Curtas do Derby, e: Qual deverá ser sabor da perda da Liga para cada um dos lados?

  • Superioridade táctica muito acentuada do SL Benfica ao longo de toda a primeira parte. Ligou bem o seu momento de organização ofensiva, e na perda em transição defensiva recuperava rápido ou quando não o fazia defendia sempre bem o contra ataque. Soube posicionalmente garantir superioridade numérica sobre os elementos leoninos que poderiam trazer problemas. Isto é, retirou espaço a Gelson e a Bruno Fernandes;
  • Apesar do nulo, foi um dos jogos grandes mais atractivos do ano em Portugal. Não seria difícil tal acontecer, naturalmente, mas para além da competência táctica, houve momentos de qualidade técnica, na base da criação dos lances ofensivos;
  • Sporting novamente com uma incapacidade gritante para criar em ataque posicional. A qualidade individual da equipa leonina merecia mais critério desde trás, mas Fejsa controlou o espaço de Bruno Fernandes, e William depois de longa ausência, nunca foi o jogador habitual, capaz de colocar ideias em zona intermédia;
  • Foi um Sporting, com bola, somente à espera de um rasgo individual de Gelson. A querer utilizar cada ataque como se fosse o único e o último da partida;
  • Rafa rubricou uma primeira parte fabulosa em zonas de criação, colocando sucessivamente problemas à defensiva leonina. Um jogador de potencial absolutamente soberbo, mas que ainda procura definir com mais qualidade. Ele que em Braga não tinha tantas dificuldades para resolver no último terço, quanto as que demonstra agora;
  • Exibição defensiva de enorme categoria dos centrais que subiram ao relvado em Alvalade. Concentração, posicionamento e abordagens defensivas sempre perfeitas. As suas exibições foram uma das razões principais para o nulo. Mais do que a forma como se travaram ataques em zonas de criação;
  • Piccini e Fábio Coentrão, foram incapazes de acrescentar qualidade no momento da posse, e com isso condicionaram bastante o jogo da equipa de Jesus, que depende sobretudo do italiano no seu momento de organização ofensiva, pela forma como o projecta no corredor direito, libertando Gelson e Bruno para as costas de Bas Dost no corredor central;
  • Tremenda a acção de Fejsa e a forma como o Benfica estudou a transição ofensiva do Sporting, que passe invariavalmente por fazer Bruno Fernandes receber ou o primeiro passe, ou se marcado, o segundo, proveniente de Bas Dost;
  • Benfica foi capaz de criar, mas com um perfil de jogador com pouca capacidade para definir ofensivamente os lances. E tal acabou por se revelar decisivo para que mesmo quando foi bastante superior, não tivesse materializado tal superioridade.
  • Dez minutos de Jonas, e uma diferença tão gritante naquilo que é decidir e acertar, para todos os outros que pisaram Alvalade na noite de hoje.
  • Perderam a Liga defrontando-se as equipas de Lisboa. O sabor amargo terá de ser para ambas. Para um Benfica porque vinha de triunfos consecutivos, e para um Sporting que formou um plantel mais do que capaz de vencer a Liga, e independentemente das conquistas na(s) Taça(s), teve um ano muito longe de convencer exibicionalmente, em virtude da qualidade individual de que dispunha. Zero vitórias nos seis jogos entre os quatro primeiros, e ter sido sucessivamente inferior em largos períodos de cada um dos seis jogos, não era algo habitual nas equipas de Jesus, quando estas têm mais argumentos que os adversários. A pensar e a rever.

2 Comentários

  1. Do lado do benfica, uma palavra para o Pizzi. Nunca conseguiu cativar os adeptos sendo por vezes o patinho feio! Talvez neste seu penultimo jogo pelo benfica era importante salientar que nos últimos 3 anos têm sido um pilar do jogo do benfica (goste-se dele ou nao). Mesmo nestes ultimos jogos não jogando de forma consistente, num ritmo elevado, o jogo do benfica é o que dos pés dele sai (juntamente com o Jonas). Veja-se que quando é substituído (últimos 3jogos) o futebol do benfica cai no jogo direto do pontapé na frente e fé em Deus! Não há para ai uma analise em video do jogo do benfica pelos pés do Pizzi?

  2. Associo muito esta incapacidade em jogar do Sporting em jogos mais equilibrados ao facto de o Jesus não querer abdicar do Dost nestes jogos mas também não lhe saber fazer chegar o jogo.

    A melhor época do Sporting com Jesus correspondeu a ter dois pontas de lança que sabiam responder a formas diferentes de jogar: de cair na linha, de tentar distribuir no pé (mesmo que raramente bem) e de jogar de cabeça na área. Essa adaptabilidade a diferentes formas de jogar faz, parece-me, toda a diferença. Há três ou quatro lances ontem muito elucidativos em que Dost poderia receber descaído para uma ala mas parece, às vezes, que tem falta de confiança para tentar fazê-lo, ou dá um passo ao lado, ou deixa-se ficar fora de jogo, e que também dá a entender à equipa que por ali não pode tentar.

    A limitação de saber que há um colega que só te devolve a bola ou finaliza é ela própria limitadora de jogar melhor futebol. E quem fala no Dost, poderia perfeitamente falar no Acuña que é um jogador limitadíssimo na criação, mas que não a inibe tanto.

    O Sporting teria de criar muito mais para Dost finalizar, mas será isso possível em jogos deste nível? Dost teria, já que não cria para si, ajudar a criar. E isso não acontece, especialmente neste tipo de jogos.

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