Fejsa é na actualidade um dos jogadores mais impressionantes no contexto futebol Europeu no momento específico de transição defensiva. Pela sua capacidade de análise de cada lance transforma completamente o jogo encarnado, não só pela forma como percebe o espaço e contexto ideal para se posicionar, mas também com os timings que define para sair para roubar a bola, ou baixar e manter o equilíbrio defensivo, compensando posicionamento mais aberto dos laterais ou centrais, aquando da posse.
Com bola na construção e criação em zonas mais baixas, vai se mostrando para ser mais um elemento a participar ofensivamente. Quando a bola entra no último terço e se percebe que o Benfica investe por aquele caminho para chegar à finalização, muda o seu comportamento. A preocupação já não é servir para receber, até porque a decisão colectiva da equipa já não passa por o solicitar, mas sim assegurar transição defensiva. Benfica no último terço, e Fejsa identifica logo os pontos de saída da transição ofensiva adversária. Encosta e impede que sejam referências para receber.
No momento imediato a seguir à perda, em praticamente todas as ocasiões, se houver uma organização por trás, o comportamento mais adequado é encostar nos adversários que podem ser referências para receber. Porque adversário está fechado, nos seus posicionamentos defensivos, sem soluções vê-se obrigado ou a bater na frente, ou a tentar sair de espaços demasiado curtos e com adversários a apertar, que lhes retiram probabilidades de sucesso. E ai uma perda apanhará a própria equipa desprevenida porque após recuperar, os seus elementos começam a abrir.
Demasiadas vezes, a diferença para uma saída para ataque rápido é a possibilidade ou não, de quem recebe o passe fora da zona onde se recuperou, conseguir ou não enquadrar com a baliza adversária. Todo o jogo muda, com o “pequeno” pormenor de estar virado para a frente ou não. Quem recebe sem pressão, consegue virar e solicitar colegas com espaço, porque o adversário projectou a sua equipa na organização ofensiva. Receber com pressão nas costas é o suficiente para no mínimo retardar a saída e permitir um reorganizar defensivo a quem transita do ataque para a defesa.
No lance do primeiro golo do Benfica em Moreira de Cónegos, a TV trouxe-nos uma imagem aberta, que permitiu perceber onde estavam todos os elementos. A diferença entre a forma como lê e se posiciona Fejsa e Samaris, é precisamente o que torna o Benfica mais vulnerável com um e menos com outro.
Samaris mais próximo dos centrais, formando um triângulo numa vantagem numérica excessiva (3 contra 1), quando maior eficiência numa eventual transição defensiva, pedia o seu aproximar ao ponto de saída. Se há perda, ponto de saída só, com possibilidade de rodar, e quando o grego chegasse já o portador estaria de frente para o jogo, para explorar o(s) homens da frente. Dois metros para trás num posicionamento, é o suficiente para tantas vezes haver contra ataque ou não. E num clube grande que por norma está aberto no campo, em organização ofensiva, encostar rápido na perda, é a diferença entre não só não consentir contra ataques, mas também recuperar mais rápido e continuar no processo ofensivo.
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Muito bom, claríssimo como sempre.
obrigado João! Grande abraço
O exemplo claro de que no futebol também é preciso jogar sem bola.
Fejsa é sem dúvida dos jogadores mais fascinantes do campeonato Português.
Seria também muito interessante mostrar alguns exemplos do Sérvio em construção ofensiva que na minha opinião é também um dos pontos fortes do Fejsa. Ele é que normalmente escolhe o lado da saída da sua equipa forcando nessa zona uma superioridade numérica sendo ele a linha de passe limpa ou forcando inclusive a sua marcação levando a pressão para fora dos centrais.
Muito bom, seria interessante através de uma análise das vossas, a diferença de Fejsa entre o 4-4-2 e o agora 4-3-3.
Para mim fejsa e o melhor jogador da liga no que diz respeito ao binómio velocidade/perspicácia na leitura de jogo, é impressionante como não sendo um jogador rápido e sempre o primeiro a aparecer numa disputa de bola em qualquer lugar do campo.
Excelente artigo mais uma vez!!
Abc
Que mestria! Excelente, Maldini. A sério, estás a treinar alguém agora? Dás bigodes a tanta malta das ligas profissionais…
Pessoalmente prefiro muito mais o Samaris ao Fejsa. It’s a no brainer.
Não há quem ensine isto ao Samaris? Ou é o jogador que não quer aprender? Penso sempre na entrevista do Riquelme em que ele afirmava que via muitos jogos e tentava aprender com os outros jogadores.
PF acho que a diferença entre ambos tacticamente é mesmo essa “quem ensina/treina” – Treinador. Penso que o Samaris e Fejsa são jogadores diferentes e nota-se ainda mais esta diferença com varios sistemas. Actualmente e dada a segurança do Fejsa é potenciado as movimentaçoes para ele no meio e o Samaris acaba por ser um “patinho feio” que se agrava estando desmoralizado onde falha bastante o tempo de entrada. Neste 4/3/3 uma forte dupla no meio seria Fejsa/Samaris. Maldini conseguirias mostrar os posicionamentos do Samaris no tempo em que era titular com o JJ.