![IMG_1404 []](https://i0.wp.com/www.lateralesquerdo.com/wp-content/uploads/2018/11/IMG_1404-.jpg?resize=650%2C381&ssl=1)
Na Madeira, voltei a destacar a exibição tremenda de um prodígio que finalmente parece ganhar espaço na equipa do FC Porto.
Recentemente, num texto do Savicevic (aqui) era explicado o ressurgimento do ultra talentoso Óliver Torres.
O espanhol , nos dois jogos mais recentes demonstrou, sem bola, pois com ela sempre foi magnifico, que está com outra disponibilidade mental para se colocar ao serviço do colectivo. O problema nunca foi de correr muito ou pouco, mas sim ter a disponibilidade mental para se manter ligado ao jogo, mesmo sem correr, interceptar passes e estar ligado à equipa
Estará Óliver a passar pelo mesmo processo de Sérgio Oliveira, com um crescimento nas suas competências sem bola em função daquilo que idealiza Sérgio Conceição?
in Lateral Esquerdo
No dia de hoje, o próprio Sérgio Conceição veio refutar o aparecimento do talento espanhol.
Tem a ver com várias conversas e muitas unidades de treino para que ele se aproximasse do que eu queria. E atenção, não tem a ver com castrar aquilo que o Óliver tem de melhor, tem a ver com um jogo de futebol, na minha opinião, cada vez mais velocidade, mais intensidade, mais duelos, conquistas das primeiras e segundas bolas. E o Óliver melhorou muito em vários aspectos, nomeadamente no jogo sem bola.
Há uma série de outras situações em que é importante estar dentro, participar, e essas características não são do Óliver, mas ele tem feito um trabalho magnifico nesse sentido, não só defensivamente, mas também a chegar mais à área adversária. Faz parte do que penso ser um médio moderno, não interessa se é defensivo ou não, para mim tem de haver complementariedade. Essa aceitação, essa humildade em perceber que tinha de mudar algo para entrar na equipa fez com que entrasse e tem correspondido. A partir do momento que não corresponda, haverá outro Óliver para entrar…
Na verdade não era sequer preciso ouvir o que Sérgio Conceição afirmou para se perceber o porquê da ausência do médio espanhol. Embora, ouvir o treinador portista e conhecer ao pormenor o modelo do Porto, ajude a compreender as suas decisões.
Nunca esteve em causa, nem estará o potencial de um jogador que na Liga, apenas encontra rival em Krovinovic naquilo que pode acrescentar ofensivamente, mas antes a sua integração num modelo muito específico, que exige aos seus dois médios que comam muitos metros em virtude das ideias próprias do seu treinador, que exige a chegada à área adversária de inúmeros elementos, e ao mesmo tempo capacidade para recuperar no momento da transição defensiva. No ideal de Conceição, o duplo pivot do meio, funciona com uma espécie de dois “box-to-box”, em que ambos atacam e defendem a toda a profundidade do campo. E mais do que dificuldades que não existem em organização defensiva, é nos momentos de transição defensiva, e na chegada ao último terço no processo ofensivo, que Sérgio “tinha” problemas com o que dava Óliver.
Para quem não teve oportunidade de ver os videos anteriores que explicam o modelo dos azuis, e que ajudarão de sobremaneira a compreender as decisões de Sérgio, em função do que idealiza no seu modelo, eis o FC Porto em dois dos momentos do jogo:
O treinador dos azuis e brancos, acredita fortemente num tipo de jogo que até encontra porto de abrigo na grande maioria das individualidades que tem ao seu dispor. Independentemente de se poder valorizar mais ou menos o jogo em que acredita, a certeza de que é competente naquilo que defende. Quer no modelo, quer na forma como pelo processo de treino lá chega, quer como na liderança, o seu sentido de justiça é claro para todos. E o recado foi dado, no meio de vários elogios.
Enquanto a mudança estiver em prática, há espaço. Com a certeza de que outros estarão à espera de que alguém deixe de cumprir.
E Óliver, assim continue a trazer ao modelo o que Sérgio pretende, poderá mesmo ser a pedra basilar de uma reviravolta qualitativa dos azuis, com o que acrescenta daquilo que é a sua individualidade, pela forma como poderá aumentar o critério no centro do jogo do FC Porto.
