Esta temporada, construiu-se em Vizela uma das muralhas mais fortes e intransponíveis de todas as competições nacionais. Num total de 15 jogos (Campeonato de Portugal e Taça de Portugal), o FC Vizela sofreu nada mais, nada menos, do que… três (!) golos.
No entanto – e apesar do seu percurso impressionante até ao momento–, não é sobre a equipa do FC Vizela que nos queremos debruçar, mas sim sobre um dos seus pilares: João Faria, defesa central de 28 anos que ingressou esta temporada na equipa da Associação de Futebol de Braga.
Em primeiro lugar, sou da opinião que João Faria tem tido um percurso algo ingrato para um jogador da sua qualidade. Formado no Gil Vicente FC, nunca chegou a vestir a camisola da equipa principal dos barcelenses, tendo ingressado no GD Ribeirão e ficado por lá durante duas temporadas. Seguiu-se o Varzim SC, onde cumpriu uma tremenda temporada e onde conseguiu chamar a atenção do SL Benfica, quando os “encarnados” reactivaram a sua equipa B na temporada 2012/2013. Mas se o percurso estava a ser ascendente, podemos dizer que sofreu aqui um revés. Tendo realizado somente uma partida pelos comandados de Luís Norton de Matos, acabou por partir, na segunda volta da mesma temporada, para o UD Salamanca. Voltou na temporada seguinte para o GD Ribeirão e por lá ficou durante duas temporadas, sem ter realizado mais do que dez jogos nesse espaço de tempo. Seguiu-se o Vilaverdense FC e o Merelinense FC e foi precisamente nesta última equipa que voltou a pedir a atenção dos clubes profissionais. Na temporada 2017/2018, o FC Famalicão contratou João Faria e a sua época foi tão produtiva que a terminou como o segundo jogador do clube com mais minutos em toda a temporada.
João Faria é um defesa-central extremamente competente e confiável e a sua qualidade tem ajudado o FC Vizela a manter a sua solidez defensiva. A meu ver, e tendo em conta que está agora a atingir a sua fase de maturidade, é claramente um jogador para outros voos, pelo que será questão de tempo até voltar ao trilho dos campeonatos profissionais. Se será com o FC Vizela ou com alguma outra equipa, isso o tempo o dirá.
Características físicas:
Apesar de não ter uma estatura imponente como a de alguns outros centrais (mede 1,85m), podemos dizer que João Faria acaba por ser um central com uma componente física bastante interessante. Muito forte nos duelos físicos com o adversário, apresenta um bom equilíbrio e um nível de impulsão que o ajudam a ganhar muitos lances aéreos, tanto defensiva como ofensivamente.
Características técnicas:
Em termos técnicos, João Faria trata-se de um defesa-central com uma muito boa capacidade de desarme e um óptimo nível de cabeceamento. Podemos considerá-lo competente com a bola nos pés, mais específicamente por intermédio da sua boa capacidade de passe a longa distância. Tem também uma boa capacidade de marcação, sendo frequente vê-lo “em cima” do adversário directo sem que este tenha muito espaço para criar perigo do seu lado.
Como joga:
João Faria possui índices de agressividade que o caracterizam e que fazem dele um defesa-central com altas probabilidades de sair vencedor de cada disputa de bola em que entra. Mas é também importante não atribuir uma conotação negativa a esta questão da agressividade; João Faria é bastante leal na sua forma de jogar e não pauta as suas actuações pelo jogo sujo. Concentrado, determinado e bastante empenhado, mostra um muito bom sentido posicional e sempre com os seus apoios (posição dos pés) bem orientados. Pegando na sua capacidade de passe, é até interessante ver a quantidade de vezes que mostra a intenção de colocar a bola em profundidade, com o intuito de aproveitar o espaço deixado nas costas pelas defensivas adversárias, ou até mesmo num companheiro de equipa que esteja posicionado entre linhas. Finalmente, podemos considerá-lo um líder, uma voz de comando dentro de campo, que põe em sentido toda a linha defensiva.
Bruno Costa
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