Guarda Redes Avançado em Portugal. O jogo do futuro?

Não há finalização sem criação, nem criação sem construção.

Embora o golo seja sempre o que traz a notoriedade, há todo um trabalho por trás, até se chegar ao último toque que permite que este aconteça.

A evolução própria do jogo, que se fez e faz pelo colocar de constrangimentos aos comportamentos adversários, aumentou ainda mais a importância de quem no primeiro momento começa a definir o jogo. Quanto maior qualidade houver na construção, melhores condições se encontrará no último terço. Por isso, os melhores defesas deixaram de ser aqueles cuja competência era meramente defensiva. Num jogo de pouco espaço e constantes relações numéricas, é na rectaguarda que se começa a definir o jogo. Porque ali, é onde é possível encontrar superioridade numérica. É no último reduto que se começa a eliminar opositores.

O regresso à moda do 4x4x2, nas organizações defensivas, veio obrigar a que os modelos ofensivos contemplassem o movimento de um médio que baixa, para ajudar na saída de bola, ou no não projectar de um dos laterais, para que se possa ter conforto com bola.

Naturalmente que tem sido uma solução que vai garantindo sucesso, embora seja importante referir que baixando um elemento para dar superioridade, tal significará sempre que haverá menos um para receber a bola num segundo e num terceiro momento, quando a progressão entra pelas zonas de criação adentro.

No Estádio da Luz, Jorge Jesus apresentou o seu Sporting com Rui Patrício como guarda redes avançado, com o intuito de ter superioridade na sua construção e ao mesmo tempo ter William a receber já nas costas dos avançados encarnados, partindo o jogo em 8×8, depois de passada primeira pressão.

Foi caso único, embora bastante peculiar.

Na presente temporada há em Portugal uma equipa que tem modelado a sua saída em construção com a presença de um guarda redes avançado. Não são raros os momentos em que chega a pisar o meio campo ofensivo. Posicionamento em profundidade, sempre dependendo da altura da primeira linha de pressão adversária.

É uma equipa de jovens, pelo que pouco importará que equipa é e quem são os seus intervenientes. Mas, o futebol do futuro será algo parecido a isto. Todos os toques com uma intenção clara de contribuir para desequilibrar o adversário.

 

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

5 Comentários

  1. O futuro mesmo! Ainda hoje a ver o clássico no futsal com a importância do Roncaglio na manobra ofensiva do Benfica pensei que o papel do guarda redes ainda tem muito para crescer no futebol de 11 apesar de já ter mudado muito. E até estranho que em algumas equipas onde o guarda redes já tem um papel importante este apenas o faça dentro de área.

    • Em relação ao futsal à uma regra importante que poderia tornar isto obsoleto. A questão da impossibilidade do segundo passe para o guarda redes se este estiver atrás da linha de meio campo ou se a bola não tiver tocado ninguém da outra equipa. A regra não mudando no futebol de 11 e isto faz todo o sentido.

      De qualquer das formas, há sempre a hipótese de contrariar isto defendendo com mais um homem alto, criando igualdade e deixado a inferioridade para a zona mais perto da nossa área, onde uma bola aérea será mais facilmente ganha pelos centrais. Tal como pode ser feito no futsal onde o Guarda Redes contrário assume a responsabilidade de defender o homem mais perto da baliza.

  2. Nao quero ser o desmancha prazeres mas alguem pense que o futuro é uma armadilha tao facil de pôr em pratica com um pressing alto numa zona facil de controlo e onde o ganho é que cada perda de bola equivale a um golo?

    Claro que entendo um modelo que usa o guarda redes como uma soluçao de retarguarda a mais na construçao dos defesas cuando joga atras deles. Por enquanto, so entendo que ele possa subir na mesma linha que os defesas se for uma estrategia porque serà sempre uma maneira de obrigar equipas que joguem com as linhas baixas a subir mas nunca essa maneira de jogar como um modelo de jogo.

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