Bolas Paradas – O exemplo da Croácia

O futebol dos dias de hoje é o futebol da organização, do pouco espaço para se jogar, pensar e executar, é o futebol da competência em todos os momentos do jogo e o futebol que se resolve no mais pequeno pormenor. Já aqui foi dito que hoje as bolas paradas assumem uma preponderância enorme e cada vez maior no futebol atual.

Este mundial foi perfeito para se perceber a influência que este momento tem no jogo atualmente. Dos 169 golos marcados, 69 foram precedidos de bola parada (penaltis, livres, cantos ou lançamentos), o que representa 41% dos golos marcados na prova. Também na final 3 dos 6 golos nasceram de um esquema tático (2 livres e 1 penalti).

Torna-se assim fundamental estar o máximo preparado para este momento do jogo que tão decisivo é hoje em dia. Quer ofensiva, quer defensivamente. Ter ideias, trabalha-las, fazer observação das equipas adversárias e estrategicamente adaptar de jogo para jogo.

Linha da Croácia na defesa do livre, quase a pisar a pequena área.

No primeiro golo da França podemos ver que a Croácia tinha uma linha baixissima, praticamente em cima da sua pequena área. Esta decisão acarreta alguns riscos:

  1. O facto da linha estar tão baixa faz com que o duelo no ar seja muito mais próximo da baliza, sendo que isto reduz a influência do guarda-redes, quer numa bola a que este possa sair para defender o cruzamento (pelo mar de gente à sua frente) e porque o remate é de mais perto;
  2. Pela proximidade com a baliza, qualquer toque se torna periogoso, não precisando de ser um cabeceamento com intenção ou de qualidade (vejamos o auto-golo de Mandzukic);
  3. Os jogadores que atacam a bola podem estar mais próximos do local para onde o batedor irá colocar a bola, o que faz com que não seja necessário movimentos tão rápidos e precisos;
  4. A bola não precisa de sair com tanta precisão, visto que a linha já está baixa e os jogadores da equipa que ataca já estão colocados onde esta irá cair (ou perto). Também para o batedor é muito mais fácil bater tendo a referência do que imaginar na sua cabeça onde tem de colocar a bola. Ou seja, o gesto do cruzamento é bem mais acessível.

A linha tão baixa na defesa dos livres reduz o espaço entre esta e o guarda-redes, mas precipita um duelo no ar (quando a linha está mais alta muitas vezes um jogador corta sem sequer o avançado conseguir disputar) que como já referi se vai dar mais perto da baliza. No entanto, se a equipa que defende tiver muita superioridade no ar, se tiver um guarda-redes que não é forte a sair aos cruzamento ou se a equipa contrária for mais forte a atacar o espaço entre a linha e o guarda-redes que propriamente no duelo aéreo esta poderá ser uma solução interessante. Não era o caso. A França é mais forte no ar que a Croácia, tem jogadores mais altos e que são mais fortes nos duelos que a atacar o espaço em cruzamento.

Pessoalmente gosto de ter a linha mais alta nestas bolas. Mas nada disto é estanque e fechado, estrategicamente é possível alterar a altura da linha, acarretando isso riscos que têm obviamente de ser medidos.

2 Comentários

  1. Concordo com algumas coisas, discordo de outras… para começar o lance é irregular, Pogba está fora-de-jogo e encosta nas costas de Mandzukic perturbando a sua acção (é daí que advém o seu mau cabeceamento e não de mau cálculo de onde a bola iria cair), depois também acho que há muito mais vantagem em estar de frente para a bola batida do que recuar aquando desta ser batida (e o próprio enquadramento dos jogadores é muito pior estando a recuarem). Concordo no entanto com outros pontos, defendes mais próximo da baliza e tal. Acho que há muito a estudar e evoluir no que a bolas paradas defensivas diz respeito, foi o que se percebeu deste Mundial. Foi isso e uma falta de ideias em organização ofensiva que tornou quase o processo inofensivo (passe os antónimos).

  2. Penso que nesse caso da Croácia, fica muito condicionada provavelmente por um Subasic que não quer sair dos postes e com adversários franceses de passada larga. Ou seja, mesmo com a linha mais alta penso que os franceses conseguiriam aproveitar algum lance.

    Ainda assim, caso fosse eu, e se conseguisse convencer os jogadores disso (não esquecer esta parte muito importante), iria por uma linha mais alta.

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