Jamor para leões

Curtas do jogo que determinou o segundo finalista da Taça

  • FC Porto voltou a ser ao longo dos primeiros noventa minutos, o que tem sido em todos os jogos grandes da época – Isto é: Dificuldades para criar de forma sistemática, mas ninguém em Portugal tem a sua capacidade para impedir o adversário de jogar. Foi controlador do princípio ao fim, e tornou o seu adversário praticamente inexistente em quatro momentos do jogo;
  • Sporting sem soluções para incomodar o FC Porto no seu ataque posicional. Sem conseguir ligar o jogo por dentro da organização azul, e sem conseguir trazer a jogo Bas Dost;
  • Tudo o que de potencial a equipa leonina criou, limitou-se ao momento em que após recuperar, Bruno Fernandes, a grande referência para receber primeira ou segunda bola da transição ofensiva, conseguiu ligar com Gelson que individualmente provocou constantemente constrangimentos ao seu adversário directo. Exceptuando esta sociedade, o Sporting não entrou na partida;
  • Mais um clássico que primou bastante mais pela forma como se anularam adversários do que pela capacidade para criar. A explicação é muito simples, e não tem necessariamente a ver com treinadores, excepto na parte em como trabalham para anular adversário – O nível técnico e de tomada de decisão dos melhores da Liga portuguesa é muito baixo comparativamente ao que observamos nas grandes equipas europeias;
  • Com jogo de pouca criação de parte a parte, voltou a emergir a importância das bolas paradas como factor decisivo para construir o resultado;
  • O problema de controlar sem se criar, é precisamente o de se estar sempre sujeito a que um lance fortuito defina o marcador. Em Portugal nenhuma equipa tem sido capaz de ofensivamente, nos jogos grandes, colocar o adversário de forma sucessiva em dificuldades, e também por isso, todos os jogos definiram-se mais no pormenor e no caos, do que no rumo da partida;
  • Será preciso recuar vários anos para que se possa recordar confrontos tão equilibrados entre os grandes do futebol português!

5 Comentários

  1. Os clubes grandes não jogam nada de especial (cá e mais ou menos por todo o lado) e/ou estamos a viver um novo um período de impasse que está a chamar pelos próximos Mourinhos e Guardiolas, ou o futebol tornou-se assim tão mais fácil de antecipar?
    Os grandes Portugueses parece que não se conseguem reinventar nem verdadeiramente surpreender uns aos outros.
    Lá fora, o Mourinho tornou o seu futebol tão cínico que até parece enganar-se a si mesmo. O Guardiola precisa do plantel mais caro do mundo para finalmente mostrar a sua ideia contextualizada pela premier league mas fica-se pelo dentro de portas. O PSG ganha a liga mas a diferença de investimento é enorme tornando o combate quase desleal. O Bayern tem um treinador em pré reforma que voltou a trazer elan. O Barcelona ganhará a liga mas está em fim de ciclo do núcleo duro de jogadores chave e faltam segundas linhas à altura. O Real não se mostra na verdadeira prova de regularidade e acaba por resultar na champions.
    Há treinadores de equipas de segunda linha com ideias muito interessantes, cá e lá fora, uns ainda muito frescos, outros que já começam a ser eternas promessas ou estarão os homens certos nos lugares errados. Mas onde estão ou próximos Mourinhos e Guardiolas que venham abanar isto tudo?

    Não sei se concordam com o que escrevo acima, mas seria interessante exporem uma apreciação vossa do tema. Fica a sugestão.

    • Subscrevo 100%.
      Assim de repente, nos últimos anos, um underdog a surpreender e a “abanar” como disse, foi o Dortmund de Klopp.
      Mas penso que este equilíbrio se deve à melhor qualidade técnica dos treinadores e a uma grande capacidade de aprendizagem e adaptação, sempre que surge algo novo.

  2. Eu não vi o jogo por isso não estou a comentá-lo.

    Só queria dizer é que continuamos perante um futebolzinho, o futebolzinho da estratégia ao máximo, do vale tudo para matar as ideias do adversário, de nos prepararmos para o adversário e conhecer todos os seus pentelhos mesmo que isso implique não passar do meio-campo e acabar o jogo com 30 por cento de posse de bola… Gostaria de perguntar – então e nós, onde estão as nossas ideias, aquilo em que acreditamos, em meter dentro de campo um caminho (não interessa se certo ou errado aos olhos dos outros) que vai pelo menos dar alegria e valorizar os jogadores?

    E no meio disto tudo parece-me que há mais adeptos do jogo do Mourinho do que do Guardiola, o Barça era considerada uma equipa chata e que rapidamente ganhou inimigos sentimentais (porque não deixava ninguém tocar na bola, talvez, mas agora deixaram de ser chatos para serem trágicos de tão baixo que desceram em termos de qualidade de jogo).

    Eu sei que sem resultados aka vitórias as coisas ficam difíceis para todos mas isto não é incompatível com algo maior, mais corajoso, mais personalizado (independentemente do estilo) e que nos faz pensar sobre o que acontece dentro de campo. No fundo, com mais qualidade e por isso mais próximos de obter melhores resultados. Actualmente voltamos a entrar nas era dos coninhas. Pois olha, que se lixem. Merdosos.

    Em Portugal, só mesmo o Jesus (com outros problemas que não lhe permitem atingir todo o potencial e parece que já não vai a tempo de os corrigir), o Luís Castro e o Miguel Cardoso valem a pena seguir. O resto é quase tudo mais do mesmo: coninhas obcecados em não sofrer um golito. Que merda de proposta.

    Viva os treinadores sem rodeios.

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