Tendemos a valorizar o marcador do golo, e quem o assiste de uma forma, tantas vezes até excessiva, se ignorarmos quem esteve ainda mais para trás.
O último ou o penúltimo toque trazem a notoriedade e a aclamação. Não existiriam, contudo, se antes não houvesse o primeiro passe, ou o segundo.
A necessidade de se arrumar tudo, e catalogar todas as diferentes acções, trouxe-nos o passe chave. Aquele que mesmo não sendo o último, é o que desbloqueia. É a bola que sai dos pés para desmontar a estrutura adversária. A bola que encontra e descobre colegas para uma situação de potencial perigo maior do que de onde saiu.
Nos dias em que o jogo está mais difícil, o adversário mais junto, mais fechado e mais capaz de se organizar defensivamente, são os mestres do passe chave quem influenciam todo o jogo. São eles quem desde trás iniciam e determinam o sucesso de quem mais tarde e mais adiantado surgirá para sair na capa do jornal.
Leandro Paredes, o argentino que ocupa o espaço central do sector médio do Zenit, e Rúben Neves, o português do Wolwes, são dois dos mestres do jogo com bola que importa conhecer nos dias de hoje. Geômetras que desenham caminhos para cada bola que sai dos seus pés. Médios que definem o rumo de um ataque logo no primeiro passe.
Influenciadores de todo o jogo, Leandro e Rúben vão seguindo o seu caminho ainda longe dos holofotes das maiores competições mundiais. Com a certeza de que o dia chegará.
Andam alguns desdeste perfil espalhados por aí. Deixo um vídeo do Mandragora, da Juventus mas emprestado ao Crotone
https://youtu.be/emfthkVhXus
Rúben Neves, tão, mas tão desaproveitado no Porto.
Geômetras? Isto é brasilês!
Incrível como em Portugal, dos campeonatos mais desnivelados da Europa e onde as equipas grandes mais tempo passam em organização ofensiva, ainda há tão pouca coragem para apostar em 6’s que não sejam monstros físicos (JJ apostou em William e Matic é certo mas tenho dúvidas que a aposta fosse feita caso tivessem a fisionomia do Rúben…)
Incrível como depois de feito o mais díficil que foi apostar em Rúben Neves, Lopetegui desperdiçou este talento para pôr Casemiro e depois Danilo( que é provavelmente o 6 com mais dificuldades técnicas e menos inteligente a jogar nos grandes há algum tempo).
Uma prova do que se ganha tendo médios que saibam jogar, tem sido a melhoria do FC Porto sem Danilo, perdendo um pouco de músculo e velocidade em transição defensiva ganha muito em deixar de ter um 6 que é basicamente um terceiro central a atacar, para passar a ter dois médios que longe de prodigios para a dimensão portguesa garantem uma qualidade bastante razoável na saída de bola