Europeu Sub-19: Antevisão da Final

Começando pelos onzes iniciais, Portugal deverá alinhar de início com o seu onze base, à excepção do lesionado Diogo Costa, que dará lugar a João Virgínia. Romain Correia e David Carmo continuarão a ser a dupla eleita, relegando o capitão Diogo Queirós para o banco de suplentes. A grande dúvida na equipa portuguesa reside no avançado: José Gomes ou Pedro Correia, que se estreou contra a Ucrânia e deu bem conta do recado.

A Itália é já uma equipa mais adaptativa e tem experimentado ao longo do Europeu várias soluções. O guarda-redes, Plizzari, e o quarteto defensivo (Bellanova, que ganhou o lugar na 2ª jornada, Bettella, Zanandrea e Tripaldelli) são intocáveis. No meio campo, Tonali, Frattesi e Zaniolo deverão começar de início, faltando um elemento. No ataque é que há mais dúvidas, até porque o técnico Paolo Nicolato tem utilizado duas duplas de avançados diferentes. Pinamonti e Scamacca foram titulares em três jogos mas no jogo da fase de grupo contra Portugal e na meia-final contra a França os escolhidos foram Capone e Moise Kean. Tendo em conta a forma de jogar da Itália talvez esta última dupla seja novamente escolhida.

Portugal foi a equipa mais entusiasmante deste Europeu e chega a esta final com algum favoritismo. A principal força desta selecção reside na capacidade de desequilíbrio dos dois alas, Jota e Trincão, juntamente com a capacidade para ter bola e gerir o jogo do trio do meio campo. Na transição ofensiva, funcionam como referências que depois conduzem em velocidade aproveitando o espaço existente. Em organização ofensiva, a largura é conferida por Vinagre que se junta a Jota no lado esquerdo, enquanto no lado oposto é muitas vezes Miguel Luís quem faz movimentos em diagonal para o exterior, também para libertar espaço para Trincão conduzir para dentro.

 

A Itália baseia muito o seu jogo na coesão defensiva, quer na sua dupla de centrais fortíssima em todos os capítulos do jogo quer na forma como o seu meio campo funciona defensivamente, sempre bastante junto em largura. Por muito estranho que possa parecer (ou talvez não), a escolha da dupla de avançados vai definir muito a forma como a Itália irá defender.

 

Habitualmente, defende num 4x4x2 losango como está na imagem acima mas, mesmo não tendo ainda vista o jogo com a França, e fazendo fé apenas no jogo contra Portugal na fase de grupos, o avançado Kean fica sozinho na frente enquanto Capone fecha o lado esquerdo, fica a equipa organizada em 4x5x1. Em qualquer das formas, a primeira linha de pressão nunca é muito alta, não tendo os italiano pejo em defender no seu meio campo.

 

Mesmo o meio campo não apresentando sempre este comportamento em linha  (Marcusi neste jogo e Tonali nos restantes normalmente jogam mais recuados), é possível ver o espaço possível para jogar entre linhas, indo de encontro a uma característica da equipa portuguesa que é o facto de é o facto de o trio do meio campo jogar fora do bloco adversário, deixando o espaço entre linhas para Jota e Trincão, que podem desequilibrar imediatamente. Isto permite não só qualidade na forma como a bola chega a este dois jogadores como depois permite uma rápida reacção à perda e impede grande desequilíbrios na transição defensiva.

O facto de o meio campo italiano defender bastante junto em largura, dificulta por vezes a entrada pelo corredor central, mas permite com uma rápida variação de corredor, o médio interior não tenha tempo de chegar ao lateral contrário. Nas vezes que isto aconteça está criado um desequilíbrio já que obrigará o lateral italiano a sair na bola e consequentemente o central a deslocar-se para o corredor lateral, permitindo vários espaços por onde entrar. Portugal poderia aproveitar este tipo de situações, com as habituais diagonais de Miguel Luís na direita, ou Quina na esquerda, mas como já referi anteriormente acredito mais que os italianos deverão defender em 4x5x1, estando Capone (avançado) em contenção, numa situação como a da imagem.

 

Ofensivamente, o jogo dos italianos é pouco elaborado, recorrendo quase sempre ao jogo directo para Scamacca ou Kean, que são as referências para este tipo de jogo. Aquando destes passes longos , o médio ofensivo Zaniolo faz um movimento para as costas do avançado, enquanto os restantes três médios ficam para uma segunda bola. A largura como é dada quase exclusivamente pelos laterais, que procuram facilmente o cruzamento, permite-lhes ter sempre muita gente na área, com quatro homens (os dois avançados, o médio ofensivo mais o interior do lado da bola), com os outros dois médios numa segunda linha.

 

Em transição, as referências são as mesmas, um dos avançados, para tentar de imediato o ataque rápido. O quarteto de meio campo, à excepção de Tonali (passe) não tem grande criatividade no passe ou no drible, sendo agressivos, intensos, mas sem grandes ideias por trás. Pouco jogo entre linhas, combinações no corredor central ou gestão da posse de bola, sendo o objectivo criar condições para jogar nos avançados. Sob pressão, e mesmo numa primeira fase de construção não têm constrangimentos em jogar de imediato na frente.

Atenção a Kean, que deverá ser o eleito para a frente de ataque. Muito forte a receber de costas para a baliza e perigoso se tiver a possibilidade de rodar e progredir com bola, já que fisicamente é um jogador possante, além de qualidade em situações de finalização-

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