O botão que Liga e desLiga

Não deixa de ser estranho que num jogo tão altamente condicionado pelos resultados seja a qualidade exibicional o barómetro para aquilo que pode valer uma equipa. Desde que escrevo no LE foquei-me, primeiro, no Mundial ’18 e, depois, na Champions League da época que ainda decorre – com especial ênfase nas participações de Benfica e FC Porto. E essas presenças portuguesas na prova milionária ajudaram a definir, e de que maneira, o barómetro para aquilo que se pode esperar de cada uma delas. Mas estará a ideia geral e dominante do momento totalmente certa em relação a cada uma delas? Obviamente que o sucesso dos portistas e o insucesso das águias marcará de forma fracturante a análise. Assim como a medida de dificuldade dos grupos em que estiveram inseridos. Porém, parece-me que convirá sempre não esquecer que o caminho é o mesmo para todas as equipas: transcender o estabelecido.

Mas antes de elaborarmos a ideia convirá também não esquecer a surpresa que foi para mim a reacção do Tribunal da Luz à qualidade exibicional da sua equipa. Isto porque não foi a Liga o barómetro para o trabalho do colectivo ser totalmente posto em causa de uma forma que criou (ou fez emergir) dúvidas de identidade no mesmo. Foi sim a participação na fase-de-grupos da Champions a levantar uma contestação que ao dia de hoje ainda deixa marcas psicológicas num conjunto que a meu ver não merecia inusitada contestação – ou pelo menos aquela forma de contestação.

Não digo que o Benfica fosse perfeito (porque não o era, assim como o Porto de Sérgio Conceição também não o é) mas demonstrou na 1.a fase da época poder atingir um nível parecido àquele que levou Rui Vitória a sagrar-se bicampeão. Uma caminhada, lembro, que foi sempre mais carregada a nível de resultados do que propriamente a um nível exibicional soberbo. E não foi por isso que o Marquês não encheu para se festejarem o tri e o tetra.

Assim, não perfeito como sempre, o Benfica de RV demonstrou estar na linha dos ‘oitenta, oitenta e picos’ que, não garantindo a Liga, são um medidor importante nessa competição. E ser uma derrota com o Bayern na Luz a colocar tudo isso em causa não deixará, nunca, de poder ser considerado imberbe e descabido. Isso porque foi o exagero (a meu ver) na contestação a retirar o elemento preponderante nas anteriores conquistas encarnadas: a confiança.

Hoje o Benfica é alguém com pena de si próprio e com imensas dúvidas existenciais quando entra em campo, sendo o completo oposto daquela equipa que nas segundas metades dos jogos fora para a Liga jogava de frente para a bancada dos seus adeptos e lhes oferecia o golo (na maioria das vezes um chegou) ou os golos necessários à conquista dos três pontos.

Uma contestação exagerada porque ainda que o Benfica fique a passos largos de ser na Europa aquilo que os seus adeptos acham que tem de ser (ideia ajudada pelo populismo e irrealidade dos discursos do presidente; alguma vez ouviram PdC dizer que vai ser campeão da Europa?) a contestação que se gerou foi absolutamente absurda porque castrou a identidade, mentalidade e controle emocional de uma equipa que, jogos antes, tinha, por exemplo, vencido categóricamente no Bessa (onde perdeu o ano passado) e batido o FC Porto da mesma forma que foi batido na época passada: jogo de duelos e rasgo de inspiração a garantir os três pontos. E se esse jogo garantiu a Liga ao Porto, não haveria razão para pensar que este não pudesse ser também importante a devolvê-lo ao Benfica. Ainda assim nada disso foi importante para impedir que adeptos, que de tão evoluídos que são partem cadeiras no próprio estádio, intranquilizassem de forma gigantesca a equipa. São como o vento e lá estarão, na hora da vitória, a tecer loas aos treinadores e a endeusar os jogadores. Mas estar grande parte da confiança da equipa apoiada na volatilidade dos adeptos, também não abonará muito a favor da mesma. Contudo a irracionalidade do que se gerou poderá ter colocado a época em causa.

