O bom trabalho de Rogério Ceni

 

Após iniciar a campanha na Série B do Campeonato Brasileiro com muitas dúvidas, o ex-goleiro artilheiro Rogério Ceni conseguiu encontrar um padrão tático para a equipe do Fortaleza. Gosta muito de ter a bola, tem idéias interessantes e dadas as proporções do contexto, estamos vendo o surgimento de um grande treinador.

Tendo como referências as ideias de trabalho de dois treinadores que disputaram a Copa do Mundo na Rússia, Jorge Sampaoli (Argentina) e Juan Carlos Osório(México) o ex-internacional brasileiro vem tentando adaptar o que pegou de melhor de cada um e criar seu próprio estilo. As idéias de rodízio de Osório parecem não ser muito bem aceitas por Ceni, que somente por conta de lesões e transferências trocou peças do time titular.

Se adequando a difícil realidade brasileira, viu duas peças importantes do seu esquema irem embora. Seus dois pontas titulares. Osvaldo e Edinho, os responsáveis por causar desequilíbrios nos blocos defensivos adversários seja em organização com dribles rápidos ou em transições com conduções velozes para contra-ataques.

O Fortaleza vem liderando a Série B com sobras, 7 pontos de diferença para o segundo colocado e bom desempenho aliado aos resultados positivos. No último sábado(30) entrou em campo fora de casa para enfrentar a equipe do Paysandu. Rogério com diversos problemas deixou de lado o 4-3-3 que vinha posicionando a equipe em todo campeonato até então para mandar a campo uma organização em 3-4-3 com Laterais-Alas bem abertos e explorando bastante os lançamentos diagonais para explorar o lado fraco do adversário.

Ceni montou um plano de jogo claro e seguiu com ele na partida. Dominou o primeiro tempo e no final conseguiu o gol na jogada tão planejada com o Lateral-Ala Bruno Melo. Sofreu poucos perigos de um adversário bem pobre em diversos sentidos, mas muito por méritos de sua organização defensiva que apesar de descompactada em diversos momentos, conseguiu conter os contra-ataques do Paysandu.

O Campeonato concluiu seu primeiro terço e com baixas importantes na equipe que afetam seu modelo de jogo diretamente o treinador Rogério Ceni precisará ser criativo e competente para dar continuidade na campanha vitoriosa.

Como pontos que podem ser melhorados eu destaco alguns:

1.Conectar mais o centroavante como apoio para os meias.

O Artilheiro do Fortaleza no campeonato é Gustavo Henrique com 6 gols. Apesar dos números de gols elevados na temporada o atacante é peça nula na ajuda aos companheiros na criação das jogadas, pouco se movimenta, tecnicamente tem dificuldades para tabelar mas compensa isso com um jogo aéreo mortal. Como ele se machucou e a previsão de volta é somente daqui a 2 meses seu substituto terá boas chances para demonstrar um estilo de jogo que possa se aliar ao estilo associativo da equipe.

2. Ampliar as rotas de ida ao ataque.

A equipe tem uma rota muito clara de ida ao ataque pela esquerda. Ligger-Bruno Melo-Dodô-Osvaldo/Marlon. É preciso encontrar mais formas para encarar diferentes adversários, isso faz parte da evolução de uma equipe. Quando atua Derley de volante a equipe ganha um feroz marcador que ajuda demais nas transições mas que não atua tão bem quanto Felipe em questões de posicionamento, condução e passe no inicio das jogadas. Felipe tem confiança e coragem para conduzir para o meio do bloco defensivo adversário além de filtrar passes muito melhor, mas não defende tão bem quanto. Na formação 3-4-3 Rogério aliou o que os dois podem contribuir de melhor para a equipe.

3. Posicionar as peças para minimizar os contra-ataques.

A equipe se movimenta constantemente podendo confundir a marcação adversária, mas também se desorganizando e em algumas vezes esvaziando o centro do campo, permitindo que se crie contra-ataques através de transições em que a linha de defesa se distancia da linha do meio campo.

4. Redobrar as atenções nas bolas paradas defensivas.

O Fortaleza sofreu 8 gols em 13 partidas, 3 desses foram em escanteios. Por conta da qualidade baixa dos contra-ataques rivais que permitem a recuperação dos defensores da equipe de Ceni, as bolas paradas acabam sendo o motivo de maior perigo ao gol do goleiro Boeck. Os adversários tem muitas dificuldades de emplacar um contra-ataque mortal apesar dos espaços as vezes cedidos, na partida contra o CRB esse gol acabou saindo, mas no geral são as faltas laterais e os escanteios os motivos de dor de cabeça.

1 Comentário

  1. Obrigado pela análise, é bom saber que o Ceni afinal promete mais do que parecia aquando da passagem como treinador pelo SP.

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