Crescer jogador de futebol, ou fazer-se jogador de futebol?

Não se nasce. Não que a genética não possa ter um qualquer papel. Mas chegar lá é o resultado de um sem número de vivências e experiências. Motoras, sociais, cognitivas, psicológicas.

De uma forma sucinta, um pequeno exemplo do que se pretende afirmar. Há não muito, numa discussão enquanto se elogiava a capacidade de trabalho de Ronaldo, e a forma como se tornou uma lenda sobretudo pela capacidade incrível de superação, criticava-se também um pouco o seu egocentrismo. Mas, será que se não fosse pelo seu egocentrismo Ronaldo teria chegado onde chegou? Não é este prazer desmedido pelo “eu”, pela sua própria afirmação enquanto individualidade que o tornou numa máquina de trabalho?

Nunca se pode separar aquilo que se é enquanto pessoa, enquanto criança, enquanto jovem, enquanto uma personalidade, daquilo que se é enquanto jogador de futebol. Qualquer diferença aqui ou ali trará sempre coisas diferentes para o campo de jogo.

Para as melhores apostas, prognósticos para apostas.

Ninguém nasce jogador. Mesmo que desde bem cedo se percebam crianças com mais aptidão motora que outras.

Thiago e Rafinha, não são jogadores de topo por serem filhos de Mazinho, antigo campeão do Mundo. São as experiências adquiridas. O número de horas com bola no pé. Todas as suas vivências. Tudo contribuiu para chegarem onde estão. Inclusive e quem sabe tão determinante, crescerem juntos. Cada pontapé que o mais velho Thiago deu no irmão para mais facilmente ficar com a bola em criança, contou para a formação do seu carácter, do seu “eu”. Sem um tempo de prática (não formal!) exacerbado e sem vivências como catalizador, não há jogadores de futebol. Ninguém o nasce!

Nada como citar Laureano Ruiz. Antigo formador de jogadores de La Masia, e cuja entrevista ao “Olé” deixa a antever que poderia perfeitamente ser ele o criador do “Lateral Esquerdo” tantos são os pontos comuns que deixou bem patentes em cada ideia.

– Hay un mito: futbolista se nace. Sin embargo, en el Barcelona sostienen que “futbolistas, se hacen”.
-El futbolista “se hace”. Esta idea la llevé al Barsa y el lío que se armó.

-¿Por qué?
-Ellos creían que futbolista se nace. Casi toda la gente del fútbol sigue hoy pensando lo mismo. Mire, he preguntado a futbolistas: ¿cuántas horas en tu niñez, cada día, dedicabas al fútbol? Las respuestas de los antiguos iban de 6 a 8 y los actuales nunca menos de 4. Y Maradona y Messi me dieron la misma respuesta: “¿Cuántas horas? ¡¡Todas!!”. Creer que el futbolista nace enseñado es un gran error, ni siquiera ocurre con los grandes ases.

-Díganos un buen ejemplo, entonces.
-Cruyff es un buen ejemplo; los que lo vieron jugar con aquella pasmosa facilidad para hacer fácil lo más difícil, pensaron que había nacido jugador. No lo crean, Johan tuvo la suerte de nacer junto al campo del Ajax y que su madre fuera empleada del club. Si hubiera nacido en un hogar eminentemente musical, con unos padres profesionales y enamorados de este arte, Cruyff, dada su gran inteligencia natural, hubiera sido un gran músico, pero no futbolista.

Sobre Rodrigo Castro 219 artigos
Rodrigo Castro, um dos fundadores do Lateral Esquerdo. Licenciado em Ed física e desporto, com especialização em treino de desportos colectivos, pôs graduação em reabilitação cardíaca e em marketing do desporto, em Portugal com percurso ligado ao ensino básico e secundario, treino de futsal, futebol e basquetebol, experiência como director técnico de uma Academia. Desde 2013 em Londres onde desempenhou as funções de personal trainer ligado à reabilitação e rendimento de atletas. Treinador UEFA A.

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