Quem aproveitou, já se sabe, foi o FC Porto para chegar, jogo a jogo, aos níveis que o tornaram campeão na época passada. Gozando de um capital de simpatia na massa adepta sem igual desde os tempos de Mourinho, Robson ou Villas-Boas, Conceição não viu essa relação ser afectada pelos dois desaires averbados na Liga. Tal como na passada época usou sim a perda de seis pontos para injectar sangue azul na equipa, ao mesmo tempo que encontrou diferentes ajustes defensivos e ofensivos que lhe permitiram uma série invejável quer internamente, quer na Europa. Algo que muitos gabinetes de propaganda tentam explicar com a (falta de) dificuldade do grupo, mas que não explica a facilidade com que os dragões conseguiram 7 pontos em 9 possíveis fora-de-portas. Ir jogar à Alemanha, Rússia e Turquia sem perder é tudo menos um hábito. Contudo o FC Porto é uma equipa que se especializou a bater a concorrência abaixo dos tubarões e isso é algo que os adeptos do Benfica anseiam e querem, talvez, rápido demais – comparando as presenças de um clube de outro na prova talvez ajude a explicar porquês que ainda assim nunca arranjarão lógica na cabeça de quem pensa que o Benfica é, no momento, um colosso europeu.

Adiante, Conceição usou o capital de simpatia e dessa tranquilidade nasceu um novo Porto competente mas que terá de pensar duas vezes quando (ou se) defrontar um tubarão. Deixa ainda bastantes dúvidas o número e a forma como o Porto concede oportunidades de golo contra adversários de valor aproximado ao seu, estando no sorteio da fase a eliminar a resposta e o possível princípio de uma estratégia que mantenha a identidade mas que encontre a causa para os adversários ficarem tanta vez de frente para Casillas. E aí poderá ter-se em conta a forma e o caminho por onde o FC Porto ataca, o posicionamento ofensivo e defensivo de Danilo ou o sentido ‘omnipresente’ de alguns jogadores que poderão pensar que estar em todo o lado e em toda a parte não é excesso de confiança. E daqui à parte da necessidade de transcender a ideia (diferente de mudá-la ou apagá-la) é um salto que cada vez mais treinadores entendem. E com sorte para o FC Porto, Sérgio Conceição é um deles. E esse pensamento evolutivo juntamente com a frontalidade e honestidade com que abordou as derrotas e exibições menos conseguidas (nenhum adepto gosta de levar com areia nos olhos, sendo que os portistas têm essa exigência de frontalidade bem presente) deram-lhe um capital de confiança que gerou tranquilidade à equipa. Ainda assim, o diabo está sempre à espreita. E como se viu para os lados da Luz, deixar que a identidade da equipa esteja assente em expectativas irreais é algo que pode fazer cair um projecto. Cabe a Sérgio esquecer o conforto do que já conseguiu e encontrar a chave mais prática, realista e adequada para bater quem lhe caia em ‘sorte’ nos oitavos-de-final. E isso é bastante diferente de pragmático ou defensivo. Até pode ser com cinco na frente e dois atrás, quem sabe? Recusando ideias é que nunca se lá chegará.

27 Comentários

  1. Que raio…

    Uma crónica de um jogo (ou dois) a marrar nos adeptos! Como se os adeptos fossem para levar a sério, principalmente os mais fervorosos. Os adeptos – onde me incluo, especialmente durante os 90 minutos onde intervém o clube que eu gosto – não estão interessados em grande coisa para além do resultado.

    Julgo que aqui estamos num nível diferente de debate, felizmente. E julgo que os clubes mais bem sucedidos são aqueles que estão se cagando para os adeptos fervorosos ou que tomam decisões cruciais sem dar grande troco às bancadas. Parece-me que o LFV tornou-se – com o tempo – um especialista nisto, ao contrário do PDC dos últimos anos (naturalmente porque ele tem uma série de coisas por explicar e a pressão das bancadas é forte).

    Sobre a comparação entre os resultados dos dois clubes na Europa, a adjectivação é um bocado patética, tendo em conta a realidade objectiva. O Benfica nos últimos dez anos tem prestações globalmente similares às do FCP, pelo menos. Sobre os jogos fora do FCP: na Alemanha foi um dos piores jogos que me lembro de assistir na Champions, aquilo foi simplesmente péssimo de parte-a-parte; e nos restantes, dentro ou fora, como tu próprio foste assinalando, o FCP teve dificuldades contra equipas de baixo nível, sobretudo na forma como concedeu inúmeras oportunidades de golo. De todas as formas e feitios.

    Sobre a contestação ao Vitórias, ela é natural num clube de insatisfeitos crónicos (eu cresci com as bancadas a assobiarem o Paneira, o Pacheco, o Rui Águas, o Zé Carlos, enfim, um fartote) e de gente que se julga a jogar com o Eusébio, o Simões, o Coluna, o Germano, o Costa Pereira, o Cavém e o diabo-a-quatro. Não há nada a fazer quanto a isto, basta ires ao Geração Benfica para levares com um mestrado de ilusões. Mas este ilusionismo não vem de agora. Vem de sempre. Até o JJ (que é o treinador mais titulado da história do Benfica e que destruiu, muitas vezes de goleada, a maioria dos clubes europeus no Estádio da Luz, excepto os colossos e alguns – poucos – pernas de pau), dizia, até o JJ era odiado por uma boa parte dos adeptos do Benfica. Quem não entende esta realidade (e está-se cagando para ela, com alguma diplomacia pelo meio) não serve para estar, jogar, defender o Benfica.

