Contra movimentos e a tendência da última linha a 5

As tendências tácticas não surgem do acaso, mas sim por necessidades encontradas pelos treinadores para contrariar adversários, ou feri-los.

A nova moda da defesa a cinco, surgiu fruto da evolução ofensiva. Depois de uma fase em que as defesas zonais trouxeram o sucesso para a defesa, e dificultaram ao máximo os ataques, ofensivamente começou a perceber-se a importância de entrar no espaço entre defesas e médios. Passaram a usar-se apoios frontais entre linhas, para garantir enquadramento, e quando tal sucedia, meio caminho para a desorganização do adversário estava feito. Surgiu então novamente a defesa a cinco como forma de mesmo perante o enquadramento entre linhas, a linha defensiva conseguir ter sempre organização a quatro. Ou seja, com cinco, é sempre possível ter quem saia a quem vai receber para não o deixar virar, e na eventualidade de ser utilizado um outro elemento que receba já entre linhas de frente para o jogo, sobram ainda os quatro habituais para defender.

Aumenta portanto a superioridade numérica da última linha, e controla-se melhor as entradas em rupturas dos adversários, depois de alguém enquadrar no espaço entre sectores.

A Espanha tem como mais nenhuma outra, uma cultura que lhe permite resolver problemas em pouco espaço. Mas, foi também vitima das estratégias adversárias que aumentando o número de elementos na última linha, aumentaram de sobremaneira a dificuldade que os hábitos espanhóis têm de furar pelos espaços inter e entre sectores. Linha mais numerosa, mais difícil de romper. Foi assim contra Marrocos e contra a Rússia.

 

Na era do pouco espaço, o contra movimento é absolutamente decisivo para que se possa receber qualquer bola. Não é somente para se ir buscar uma bola no espaço, mas sobretudo até para se poder receber no pé, com alguns milésimos de segundo livre para enquadrar. É o movimento que permite ou receber no pé com um pouquinho de tempo mais, ou até, se o adversário para não dar o tal milésimo de segundo, acompanhar o movimento, para receber no espaço. Tal como pode verificar no video, concentrando-se não apenas no jogador em foco, mas também no comportamento do seu oponente directo:

 

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

7 Comentários

  1. Pedro e como acreditas que se vá evoluir? Ha alguma tendência? Poder-se-á falar no fim de um ciclo (tiki taka, Alemanha, Bélgica, etc.) ou esta forma de jogar ainda poderá encontrar soluções?

    • A solução terá de passar por aumentar ainda mais a qualidade com bola… formar melhores jogadores ofensivamente…

  2. Processos tàcticos, respostas estrategicas, hàbitos, contra-movimentos…
    Resumo: o jogo està sempre a fugir porque o futebol é finta. E està a ser mais fundamental num jogo onde o espaço é cada vez mais escasso.

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