
Mudámos o nosso sistema tático habitual porque este jogo assim o exigia
Paulo Fonseca
São sempre cinco os elementos que o Hoffenheim coloca contra as linhas defensivas adversárias, em ataque posicional, e todos com constantes ataques à profundidade. Quando não recebem nas costas em condições óptimas para ir finalizar, ficam altos no campo, pela pressão que se segue, e em vantagem numérica (os tais cinco que atacam o espaço x as habituais linhas defensivas a 4).
Foi partindo da análise ao adversário que Paulo Fonseca começou, uma vez mais, a desenhar história na Liga dos Campeões.
Depois de na temporada passada ter eliminado o Napoli de Maurizio Sarri, e vencido AS Roma e Man City na sua caminhada Europeia, a nova época trouxe desafios de dificuldade tremenda. O Shakhtar perdeu vários dos seus melhores jogadores, que para além da qualidade individual, ainda entroncavam a preceito as ideias e filosofia do treinador português.
Seria expectável uma queda abrupta de rendimento. Se na Liga doméstica o Shakhtar continua a passear classe, competir na Liga dos Campeões com uma equipa bastante parca em recursos exige algo mais.
A equipa ucraniana deslocou-se à Alemanha, ao campo da equipa do “baby Mourinho” sabendo que apenas a vitória poderia manter a chama acesa.
A qualidade do trabalho de Paulo Fonseca, ficou uma vez mais bem expressa na preparação do jogo. (Ver também, a preparação incrível que valeria a vitória sobre Guardiola aqui). Sobre o modelo e o estilo, já tanto foi abordado por cá, e o treinador nacional é hoje um dos que fazem parte do top 5 em termos de ideias / modelo / operacionalização do que se faz no futebol Europeu.
A incrível vitória na Alemanha teve o selo de uma mente genial. O estilo, as grandes ideias, o que move e como pensa o Shakhtar, completamente imutável, como tão bem provam os dois fantásticos golos em ataque posicional. A preparação do jogo, expressa na variabilidade de comportamentos, em função da natural estratégia para o jogo, não poderia ter sido melhor.
Paulo Fonseca não mudou a grande ideia. Adaptou e venceu. À medida que o nível sobe e os jogadores são capazes de seguir com menos erro estratégias delineadas, o trabalho e pensamento do treinador volta a ser decisivo quando o equilíbrio é evidente.
Mudou o sistema, não mudou ou desaprendeu coordenação, e os grandes princípios:
Mudou o sistema, não mudou o ideal
E anda pela Ucrânia, ao passo que clubes grandes portugueses recrutam técnicos que além de não terem a mesma capacidade, nem português falam. Enfim.
Lá está!
O tal modelo adaptativo que eu defendi aqui que o JJ bem podia ter tentado no
Benfica e que me respondias aqui que tal não dava…
Relembro este post:
https://www.lateralesquerdo.com/2014/10/23/para-os-leitores-escrutinem-jesus/
Os comentários já não constam e fica também uma imagem tentativamente redutora de indexar as reclamações dos leitores a alterações das ideias de jogo.
Não me recordo que comentários houve na altura e se houve um aprofundar do tema.
Certo, para mim, é que o contexto é o mesmo deste post de hoje.
Ou seja, um treinador que entende que certos jogos requerem mudanças (que não precisam de transfigurar a equipa) e que é elogiado por isso, versus leitores que pedem que um outro treinador tivesse feito algo do género e são criticados por fazerem tal pedido – fosse neste post cujo desenvolvimento não me recordo ou noutras caixas de comentários.
Saliento também que no post, cujo link envio acima, é considerado que o JJ não merecia criticas pelo desempenho na Champions de 2014/15 até ao momento do post (já após o baile de bola com o Leverkusen).
Saliento ainda um episódio mais antigo e bastante caricato, em que houve uma enorme contradição sobre a apreciação tática à goleada do AVB ao JJ. Se o JJ alterou ou não o sistema tático. Naquela altura parecia que era um crime dizer que o JJ tinha ajustado o sistema tático, mas agora é de elogiar quem o faça.
Maldini, eu lamento mas não consigo deixar de comentar estas, a meu ver, contradições obtusas, enquanto não ficar claro para mim que, aplicando a este caso deste teu post de hoje, o que eu pedia que o JJ fizesse (modelo adaptativo) era de facto impossível de sistematizar e criticável por ser completamente diferente do que o Paulo Fonseca faz agora e que elogias (que a meu ver trata-se exatamente de um modelo adaptativo totalmente dentro da lógica que eu defendia).
PS: O atual bom trabalho do Paulo Fonseca não faz com que tenha sido concorrência de qualidade ao Benfica do JJ quando esteve no Porto.
Na altura ele mesmo demonstrou acusar demasiado a pressão do salto e o clube não lhe deu apoio nem recursos para poder disputar o campeonato.
Porque referem o Ferreyra? Nem calça no Benfica…