidade do que agora, e conseguia ser mais dominador do que tem sido nos últimos jogos!
    E quem fala que o Oliver não joga porque não é agressivo na pressão e nas disputas da bola não percebe nada disto. Oliver é um jogador super agressivo na reação à perda da bola, na pressão ao portador da bola, é agressivo a condicionar as decisões do adversário, e isso sim é que é ser agressivo, e não andar ali no campo a encostar o cabedal neles e a ganhar duelos no físico!

  2. O Óliver não funcionaria neste meio campo a dois que o Sérgio Conceição implementa nestes jogos, em teoria, mais fáceis (sublinhe-se, por já se saber o desfecho da jornada anterior, o “em teoria”).
    Sendo o Danilo uma peça obrigatória neste meio campo do Porto, sobra espaço, neste esquema táctico, para mais um médio. Analisando aquilo que o treinador quer para o Porto, este médio terá de ter as seguintes características: agressividade, velocidade, resistência, posicionamento e “garra”. Ora, o médio do plantel do FCP que mais se enquadra neste plano é, na minha opinião, o Hector Herrera. Não sendo um criativo como o Óliver, tem todas as características supracitadas e que tanto se enquadram num Porto agressivo e pressionante – a ideologia do SC.
    Nenhum outro médio do plantel seria capaz de desempenhar esta função.
    Nos jogos mais difíceis, o SC tende a colocar um terceiro médio em detrimento do segundo ponta-de-lança (4-3-3). Aqui sim faria sentido colocar o Óliver em jogo (mais até que o Sérgio ou o André).

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