Enérgico e demolidor – FC Porto a caminhar para o título

Em 45 minutos iniciais verdadeiramente demolidores, o FC Porto praticamente sentenciou o resultado frente ao Vitória de Setúbal, dando uma resposta cabal às vitórias de Benfica e Sporting que tinham jogado antes dos azuis e brancos e tinham colocado pressão sobre os mesmos. Os comandados de Sérgio Conceição entraram muito fortes no jogo, algo que já é quase norma nos jogos dos dragões, com uma pressão constante e enérgica sobre o portador da bola adversário, poucas vezes permitindo que o Vitória pudesse sair ou construir com critério e após a recuperação da bola, variabilidade de comportamentos na transição, ora ficando com bola e entrando em ataque posicional, sendo que foi desta forma, a criar, que fez três dos quatro golos com que terminou a primeira parte, ora com espaço, potenciando a verticalidade, vertigem e velocidade dos seus jogadores mais adiantados, sobretudo Marega.

Mas, como referi acima, foi sobretudo em ataque posicional que os azuis e brancos mais se destacaram neste jogo. Foi um Porto capaz de ser paciente com bola quando tinha que o ser, capaz de ter uma intencionalidade na sua circulação que permitisse abrir espaços na última linha sadina para depois poder entrar e atacar a profundidade. A um corredor central intermédio com Sérgio Oliveira e Herrera a dirigir a bola em zonas de segunda fase de construção, as movimentações de Brahimi e Corona no corredor central em zonas de criação com os movimentos quer dos laterais à largura ou dos avançados a cair no corredor lateral, confundiram e de que maneira a organização defensiva do Vitória, como poderemos comprovar no vídeo. Na esquerda, às movimentações interiores de Brahimi, muitas vezes Soares a cair no corredor lateral, permitindo ao portador ter soluções dentro e por fora, em apoio e em profundidade, mas foi sobretudo na direita que o Porto mais indefinição criou à organização defensiva sadina, sobretudo pelas movimentações de Corona no corredor central, sempre a atrair Vasco Fernandes à marcação individual do que propriamente ao rigor e ajustamento na sua linha defensiva e com isso a abrir espaços para o ataque à profundidade quer de Marega em movimentos circulares, quer de Ricardo vindo detrás para a frente. Neste 4x4x2 clássico do Porto, é muito interessante as relações que se criam nos corredores laterais dos azuis e brancos entre lateral, extremo e avançado do lado da bola. Sempre opções por dentro e por fora, em apoio e em profundidade. Ao trabalho de combinações no corredor lateral para posterior cruzamento ou passe, o habitual da equipa portista ao colocar muita gente em zonas de finalização, sobretudo quatro jogadores: os dois avançados, o extremo do lado contrário e um dos médios que aparece detrás para a frente para ser opção na finalização.

Foram uma primeira parte avassaladora no Dragão, com o FC Porto a resolver a questão muito cedo, partindo para uma segunda parte num ritmo mais baixo e de gestão do próprio jogo, tendo ainda oportunidade de aumentar o score com um belíssimo golo de Alex Telles. Com o campeonato a caminhar a passos largos para o fim e a chegar às decisões finais, os azuis e brancos dão mostra do seu poder e da sua confiança.

 

Sobre José Carlos Monteiro 47 artigos
Treinador de Futebol, Uefa B, com percurso e experiência em campeonatos nacionais nos escalões de formação. Colaborador como observador e analista em equipas técnicas na Primeira Liga. Alia a paixão pelo treino e pelo jogo à analise de jogo.

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