    • Ai Edson, tu marras tanto para o vermelho que acabas quase sempre a dizer asneirada.

      Então:

      Em 5 anos na LC
      SLB 30 (Total de pontos)
      FCP 61 (Total de pontos)

      Em 3 anos na LC
      SLB 15 (Total de pontos)
      FCP 37 (Total de pontos)

      Em 5 anos
      SLB passou 2x
      FCP passou 4x

      pontos ultimas 5 épocas
      SLB 5,10,8,0.7
      FCP 14,10,11,10,16

      O Benfica tem prestações idênticas às do FCP na CL em que planeta? E isto inclui o ano do mago NES, por exemplo.

      Depois, concordo que o jogo da Alemanha foi horrível. Assim como concordo que falta muita coisa ao modelo e ideia de jogo do SC, mas nem é tão mau como tu dizes (lá está o marranço vermelho), nem é tão bom como querem acreditar alguns adeptos, óbivo.

      Finalmente, o grupo da Liga Europa é composto por 3 clubes com orçamentos superiores aos do FCP. Ainda assim, quando se vai lá para dentro, bem ou mal, como dizes, aos adeptos importa é ganhar. Estão aí os números. Posso-te ir procurar os de há 10 anos para cá, se quiseres…

  2. Considerando grande parte dos teus artigos geniais, não poderia estar mais em desacordo com este.
    De facto, o que acontece esta época com o Benfica passa por ressuscitar os fantasmas das últimas épocas, tenham sido elas coroadas com o título nacional, esse sim grande barómetro ou não. E se quando ganhas um título com diversas vitórias tangenciais e sem impressionar, os resultados acalmam grande parte dos adeptos e transcendem os mais otimistas, quando às exibições mais cinzentas correspondem resultados cinzentos, a paciência esgota-se.
    Para além disso, uma pequena correção, os comportamentos condenáveis e violentos de determinados grupos de adeptos estão longe de estar relacionados com a contestação à equipa. Já aconteciam quando o Benfica ganhava e esses grupos têm sido até dos mais condescendentes com a performance da equipa provavelmente por razões que nada têm a ver com futebol.
    Para quem vive no Porto e conhece a gente que por cá vive, é mais ou menos fácil perceber o efeito “Conceição” na equipa do Porto. Os resultados e a atitude comprometida dos jogadores são motivo mais que suficiente para os adeptos do clube darem a estabilidade emocional que a equipa necessita. Aqui por cima chama-se “ter sangue na guelra” e, se a isso se juntar resultados positivos, é tudo o que os adeptos precisam para mostrar o seu apoio.

  3. A contestação ao Rui Vitória não começou com a liga dos campeões. Começou com duas derrotas seguidas na liga, em jogos em que a equipa apresentou um futebol sofrível. Acentuou-se com a ansiedade da equipa que levou a exibições fracas, mesmo quando o resultado aparecia.

    O Benfica perdeu 3-1 em casa com o Moreirense. E esteve 60 minutos em desvantagem sem conseguir apresentar quaisquer argumentos para contrariar um adversário que não era assim tão forte. Se foram 2 maus resultados a catapultar esta contestação, também é verdade que o discurso do Rui Vitória a mandar areia para os olhos é irritante. (dizer que o Benfica quando empata com o ajax com um frango numa bola parada fez uma exibição forte e que a equipa mostrou reacção é quase como uma provocação a quem pagou bilhete para lá estar).

  4. O problema do (meu) Benfica é jogar muito pouquinho, mesmo quando ganhava. Se calhar por também treinar muito pouquinho (ou mal).

  5. Um framework resultadista serve para analisar resultados. Usar resultados para analisar o jogo de uma equipa é, no mínimo, desajustado. Nunca discordei tanto de um texto por aqui. Pá, e usar como argumento a malta que parte cadeiras é tomar o todo pela parte: uma tremenda falácia-

  6. Não podia discordar mais em relação à contestação dos adeptos do Benfica ser exagerada. É preciso ver que isto vem depois de um ano muito fraco da equipa – sim acabou em 2o mas com a ajuda. As más exibições, os equívocos na escolha de jogadores, a aparente desconexão com os próprios jogadores (alguém tem visto algum jogador festejar um golo ou elogiar o Vitória??) e (sobretudo) o discurso muito fraco e de quem é ou é um péssimo péssimo comunicador ou não faz ideia do que está a fazer (ou as duas coisas). Mas a culpa talvez seja do Jesus. Habituou mal os adeptos a golear ou ganhar equipas médias europeias e a lutar de igual para igual com Juventus ou Chelsea.

