Shiii’mano!

Mais um dia na oficina de bicicletas do Real Madrid que, pela terceira vez consecutiva, não encontrou oposição suficiente para, neste sábado no Olímpico de Kiev, ser impedido de entrar para a história do futebol dos tempos modernos. Grandes expectativas rodeavam um atlético, velocista e implacável Liverpool mas a recente moda que assola craques em finais europeias desnivelou por completo um embate que se previa (mais) equilibrado e apaixonante. Desta vez foi Salah, que ‘indo atrás’ de Ronaldo (Paris ’16) e Payet (Lyon ’18) deixou o Liverpool semi-orfão de repentismo, criatividade e assertividade. E dizemos ‘semi’ porque Sadio Mané nunca quis deixar que os reds caminhassem sozinhos. Ainda assim toda a irreverência do senegalês foi pouca para impedir o desnorte de Karius e a noite de sonho de Gareth Bale.

Como tirar Mo Salah da cabeça? Essa foi a questão que nos assolou a todos enquanto o Liverpool sprintava até à final da Champions, muito porque os fantásticos adeptos do Liverpool nos foram enchendo a mente com canções que aclamavam o Rei egípcio. E se foi difícil para nós não andar com essas melodias na cabeça (…running down the wing/ Salah Salah Salah Sala aaaah the egyptian king) mais difícil foi para os seus colegas esquecerem o que o faraó lhes podia dar, depois de ser forçado a sair por um presumível ombro deslocado.

Quem não rejeitou a mudança que a entrada de Lallana trouxe ao jogo foi um Real que até então se encontrava em dificuldades para se desenvencilhar da pressão dos reds, assim como não conseguia encontrar soluções para levar a bola para onde gosta – leia-se meio-campo adversário. Sim, até aos 28′ (momento que provavelmente será recordado em mais alguma mítica cantilena red) o Liverpool foi aquilo tudo que se esperava. Intenso, pressionante, simples e rápido. Ficou a faltar o golo porque os blancos tinham a lição bem estudada e a parede só não conseguia impedir as chegadas do teenager Alexander-Arnold.

Karius sem Coroa

Claro que a partir daí o Real aproveitaria o embalo para salvar o Papa Francisco. Sim… leram bem, a vitória de hoje dos merengues impede a continuação de uma série de eventos que envolveram o Liverpool, a Champions, um casamento real e o Papa. Como lembrou a Sports Bible na antecâmera da partida, em 1981 o Liverpool ganhou a ainda Taça dos Campeões Europeus, Carlos casou com Diana e João Paulo II sofreu uma tentativa de homicídio. Em 2005 adivinhem: Liverpool de Rafa Ben… de Steven Gerrard ganha a Champions, Carlos casa com Camila e João Paulo II acabaria por falecer. Pois bem Sua Santidade, agradeça ao Gareth.

Ao Gareth e àquela irritante capacidade que o Real de Zidane tem para levar o jogo para perto da àrea do adversário e de lá ir circulando por fora, sem correr riscos, nem perdendo a bola em zona proibida, e ainda assim encontrar qualquer coisa que leve a bola para o fundo das redes. Pode ser uma tentiva de reposição do guarda-redes adversário que faz a bola bater no pé do seu avançado (Benzema 51′), uma bicicleta monumental v2.0 (Bale 64′) ou ainda um remate do meio da rua que o mesmo guarda-redes deixa escapar (Bale 83′).

Claro que aqui, aquela reaçao de alma vermelha e ardente que levou o alpinista Lovren a abrir caminho para Mané empatar aos 55′ não havia de ser aquela coisa que todos, acredito, esperávamos. Ao invés foi um truque ‘baixo’ de Zidane que haveria de levar, novamente (!!!), a orelhuda para Madrid. Sim, o Liverpool ficou sem o seu seu trio (aquele que destronou Bale, Benzema e Cristiano como o mais letal da Champions) e Zidane aproveitou a baixa para com Bale devolver a glória à BBC. Foi com o tridente em campo – muito graças à inspiração de Bale – que os blancos mataram definitivamente o sonho de um Allez Allez Allez muito british.

Real Madrid-Liverpool, 3-1 (Benzema 51′ e Bale 64′ e 83′; Mané 55′)

1 Comentário

  1. O que o Sergio Ramos fez foi criminoso, o que aliás está longe de ser uma novidade.
    Não faço ideia o que teria acontecido se o Salah não tivesse saído lesionado, mas parece-me evidente que o Sergio Ramos tem que saber que cair em cima de uma articulação cujo membro está preso põe em causa a integridade física do jogador. Para mais o árbitro até estava razoavelmente bem posicionado para perceber melhor o que aconteceu.
    O estereótipo do central duro tem que ser temperado com a imposição de lealdade a quem não a tem por natureza. Isso faz-se com castigos exemplares.

    O Liverpool não soube reagir à saída do Salah e interrompeu vinte e tal minutos de bom futebol que não deram em golos mas podiam perfeitamente ter dado. Para completar, o guarda redes oferece um ou mesmo dois golos ao Real.

    Três LCs consecutivas é obra e parece-me também fruto de uma aposta do Real nesta competição. Mas este ano o Real foi extremamente dependente das individualidades tendo vacilado na verdadeira prova de regularidade.

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