
Os mais radicais terão poucas dúvidas sobre Ivo Vieira. A malta do “SofaScore” dirá que depois de não ter impedido o Estoril Praia, com um dos melhores planteis entre todos os da Liga, de descer até à Liga Ledman, Ivo não é um treinador que valha a pena seguir. Na outra facção, os que se deleitam com o jogar de qualquer equipa desde que esta denuncie qualidade e ideias predominantemente ofensivas, falarão do Sol, da Lua e dos relvados como catalizadores do destino do Estoril Praia.
Moreira de Cónegos surge como uma segunda vida para Ivo, afinal não é assim tão comum um treinador quase sem experiência de Liga continuar por lá, após uma descida.
Honestamente, Ivo Vieira merece a oportunidade, porque trouxe demasiadas coisas boas para a Liga, demonstrando que à base das suas ideias e conhecimentos, ficaria a faltar apenas maior experiência para evoluir no sentido de conciliar o bom jogo com melhores resultados. Ir contra a parede, é na maioria das vezes a melhor forma de aprender a… não ir contra a parede.
O Moreirense é hoje uma equipa mais equilibrada do que o Estoril antes. Continua a colocar muitos elementos entre linhas no seu processo ofensivo, projecta Chiquinho para muito próximo de Pedro Nuno, hoje como avançado com liberdade para participar bastante no jogo ofensivo, na sua fase de criação, e ainda aproxima Neto do último terço, enquanto guarda o corredor direito para Bilel, enquanto à esquerda, Heri alterna movimentos para dentro com a chegada de Rúben Lima.
Perdeu talento comparativamente à temporada passada, embora Chiquinho se mostre a um nível elevadíssimo com bola, quer em organização ofensiva pela forma como direcciona recepções e liga o jogo, quer nos momentos de transição onde é regra geral a primeira referência para receber no pé e acelerar em condução. Aproveita a competência de Heri, um dos extremos com maior veia goleadora que pisam os relvados em Portugal, sobretudo quando sai em ataque rápido.
É, porém, nos comportamentos defensivos, e na forma como quando ainda em posse se prepara para o momento da perda que se percebe uma evolução clara. Embora adiante interiores e um lateral, guarda sempre três atrás mais o médio Ndiaye para defender a transição defensiva, e em organização concentra-se bem sobre o espaço, sem dar tantos metros nas costas como anteriormente. Os timings para sair para roubar estão bem identificados, e também nesse momento, cabe a Chiquinho um papel determinante. É ele quem salta da posição de interior para defender como segundo avançado.
Ivo não terá outra alternativa que não a de levar o Moreirense a bom porto, depois da tragédia da temporada passada. Tem ideias, tem qualidade, e demonstrou perceber que um “all or nothing” em termos conceptuais, no futebol, está muito longe de assegurar o resultado.
Pelo perfil que recrutou, pela forma como continua a querer impor o seu estilo, mesmo que com algumas mudanças que lhe garantam poder-se aproximar mais do resultado, para todos os expectadores da Liga NOS, o sucesso do treinador madeirense, será uma bênção.
Um resumo breve da organização do Moreirense:
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