Cantos, marcações individuais e bloqueios

Com a evolução da defesa zonal, muita gente tende hoje a desvalorizar e rejeitar a defesa individual, sendo tida muitas vezes como algo ultrapassado. Na minha opinião de forma errada.

A defesa individual é uma forma bastante capaz de defender cantos que tem as suas vantagens e desvantagens, tal como a zona. Por isso, para mim, não faz sentido desvalorizar esta. Ambas são válidas e a utilização de uma ou de outra depende pura e simplesmente do contexto (ideias do treinador, equipa, contexto competitivo, etc).

Existem duas formas de entender as marcações individuais. Aqueles que as utilizam como principal defesa dos cantos e aqueles que defendem de forma zonal e utilizando 1, 2, 3 ou 4 jogadores a marcar individual com objetivo único de perturbar, atrasar e condicionar o deslocamento, a impulsão e o gesto do atacante. Nesta última, são os jogadores que defendem à zona que têm como obrigação de disputar a bola que será cruzada.

Para quem defende de forma individual, uma boa solução para bater essa marcação é utilizando bloqueios. Ou seja, jogadores que se colocam estrategicamente para atrasar o deslocamento do jogador que está a marcar outro jogador, dando-lhe vantagem em relação ao seu opositor direto.

Pegando no primeiro golo do Chelsea sobre o United, vejamos a ação de David Luiz. Desde o início até final do lance não se mexeu! Rudiger passou perto dele, com o objetivo do brasileiro formar uma barreira para que Pobga o tivesse que contorna de forma a que o alemão se libertasse da marcação e ganhasse tempo e espaço em relação ao opositor. É verdade que Pogba também pareceu algo displicente (e esta é uma das desvantagens da defesa HxH, toda e qualquer distração individual pode levá-lo a perder o lance sem mais ninguém capaz de o corrigir), mas foi a ação de David que criou a Rudiger condições para este atacar sozinho a bola no ar.

 

8 Comentários

  1. Viva! Uma questão: É certo que todas as selecções recorreram neste último mundial à marcação HxH nos cantos. No entanto, a competição foi fértil em golos marcados neste tipo de lance. É certo que o contexto de selecção talvez não dê tempo para treinar a defesa de cantos com recurso à marcação zonal, mas a enorme quantidade de golos sofridos neste tipo de lance não comprova que a mnarcação HxH não é a mais adequada?

    Quanto aos erros de português, partilho da opinião acima. A qualidade do blog no que aos comentários de futebol diz respeito não merece alguns erros vistos por cá. Já agora, a vírgula depois da expressão “mas” é um clássico deste blog que, tal como as expressões acima referidas, também fere a vista… Exemplo disso é a seguinte frase, lida aqui há não muito tempo: “Mas, Messi fê-lo”…

  2. A opinião do Xavi é pessoal ou enquadra todos os colaboradores do site? É que este texto é algo contraditório com o vídeo. O texto alerta-nos que as duas formas são boas para defender os cantos. E depois o vídeo mostra-nos a patetice que é aquela defesa do MU: aquilo é o quê, mesmo, uma auto-estrada para os outros marcarem golo? É que na minha opinião os jogadores do MU foram todos – todos! – levados para onde o Chelsea queria, desfazendo qualquer protecção possível à baliza. Aliás, este será o enésimo golo sofrido de canto pelo MU nos últimos três anos.

  3. A opinião é minha, mas tenho a certeza que todos do blog concordam com ela. Uma coisa é a preferência de cada um. Eu posso-te dizer como defendo os meus cantos, é zona com algumas marcações individuais. Agora, não se pode dizer que é incorreto tudo o resto porque se prefere X a Y, Z ou W. Relembro que o Porto é campeão nacional e defende HxH os cantos, e vão ver a quantidade de golos sofridos.

    Quantos aos erros de português. Não sou jornalista. Sou treinador e escrevo aqui neste blog porque é um espaço que admiro e porque acho que quem anda no futebol deve partilhar ideias e fazer com que todos, que estejam ou não no meio, reflitam. Escrevo aqui por gosto e, muitas vezes, mesmo apertado de tempo tento-o fazer. Eu como tantos outros aqui. Portanto eu acho que se deve ligar mais ao conteúdo que a erros gramaticais, o que não quer dizer que não possam corrigir os textos, mas sempre como uma ajuda.

    • Eu não disse que era incorrecto tudo o resto, disse que o MU defende horrivelmente as bolas paradas (está no vídeo, pelo menos para mim) e que isso tem levado a um número absurdo de golos sofridos naqueles lances. Aos meus olhos, os defeitos da defesa hxh estão escarrapachados neste vídeo – e o teu comentário é que foi tudo bem feito, o que complicou a vida do MU foi um bloqueizito (que todos fazem ou preparam, hxh ou zona). Quando para mim é evidente que a baliza ficou toda descoberta! Nem sequer fui apreciar os números porque é algo que me salta à vista nas equipas do Mourinho nos últimos anos. Agora, se queres comparar o contexto do MU com o FCP, parece-me um bocado arriscado, mas também podemos ir por aí. O FCP tem um futebol horrível e é campeão nacional, sim, o Benfica também apresenta um futebolzinho (mesmo assim ainda cogita algumas ideizitas aqui e ali). Significa que o futebol horrível é que é bom? Ou que no contexto do campeonato português podes ganhar tudo “apenas” com qualidade individual, tendo em conta as diferenças brutais entre os dois da frente e os outros (esta época)? Será que esta realidade é replicável na Premier League?

  4. Boa tarde, Xavi. O teu artigo deixou-me intrigado. Não pelos erros gramaticais que eu também faço, sempre fiz, e continuarei a fazer (porque é normal) mas por uma questão de incoerência no conteúdo. Ou, talvez, falta de informação que lhe permitisse dar ou não coerência. Se me permites, nas bolas paradas, o que é o contexto? Não tendo tu explicado o que é o contexto fica difícil atacar ou defender a ideia, porque é uma ideia que elogia tudo. Uma coisa e o seu oposto. Outra coisa que fiquei sem perceber foram as vantagens e desvantagens dos tipos de marcação que referes. Dizes que há, mas não explicas quais. Não explicas as diferenças, as semelhanças, o que uma e outra permitem e como é que uma e outra é frágil. Não explicas i porquê de ser forte.

    Como disse ao início, assim fica difícil defender ou atacar a ideia.
    Aprimorando o conteúdo e aprofundando talvez o artigo tivesse algum interesse. Isto é, depois de lido e re-lido a ideia com que fiquei é que as bolas paradas, como na vida, tudo é bom e tudo é mau porque todas as coisas têm vantagens e desvantagens. Agora, quais, onde, como, quando?! Isso é que seria interessante perceber.

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