Regresso de Renato à Luz e à Champions

Foi precisamente numa eliminatória que opôs o Benfica ao Bayern, que Renato Sanches aguçou o apetite do poderoso alemão, ao ponto de garantir uma transferência para um dos maiores colossos do futebol Mundial.
Sem surpresa demasiado grande não ter ainda conquistado o seu espaço no Bayern. Há na Europa três, quatro equipas onde as suas características teriam sempre menor impacto, e o Bayern porque monopoliza os jogos em ataque posicional, é uma delas. É precisamente num jogo de transições, de espaço que impõe o que tem de melhor.

Poucos têm a capacidade para partir o jogo tacticamente em dois blocos distintos, aumentando a distância entre os sectores adversários, pela forma veloz a que conduz, como Renato. Numa espécie de reedição do lance do épico golo português no Europeu, que derrotaria a Croácia, na Luz transformou um lance em que o Benfica procurava pressionar o Bayern, encostando nos seus adversários, aproveitando as condições difíceis para que os bávaros pudessem sair para o ataque, para partir os encarnados ao meio. Acelerou, bateu dois sectores mais Grimaldo, e do aperto, o Bayern ficou a atacar contra três. Chegaria um quarto elemento do Benfica para defender (mal) o lance. A forma como partiu o jogo, aumentou distância entre quem defendia e quem ficou à frente da linha da bola, foi uma vez mais, determinante para o sucesso final do lance.

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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

5 Comentários

  1. Era interessante fazerem um post sobre os golos que o Benfica sofre com cruzamentos atrasados para o avançado adversário. A zona mantém se? Essa zona é do trinco ou dos defesas? Faz sentido já com a bola dentro da área o central continuar a defender uma zona sem ninguém, enquanto o avançado está sozinho?

  2. Este lance é interessante para perceber que no futebol a excelência qualitativa dos jogadores coloca as suas equipas mais perto da vitória.
    1ª ação – sobre pressão intensa de Cervi (muito bem a levar o adversário para uma zona donde dificilmente sairia), Kimmich consegue entregar a bola num colega passando a primeira linha defensiva do Benfica;
    2ª ação – Robben com um toque de classe passa a 2ª linha do Benfica (Gedson devia estar mais perto de Robben e Grimaldo estava demasiado projetado para o ataque, o que até não é falha considerando os movimentos típicos do Benfica);
    3ª ação (GENIAL) – Renato Sanches com a sua capacidade atlética (de classe mundial) passa a 3ª linha defensiva do Benfica (à semelhança de Grimaldo na 2ª ação, Pizzi está muito projetado no ataque e Fejsa simplesmente não tem velocidade para acompanhar), com duas vantagens adquiridas que são o isolar a defesa do Benfica (neste momento a três) e alargando a mesma ao entregar no momento certo no avançado (isolando Ribéry no outro lado).
    A partir destas três ações de grande qualidade, o resto torna-se simples porque a defesa está reduzida (falta Grimaldo), desposicionada (com a rápida mudança de flanco por Lewandoski) e desacompanhada (fruto da aceleração de Renato).
    Muitas vezes comenta-se a falta de qualidade de quem perde, mas a verdade é este golo (e o primeiro) resultam muito mais da qualidade de nível mundial do que de graves falhas do Benfica.

  3. Para mim é um golo espectacular de uma equipa fortíssima, que joga no campo todo e que, apesar dos jogadores que apresenta – alta qualidade individual em todas as posições, sem excepção, no onze inicial – funciona como um conjunto.

    O Benfica cometeu erros, pois cometeu, difícil é não cometer ainda por cima neste contexto. Mas nesta jogada fez o que poucas equipas arriscam fazer contra o Bayern: apertá-los logo desde a saída de bola, junto à baliza. E o que é facto é que durante alguns momentos do jogo conseguiu realmente condicionar o adversário e recuperar várias bolas mais acima. Acontece que nem assim foi capaz de ferir muito, eles são fortíssimos em todos os momentos do jogo (e ainda actuam nas calmas, pezinhos de lã e com a confiança de saberem que são melhores em tudo).

    Reconhecendo que a velocidade e a vontade do Renato partiu completamente a equipa – aos 53 minutos, vários atletas do Benfica já estavam fisicamente machucados, o que diz bem da competitividade das competições portuguesas -, para mim, o desequilíbrio começa no Kimmich e depois no incrível Robben.

    Quando estava a ver o jogo, deu-me a sensação clara que o Kimmich ou o Neuer iriam perder ou meter uma bola rápida para não encurralarem junto à bandeirola. O Benfica fechou o passe por dentro, bem!, e obrigou-os a sair por fora com toda a gente coberta por adversários. Bastou um milésimo, um milésimo, de atraso do Pizzi na contenção para o Robben provocar um estrondo… A minha reacção àquele toque foi sonora: “eishhhh foda-se como é possível, ainda vai ser golo deles depois daquela pressão lixada!”

    Também o envolvimento do Alaba e a forma como coloca a bola é muito forte, um longo sprint finalizado com um toque de arte e muita cabeça, apesar da linha desfeita do Benfica (só reparei no vídeo, confesso).

    Eu prefiro, claramente, perder assim do que perder como perdemos há dois anos. Depois de um jogo muito bom em Munique – acredito que foi o melhor jogo do Benfica em três anos de Vitórias – viu-se um Benfica em bloco médio-baixo a não querer jogar nem um bocadinho. É certo que empatou 2-2 mas perdeu a eliminatória na mesma e se calhar o Bayern teve ainda mais oportunidades.

    Ontem foi um jogo globalmente muito mais interessante, na minha opinião. E o Benfica fez uma boa exibição.

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