A fugir do sentido da pressão – Feirense em ataque posicional no Dragão

O Feirense tem sido justamente falado pela competência nos seus momentos defensivos. Não é por acaso que continua com registos de poucos golos sofridos e uma organização defensiva que demonstra bastante o trabalho meritório de Nuno Manta Santos. Não é fácil fazer golos ao Feirense em ataque posicional e ontem o FC Porto demonstrou claras dificuldades nesse momento, fruto da organização demonstrada pelos fogaceiros, com um trabalho de linhas e sincronização das mesmas que é de assinalar.

No entanto, não é pelos momentos defensivos que queremos realçar o jogo do Feirense ontem no Dragão. Foi sobretudo pela abordagem que teve ao jogo. O Feirense não foi ao Dragão apenas para estar em organização defensiva e tentar ferir o FC Porto em ataques rápidos ou contra ataques, também em ataque posicional demonstrou competência, sobretudo nos posicionamentos e no perfil de jogador que escolheu para o jogo que queria jogar. O Feirense quis ser competente em todos os momentos do jogo e dentro das dificuldades do jogo, a espaços conseguiu-o ser. Foi com bola que tentou surpreender o difícil adversário que estava do outro lado, procurando criar posicionamentos e ter mobilidade suficiente que lhe permitisse fugir da sempre forte pressão que o FC Porto faz aos adversários para tentar chegar à frente com a bola controlada.

Sempre que possível, procurou ligar o seu jogo de forma curta, com o portador a ter constantes linhas de passe e com um futebol curto, apoiado e que lhe permitiu chegar algumas vezes a zonas de criação, onde aí demonstrou maiores dificuldades, fruto da tomada de decisão dos seus jogadores mais avançados nem sempre ser a melhor. Nuno Manta Santos preparou a equipa posicionalmente para ter algum conforto e proximidade entre elementos com bola, para se associarem de forma curta para depois procurarem a profundidade quando fosse o momento. O treinador define os posicionamentos, depois é tudo uma questão de qualidade técnica, tomada de decisão, e inteligência do próprio jogador nas suas acções. Na zona de construção, dois nomes saltaram à vista: o já habitual Tiago Silva, fruto da qualidade das suas acções e por ser o jogador que dá critério e pensar a todo o jogar dos fogaceiros e a seu lado no duplo pivot, o médio Alphonse, com um perfil muito interessante com bola, procurando jogar simples, curto e apoiado e tomando sempre decisões que beneficiassem o colectivo. Nos corredores laterais, mobilidade e trocas posicionais entre laterais e extremos (Vitor Bruno e Luís Machado – Tiago Mesquita e Edson Farias), sempre um mais por dentro e outro por fora em combinações, com o corredor central em zonas de criação entregue a Sturgeon e Edinho.

O Feirense perdeu porque do outro lado encontrou o campeão nacional, um adversário extremamente forte e com qualidade individual e colectiva elevadíssima, porém, fez tudo o que estava ao seu alcance para obter um resultado diferente e foi uma equipa que procurou ser competente em todos os momentos do jogo e apareceu extremamente preparada em cada um deles, mérito e dedo do seu treinador Nuno Manta Santos, que merece elogios pela forma corajosa, audaz e arrojada com que se apresentou no Dragão.

Vale a pena ver o vídeo.

 

Sobre Dejan Savicevic 91 artigos
Ricardo Galeiras Treinador, apaixonado por desporto, futebol e treino. Experiência em campeonatos nacionais na formação e atualmente ativo no futebol sénior. Colaborador na área de scouting e análise de jogo, com vários treinadores e equipas do campeonato nacional da Primeira Liga. Contacto: galeiras@gmail.com

2 Comentários

  1. È impressionante o que este treinador tem feito com tão pouco.
    Embora o histórico contra os grandes seja desfavoràvel, o feirense deve ser das equipas pequenas que mais problemas tem causado aos 3 grandes nos jogos em casa desses.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*