Como evoluirá o Sporting de Keizer?

Depois de muita desconfiança em redor de Keizer, os resultados e o bom futebol praticado parece ter conquistado os adeptos leoninos. O clima de interrogações é agora de confiança e crença, não só no bom momento que a equipa atravessa mas também num futuro risonho.

O técnico holandês confessou-se desde o primeiro dia adepto do futebol ofensivo, bonito, paciente, de toque curto, com muita gente envolvida à frente da bola e de bastante chegada, afirmando que quando não tinha a posse queria uma equipa alta e pressionante, a tentar roubar desde logo. A verdade é que em muito pouco tempo foi capaz de alterar bastantes comportamentos nos jogadores e o Sporting tornou-se rapidamente uma equipa à sua imagem (ainda que sem pormenor, que acredito que no futuro virá a ter), que domina o jogo em posse e com um futebol atrativo e superior ao que vinha apresentado até então na presente época.

Presumivelmente, o modelo ainda vai evoluir muito. Estamos numa fase muito precoce do trabalho do agora treinador leonino, e essa evolução suscita em mim bastante interesse. Pelo futebol ofensivo, aprazível e de qualidade que já apresenta, mas também curioso para perceber como vai Keizer ultrapassar as dificuldades que vão surgir.

Assim, lanço algumas curiosidade que tenho de forma a perceber como irá evoluir o futebol do Sporting:

1º Ofensivamente, como encontrará soluções para penetrar e magoar blocos mais baixos e compactos, como muitas vezes se vê na nossa liga. Sendo certo que tem o avançado mais capaz de jogar esse tipo de jogos, pela envergadura física, forma como procura e se movimento nas zonas de finalização e competência e rendimento que tem no último toque – Bas Dost.

2º Como se ajustará a relvados menos bons para a pratica do futebol que preconiza.

3º Como construirá contra equipas com uma pressão muito alta, intensa e em 442, como o Braga e principalmente o Porto. Não me parece que Keizer goste de construir a três, e mesmo os dois interiores, salvo raras excepções, montam perto dos centrais para sair, o que pode dificultar as ligações.

4º Em transição defensiva, parece-me que o objetivo é claramente abafar onde perderam a posse com muitos jogadores. Como irá defender com poucos e recuperar defensivamente quando essa primeira pressão for batida, pensando também que muitas vezes ficam somente 2/3 jogadores no equilíbrio, com grande porção do campo para se jogar.

5º Em organização defensiva, a forma como vai pressionar e como vai defender mais baixo, protegendo os espaços e a baliza. E como reagirá quando tiver jogos e períodos dentro do jogo em que não tenha tanta bola.

6º Quando o jogo se tornar mais de primeiras e segundas bolas, como conseguirá guardar a bola e retirar aleatoriedade ao jogo. Também neste jogo, como se vai defender dele. O Sporting tem jogadores capazes no duelo no ar, mas pode não estar preparada e confortável para ter de ganhar e jogar na 2ª e na 3ª bola.

7º Como irá ajustar e responder quando estrategicamente o adversário estiver preparado para o seu jogo e conseguir anular alguns aspectos do seu futebol.

8º Por fim, estou bastante curioso para perceber como vai Keizer gerir Bas Dost. Já se percebeu que com o treinador holandês vai ter de servir mais vezes como apoio frontal para fazer chegar a bola aos médios e que terá de procurar muito mais jogo fora da zona onde se sente confortável (zonas de finalização). Apesar de até ter qualidade no primeiro toque, é na área e a encostar para golo que é de topo nesta realidade, e o facto de ter de participar tanto e mais baixo no jogo, pode tirá-lo dessa zona onde é realmente letal.

O trabalho inicial é de muita qualidade e a primeiro imagem que fica é que há bastante margem para evoluir. Veremos como estará o Sporting daqui a uns meses e como vai Keizer ultrapassar os problemas que surgirem jogo após jogo e no decorrer dos próprios jogos.

3 Comentários

  1. Oiço no entanto de alguns analistas que os “número” não acompanham os resultados. Ainda no ultimo encontro com o Desp. Aves, o “expected goals” não passou de 1,4 para 1 do adversário. A equipa tem tido números anormais de eficácia.

    Ter resultados positivos é melhor que não ter. Dá confiança ao grupo e ajuda a aceitar as ideias do novo treinador, mas pergunto se não há aqui ainda um ídolo com pés-de-barro.

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