“El futbolista se hace”

Partindo daqui  “El futbolista “se hace”, Laureano Ruiz. Mas “como se hace” a cada dia, em cada treino?
Um dos princípios do treino é o princípio da individualidade, no qual se presume que a capacidade de trabalho fisiológica e a tolerância ao stress do treino dependem de vários fatores. Entre esses fatores estão a idade, a maturidade e a experiência. Contam também a genética, o descanso, o sono, o estado de saúde e a preparação psicológica. Todos estes fatores influenciam a resposta que cada indivíduo dá, em determinada altura, ao treino.

Falar de futebol de formação não pode ser falar de um bloco unitário. Nos escalões de formação, estão crianças e adolescentes em fases muito distintas dos seus percursos de desenvolvimento. As teorias/práticas no desenvolvimento do jovem futebolista contêm, de algum modo, o desenho que se projetou sobre que futebolista adulto se quer ter no futuro e isso será levado em conta na “construção” que se quiser fazer. Alguns dados podem ajudar a definir esse plano a longo prazo que é a formação, com a teoria a informar a prática e vice-versa. Os futebolistas que atingiram patamares de maior sucesso possuíam melhores dribbling skills aos 14 anos, maior endurance a partir dos 15 anos e melhores capacidades táticas aos 17 anos. Estes dados parecem indicar que a técnica deve ser potenciada antes das capacidades físicas e táticas, bem ao encontro do que tem sido reforçado por vários dos autores desta página.

Um dos modelos teóricos de desenvolvimento desportivo é o Long-Term Athlete Development (LTAD) que compreende várias fases. Um dos princípios subjacentes é a necessidade de manter o prazer na atividade, com níveis de dificuldade crescentes, com vista à evolução, mas não demasiado altos para o indivíduo específico, de tal modo que cause ansiedade exagerada. O princípio hipocrático “Do no harm” tem de estar sempre presente, pois a saúde física e mental dos jovens tem de estar acima de tudo o resto. Para se cumprir ambos os propósitos, o treino tem de ser apropriado.

O objetivo é portanto adaptar o que se oferece, em cada momento, ao estadio de desenvolvimento do indivíduo. Começando pela literacia física, com aquisição de movimentos corporais bem amplos e diferenciados até à aprendizagem do treinar, do competir e, só depois, do ganhar. Não há fórmulas mágicas nem um plano para todos. Cada miúdo segue a sua curva própria de desenvolvimento e deve ir-se acompanhando essa evolução para lhe oferecermos o treino que melhor se adapte. Adaptar o treino à idade seria já, genericamente, um bom passo neste processo de formação. A entrada na adolescência não se faz, porém, por decreto de idade – podemos ter miúdos com a mesma idade, mas em fases de maturação física muito distintas (a discrepância pode atingir os 4 anos). Esta distinção entre idade cronológica e idade biológica é muito importante, pois é a segunda que marcará grandes diferenças naquilo que se deve potenciar.

Grosso modo, a fase de velocidade rápida do crescimento em altura vai separar duas fases diferentes do treino. Até esta fase, a evolução na capacidade física deve-se sobretudo ao crescimento e maturação e o treino é mais importante para a evolução no sistema nervoso, através da otimização da ativação sequenciada das fibras musculares, com consequente melhoria da coordenação motora. Apenas após esta fase, já depois das alterações hormonais consequentes da maturação sexual da adolescência, o treino vai ser mais preponderante na evolução da capacidade física, para além do aprimorar técnico e das capacidades táticas crescentes.

2 Comentários

  1. No que toca a capacidade física eu descordo com o que está escrito, visto que no que toca a desenvolvimento motor, as fases essenciais estão entre os 2 anos de idade ate aos 14, idade no qual se atinge a maturidade. apartir daí podemos especificar os movimentos para a modalidade (diferença entre brincar e jogar a bola com praticar desporto/ jogar futebol basket, etc..) logo a parte fisica começa inicialmente antes da técnica até.

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