Laporte, um sonho tornado realidade para Guardiola

Se não gastou tanto anteriormente foi porque os defesas que encontrou no Barcelona e no Bayern já tinham o perfil desejado. Tem que ver com a forma como ele pensa o jogo, não tanto a nível defensivo mas ofensivo. Para se ser um bom defesa para Guardiola é preciso ter qualidade com a bola e oferecer à equipa a possibilidade de ter posse, algo contranatura em Inglaterra. Com Guardiola, são os defesas que iniciam o rumo dos ataques. É normal que ele tenha herdado defesas tipicamente britânicos, mesmo que de outras nacionalidades, adaptados aos hábitos da liga inglesa, com o instinto de pontapear a bola para a frente em situações de maior aperto. E ele considerou ser mais fácil ir ao mercado do que alterar os hábitos desses jogadores. Os centrais têm outro tipo de recorte técnico em relação aos antecessores. Os que herdou também tinham qualidade, mas tinham os tais vícios da Premier League.

Pedro Bouças, ao Diário de Notícias

 

Por 65 milhões, mais coisa menos coisa, Laporte aterrou em Manchester para estar às ordens de Guardiola, sendo para o treinador catalão um desejo antigo tornado realidade. E a verdade é que com apenas 45 minutos de treino (palavras de Guardiola) e sem muito conhecimento prático do que é a equipa e o contexto, o central esquerdino foi lançado a jogo. Não estando ainda muito dentro das ideias da equipa quer ofensivamente quer defensivamente, Laporte não se amedrontou e assumiu aquilo que Pep pede aos seus centrais, a bola e a construção. Sem medo de assumir, de arriscar, de ter bola, alternando jogo interior com jogo exterior, alternando o passe curto com passe longo, tendo capacidade de variar o centro do jogo através do passe longo em diagonal para o extremo do lado oposto (algo que Piqué executava com grande qualidade nos tempos de Pep em Barcelona), percebendo os timmings para progredir em condução para depois ligar por dentro ou por fora, Laporte oferece novas nuances ao jogar do City e creio que tem tudo para formar uma dupla de eleição com Otamendi, claramente o central mais adaptado às ideias de Guardiola e com maior capacidade para as executar. Veremos a sua evolução nos próximos tempos, fica aqui em vídeo uma pequena amostra daquilo que foram as suas acções na estreia pelo Manchester City.

 

 

Sobre José Carlos Monteiro 47 artigos
Treinador de Futebol, Uefa B, com percurso e experiência em campeonatos nacionais nos escalões de formação. Colaborador como observador e analista em equipas técnicas na Primeira Liga. Alia a paixão pelo treino e pelo jogo à analise de jogo.

1 Comentário

  1. Nesta circunstância, qual a vantagem de colocar o jogador a jogar de imediato? Adquirir, de imediato, rotinas em jogo? Já ontem o Abel pôs o Diogo a titular com cerca de uma semana de treinos.

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