O clássico que o FC Porto venceu

Porquê o 5x2x3 do Sporting? (3x4x3 em Organização Ofensiva)

O Sporting surgiu no Dragão com alterações ao seu sistema habitual, e quando assim é, e o resultado não é o desejado, a tendência é sempre atribuir uma causa – efeito.
Não teve, porém.

Porque terá mudado, Jorge Jesus?

Mesmo sendo especulação, talvez não seja difícil descobrir os porquês.
Muito provavelmente relacionado com as duas maiores forças do FC Porto em termos ofensivos. A presença interior de Brahimi, que quando recebe e enquadra entre linhas causa sempre problemas nas estruturas adversárias. Chamou Piccini para central à direita, e este encostou sempre no argelino, quando este baixava para receber. E dessa forma, mesmo saindo da sua posição, a última linha continuava a ter quatro elementos, mantendo-se portanto com largura suficiente para responder aos habituais passes de ruptura em profundidade que tão bem exploram os avançados do FC Porto.
Brahimi fez o seu pior jogo da temporada, e os intentos defensivos do novo sistema parecem ter resultado na perfeição sobre uma das prováveis razões pelas quais Jorge Jesus resolveu alterar.
Outra previsível razão para a mudança terá tido a ver com o aumentar a presença e os centímetros na grande área defensiva, como forma de prevenir a principal forma como o Porto tem feito a diferença na zona de finalização. Os cruzamentos bem medidos que encontram os pontas de lança. Mesmo com tal cuidado, acabou por sofrer o golo da partida numa bola que Sérgio Oliveira teleguiou para a cabeça de Soares!

 

A toada da partida

Mesmo com um Sporting num sistema táctico diferente, ambas as equipas procuraram anular a iniciativa ao adversário, colocando constrangimentos na fase onde se começa a definir a toada do jogo. Isto é, na construção adversária.
Cada vez mais, se trocam métodos defensivos em função do espaço do campo, e nos jogos entre Sporting e FC Porto foram uma constante – Homem ao homem na saída para o ataque adversário, meio campo ofensivo, o adversário não arrisca a perda porque tem a equipa aberta, e acaba por jogar longo.

Deterioriza-se o jogo, porque se parte, e ninguém o consegue “pegar”. Somente quando alguém vence a bola no meio campo ofensivo, e obriga o adversário a trocar a pressão pelo controlo.

 

 

As figuras do jogo

Foi um jogo equilibrado, com um FC Porto a conseguir encostar mais tempo o Sporting ao seu meio campo defensivo, muito pelo jogo incrível de Sérgio Oliveira, que conseguiu mesmo na maior dificuldade, entregar sempre bola limpa para o FC Porto continuar a ter posse. Foram, porém, inúmeros os lances de muito potencial do Sporting. E se Gelson esteve a um nível fantástico no início de cada lance, sendo decisivo para que na sua condução e drible, o Sporting chegasse com vantagem espacial ao último terço, no momento da definição perdeu bolas, porque não definiu o espaço e o timing ideal para onde direccionar o último passe.

 

Foi o “melhor” porque aproximou. Foi o “pior” porque não aproveitou o que aproximava.
Se Brahimi realizou o seu pior jogo da temporada, pelo número de perdas e ataques inconsequentes, em sentido oposto Jesus Corona foi a individualidade que ofensivamente mais fez para desestabilizar a estrutura defensiva do Sporting. Foi dos seus pés que dribles e passes incríveis se desenharam à procura do melhor fim.
Se Gelson, não soube definir o último momento, observe o contraste das acções do português para o mexicano:

 

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

2 Comentários

  1. Acho que o Jesus preocupou-se de mais em defender. Conseguiu e bem prender os laterais do Porto bem como Brahimi contudo deixou demasiado espaço no meio campo para o FC Porto e foi claramente apanhado de supresa por Corona.

    Pensou mais em defender sem bola de que com a mesma.

    No meio campo não escolheu jogadores com características e frescura física para se baterem em inferioridade numérica sem bola e com bola servir o ataque com bolas de qualidade.

    Teria sido interessante ver Bryan Ruiz com Gelson e Doumbia e talvez no Meio Campo Bruno Cesar e Acuna

  2. Excelente Sérgio Oliveira e Ricardo Pereira, tirado a bola de golo em que foi de pantufas com o R. Ribeiro.

    Impressionante como o Sporting conseguiu tirar o Brahimi do jogo. Mesmo Telles deve ter cruzado menos 468418 vezes do que o habitual. (Quantos golos faria Dost integrado nesta equipa do Porto…!)

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