O corredor central do Sporting. Conforto e ser mais ou menos ofensivo.

FUTEBOL: William, Tiago Silva e Battaglia durante o jogo Feirense - Sporting, jornada 5 da I Liga 2017/18. Estadio Marcolino de Castro, em Vila da Feira. Sexta-feira, 8 de Setembro de 2017. EDUARDO OLIVEIRA/ASF

São quatro os jogadores que se têm revelado aposta para três lugares no corredor central entre sector médio e ofensivo da equipa leonina. William Carvalho, Battaglia, Bruno Fernandes e Daniel Podence. Entre os quatro, três seguem a jogo.

O que ganha e o que perde o Sporting com cada uma das opções de Jorge Jesus?

O sistema é sempre o mesmo, mas por mais controlo que Jorge Jesus pretenda ter em cada instante, há sempre um cunho pessoal em cima de cada lance e de cada posicionamento.

William é sempre opção. O português confessa sentir-se mais confortável com Battaglia ao seu lado. Porquê? O argentino quando joga traz para o modelo o que lhe falta quando joga com Bruno Fernandes no meio, sobretudo quando Carvalho vem de uma série consecutiva de jogos. A agressividade na transição defensiva. Quando carregado fisicamente, William é mais lento a chegar após a perda, permite mais vezes que o ponto de saída da transição adversária vire para o jogo, e a partir daí já não há recuperação no centro do jogo, e a equipa é forçada a baixar e defender o contra ataque. Para além disto, há o posicionamento de Bruno, que ao contrário de Battaglia pensa sempre o jogo com uma perspectiva mais ofensiva. Vai mais vezes, move-se mais na profundidade e em largura, e fica longe do centro do jogo para poder ajudar William após a perda.

Battaglia, justifica portanto a sua presença, sobretudo pela maior segurança defensiva que dá à equipa não somente no seu momento de transição defensiva, onde é muito forte a reagir no centro do jogo, mas também porque em organização sem bola, é cumpridor e rigoroso. Com bola, está muitos níveis abaixo do Bruno Fernandes e de Daniel Podence. Mas, e Jesus sabe-o tão bem, o jogo não se faz somente com bola. E regra geral, é quem cumpre defensivamente que vence.

Bruno Fernandes é o outro indiscutível do corredor central. A única dúvida jogo a jogo é que espaço ocupa. Mais próximo de William ou mais próximo de Bas Dost?

Tem uma qualidade com bola tremenda. Jogando em simultâneo com Podence, permite que o Sporting tenha mais e melhor chegada às zonas de criação. A qualidade da sua recepção e passe, permite-lhe desenhar sucessivamente o destino dos ataques leoninos. Porque na sua mente pensa sempre na baliza adversária, sobe mais metros e cai mais vezes nos corredores laterais do que o que pretende Jorge Jesus. Por isso, terá referido que desde a saída de Adrien que não tinha um médio mais posicional, como Bryan poderá ser.

Em suma, ofensivamente acrescenta muita qualidade quando parte de uma posição mais recuada, porque tem mais bola e decide sempre bem, além de que permite a entrada de Podence, outro desequilibrador entre linhas. Defensivamente perde o Sporting com a sua presença mais recuada. Quando joga mais perto de Bas Dost, defensivamente já não descompensa a equipa. Ofensivamente continua a ter uma qualidade incrível, além de que surge mais vezes em zonas de finalização onde faz a diferença. Mas tem menos bola e o Sporting sem ele a assumir protagonismo, também liga menos ataques por dentro.

Daniel Podence traz no espaço mais adiantado criatividade, variabilidade de movimentos e muita mobilidade que ajuda a desmontar adversários. Entende muito bem o jogo sem bola, mesmo nos momentos em que a tem o Sporting, e demonstra uma qualidade incrível a executar em espaços curtos. Tem um enquadramento e leitura de cada lance fácil e muito rápido. Jesus mencionou faltar-lhe um pouco mais de qualidade na finalização. Crescerá. Assim que tiver o tal “golo”, tornar-se à um jogador tremendo. Porque tudo o mais está presente.

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Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

5 Comentários

  1. É, neste momento, a maior dúvida do Sporting.

    Não foi contemplado neste artigo o que o Sporting sofreu com a permeabilidade do miolo na segunda parte. Porque, apesar de ser menos importante nos dias que correm, os índices físicos fazem parte do Jogo.

    E com o Daniel em campo, o Sporting sofre muito nas segundas partes, porque perde logo dois jogadores, aos 60 minutos:
    O Daniel;
    E O Bruno Fernandes que, como menciona o artigo, “só” pensa no desequilíbrio e na rutura, o que desgasta-o muito mais do que quando este joga mais próximo do Bas Dost, e onde tem um raio de ação menor.

    O que farias PB?

    • Nunca me coloquei muito no papel do Jesus, mas assim de repente, parece-me que ele tem tomado boas decisões… em função do adversário, de onde é o jogo, e das características dos seus jogadores…

      Quando aperta, mesmo nos jogos teoricamente mais fáceis… se o Batta não está em campo, solta-o lá para dentro…como aconteceu este fds

  2. Se viram o jogo em Paços, há um momento em que o Bruno Fernandes (jogando mais perto de Bas Dost) percebe que há um espaço vazio na linha da defesa e é ele que acelera naquela direção para trazer equilíbrio. Foi entre o minuto 60 e 70, não consigo ser mais preciso…
    Não equilibra a equipa como Battaglia nesses momentos com bola, mas sem bola é bem mais inteligente

  3. Uma solução ainda não testada mas que poderia ser interessante seriam batta, bruno e podence. Assim também permitia ao William descansar.

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