Com a vossa rede é fácil saber ???
Mas obrigado por nos trazerem como funciona o futebol no topo… a mim que sou um leigo fico muito esclarecido e agradecido!
?????
Perfeito
Mas já agora, podiam explicar porque o Jonas nao tem jogado mais?! Gostaria de saber isso tambem!
Perceber um jogador, envolve sempre perceber contexto, modelo, ideias, características. Por isso não creio que foi dificil saberem o porquê do Óliver não jogar, mesmo que tivesse as vosas fontes, que não sei se tinham? … nem sequer predizerem a falência de jogadores como o Francisco Geraldes ou o Iuri Medeiros.
No contexto futebol rendimento, a prática diz-nos que os mais aptos não são apenas os que fazem bonito, mas os que o fazem de forma consecutiva nunca expondo a sua equipa ao seu erro. De Óliver, de facto, percebendo o ideal defensivo, mas também ofensivo, expresso nessa chegada à área dos médios, é fácil para quem domine as diversas variantes do treino, mas acima de tudo o mais do jogo, atingir o que se passava. Na minha opinião, ele tem uma predisposição natural para as tarefas defensivas, ao contrário por exemplo dos outros dois casos que citei, o que significa que acredito que possa manter-se na equipa e atingir até outros patamares. E depois há algo não negligenciável, ele com bola é de facto um jogador muito diferente da maioria, e quando o afirmo diferente, refiro-me ao facto de fazer bonito, mas fazer com regularidade e não expor a sua equipa, como por exemplo o citado Geraldes, que mesmo no Rio Ave era prejudicial a um jogar que não poderia perder a bola.
Continuem o bom trabalho… Enviei mail …
O José deixou de escrever desde que assinou pelo Feirense?
Nao sei se sao insides, mas já por diversas vezes neste site provaram estar muito à frente de toda a gente… seja quando falaram de inteligência quando ninguém falava… Seja da defesa a zona ou dos modelos e agora estratégias que nos trazem quando o público ainda nem sabia bem o que havia a esse nível, por isso sejam coisas de dentro ou apenas o vosso proprio extraordinário conhecimento cá estarei como meu euro mensal a contribuir para nc fechem este site que tanto ensina toda a gente!
É realmente compensador ter quem nos explica o que não vemos à vista desarmada e posso dizer qu à vossa pala quis tirar o curso de treinador!
Bla Bla Bla
A questão parece-me muito mais simples: o Conceição prefere outro tipo de jogadores.
Não tem mal nenhum, são as opções dele (que eu não aprecio e também não entendo, tão pouco, não por falta de análise mas por falta de crença pessoal em ideias deste tipo). As escolhas são óbvias. Tudo o que era ligeiro e pensava muito não jogava ou jogava pouco e era muito criticado. Sempre. Enquanto outros são uns pernetas e jogavam sempre ou quase sempre (Danilo, S. Oliveira, entre outros).
Só que os resultados, depois de Agosto, foram o que foram… E o Herrera, por exemplo, está em vias de ser castigado ou já está mesmo castigado. Foi este contexto, juntamente com as críticas a questionar porque carga de água o S. Oliveira, por exemplo, tinha o dobro ou o triplo dos minutos do Óliver (sendo este melhor jogador, a léguas, com bola e sem bola), que trouxeram algum ar fresco numa equipa que tinha enormes dificuldades em jogar à bola. E ainda tem.
Como se prova agora (podem dizer que é a teoria do copo meio cheio ou meio vazio) o Óliver não só tinha lugar cativo em qualquer equipa portuguesa, sem excepção, como é de longe um dos melhores jogadores do campeonato. É que o óbvio não dá trabalho nenhum.
Com bola é obviamente magnífico.
Agora, depois deste tempo, está finalmente como SC o quer. Mais intensidade sem bola, mais amplitude, mais vai-vem.
Mas este estilo do SC nem é o que mais o potencia. Está mais “físico” mas ainda assim a correr demais. Chega melhor talvez, mas destapam depois demais.
Só pode fazer melhorar a organização ofensiva. Mais inteligência, melhor ligação, mais fluidez.
Mas no que propõe, SC, poderia e deveria ter mais controlo na transição defensiva.