Jogar o que o jogo pede – Um festival de criatividade e talento em Camp Nou

Jogo incrível do Barcelona neste último sábado frente ao Girona no Camp Nou, com uma vitória expressiva por 6-1.

Ernesto Valverde juntou ao ataque da sua equipa, para além dos habituais Suárez e Messi, Phil Coutinho e Dembelé, duas contratações de valor financeiro astronómico, mas também de uma qualidade individual incrível e que vieram compensar a perda de Neymar. E a verdade é que, apesar de ainda estarem em período de adaptação, a mais valia destes dois jogadores já se vai fazendo sentir a espaços.

O jogo do Barcelona actualmente já não é baseado apenas na qualidade do seu ataque posicional. Os últimos anos com Luís Enrique permitiram à equipa também ganhar capacidade nas saídas rápidas para o ataque. A chegada de Valverde levou à mudança do sistema estrutural habitual, do 4x3x3 para o 4x4x2 clássico, e a verdade é que a equipa tem reagido bem a estas mudanças. Messi então, creio sentir-se como peixe na água, tal a liberdade que tem para soltar a sua criatividade e o seu talento.

Assim, foi um Barcelona muito capaz do ponto de vista do seu ataque posicional, como também a aproveitar os momentos de transição ofensiva para contra ataques e ataques rápidos. Ou seja, a jogar o que o jogo pedia. É verdade que beneficiou muito de uma postura algo arrojada e quiçá suicida em alguns comportamentos do Girona (manter linha defensiva alta com bola descoberta), que possivelmente pelo facto de ocupar uma posição relativamente tranquila na tabela classificativa, quis abrir a equipa e tentar jogar em Camp Nou. Só que em Camp Nou, normalmente manda o Barcelona, a bola é do Barcelona e quando se juntam tantos criativos num só onze, a probabilidade de acontecerem resultados destes é elevada. Quer com espaço para sair e com menos jogadores do Girona atrás da linha da bola, quer com menos espaço e com isso a ter que o criar para desmontar a organização defensiva adversária através de uma circulação paciente de bola, foi um Barcelona poderoso, muito capaz e que chegou facilmente a um score elevado.

Destaque para Busquets e Rakitic, os dois médios centro capazes de dirigir todo o processo de construção da equipa catalã a partir da segunda fase de construção, ligando com muita qualidade até zonas de criação (ver passe de Busquets para Messi no primeiro golo), para a complementaridade de movimentos de Luis Suárez e Lionel Messi, sempre um a mover-se em apoio e o outro a buscar a profundidade, embora naturalmente Messi sempre mais entre sectores e com toda a liberdade para se mover nas costas da linha média do Girona e de frente para a linha defensiva e para Dembelé e Coutinho, com exibições em crescendo, ainda em fase de adaptação ao jogar do Barcelona e às ideias de Valverde, mas com muita qualidade individual para aportar para o conjunto catalão que segue a sua caminhada triunfal rumo ao título espanhol.

Se gosta de bom futebol, vale a pena ver os vídeos. O primeiro com momentos do Barça em ataque posicional, o segundo com duas saídas rápidas aproveitando perdas do Girona em processo ofensivo.

 

 

Sobre José Carlos Monteiro 47 artigos
Treinador de Futebol, Uefa B, com percurso e experiência em campeonatos nacionais nos escalões de formação. Colaborador como observador e analista em equipas técnicas na Primeira Liga. Alia a paixão pelo treino e pelo jogo à analise de jogo.

1 Comentário

  1. Viva José Monteiro! Embora não me encha tanto o olho o jogo do Barça, admito que haja momentos de bom futebol. Eu tenho certas reservas em relação a Dembélé. Tem certas manias que naquele nível não são admissíveis. Desclumbra-se muito facilmente, falha muitos passes e quando está apertado não faz a bola chegar aos companheiros nas melhores condições. O seu perfil de decisão não é dos melhores Não duvido do seu talento, duvido apenas que tenha o perfil para jogar no Barça: numa equipa de Messi, de Busquets, Iniesta,Sergi e Coutinho. E mais do que isso, acho que não caiu nas mãos certas para evoluir substantivamennte. Dava-lhe um jeitinho estar sob as ordens de Sarri, Pep, Pochetino, Setién. Enfim…falo de treinadores capazes de tirar o maior proveito de jogadores, destruindo seus preconceitos, ensinando-lhe novas coisas.

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