  7. Não é verdade. E basta dar uma volta a meia duzia de sites afetos ao Benfica, para perceber que a contestação ja vem de longe. E se as vitórias atenuavam o ruido, este tornou-se insustentável, depois das duas derrotas seguidas contra Belenenses e Moreirense. Não foi nem o Bayern, nem o Ajax…

    Mas não é pelo barulho que os resultados estão agora mais proximos da qualidade do futebol apresentado. Como se pode ler em varias análises feitas neste site à forma de jogar do Benfica de Rui Vitória, a equipa tem claudicado pela maneira como ataca, previsível e fácil de defender. E pela maneira como defende, com as linhas demasiadamente afastadas umas das outras, e na forma como alguns jogadores, sistematicamente, falham as compensações e a contenção.

  8. “Mas antes de elaborarmos a ideia convirá também não esquecer a surpresa que foi para mim a reacção do Tribunal da Luz à qualidade exibicional da sua equipa. Isto porque não foi a Liga o barómetro para o trabalho do colectivo ser totalmente posto em causa de uma forma que criou (ou fez emergir) dúvidas de identidade no mesmo. Foi sim a participação na fase-de-grupos da Champions a levantar uma contestação que ao dia de hoje ainda deixa marcas psicológicas num conjunto que a meu ver não merecia inusitada contestação – ou pelo menos aquela forma de contestação.”

    Isto é falso e conheço muita gente mesmo nos meios que frequento com benfiquistas e por exemplo no fórum serbenfiquista que não gosta de Rui Vitória por razões que nada têm que ver com a Liga dos Campeões desta época. Juro que não percebo esta súbita defesa gigante de um treinador medíocre.

    Eu já o disse e volto a dizer que não sou catedrático nenhum de futebol, tenho formação em engenharia e tudo o que sei de mais profundo tacticamente foi com análises feitas aqui, no Posse de bola, no Domínio Táctico e no Entre Dez.

    Eu sei que toda a gente tem direito a ter uma opinião mas isso não significa que todas as opiniões estejam correctas peço desculpa…

    Rui Vitória põe as equipas a jogar um futebol agonizante. Já o fazia no Paços de Ferreira e no Vitória. (Já treinadores dignos desse nome como Paulo Fonseca com pouco conseguiram fazer muito…E fazer muito não é ganhar a Taça de Portugal com o Vitória contra uma equipa emocionalmente destruída numa prova que nada tem que ver com regularidade e com qualidade de jogo e cujos embates são completamente aleatórios)

    Na 1a e 2a época Benfica ganhou APESAR de Rui Vitória.
    O Benfica cavalgou porque tinha uma matriz táctica incrível implementada durante 6 anos e jogadores como Luisão com voz no balneário ajudaram imenso à recuperação. Na 2a época o Benfica tinha uma equipa individualmente muito superior aos rivais.

    Rui Vitória na 3a época com cada vez menos ideias do trabalho deixado por JJ começa a implementar cada vez mais o famoso “Processo” e estão à vista os resultados…

    Rui Vitória é posto muito em causa porque o Benfica renasceu com JJ que é indiscutivelmente o treinador mais importante no Benfica no século XXI. Que pôs o Benfica no mapa em Portugal e depois na Europa. Vou só lembrar que JJ chega ao Benfica depois de quatro 3os lugares seguidos! Que o Benfica era uma equipa sob o ponto de vista exibicional ridícula que qualquer equipa podia disputar o jogo com o Benfica na Luz e o Benfica arriscava-se sempre a resultados humilhantes…

    Sob o ponto de vista de regularidade o Benfica na era JJ era em tudo superior ao de Rui Vitória e isto porque o futebol praticado era muito mais sólido do que aquilo que Rui Vitória faz. Nada tem que ver com a Liga dos campeões. A liga dos campeões foi só uma extensão do fraco futebol que o Benfica joga.

    Num futuro quando se reflectir sobre qual a derrota mais humilhante na Europa já deixou de ser Vigo. Foi sem dúvida em Basileia o ano passado…Nem tem comparação possível…O Celta tinha Makelele, Mostovoi, McCarthy, Juanfran e ainda ganharam nesse ano 4-0 ou 4-1 à Juventus…O Basileia foi o 2o classificado da liga Suíça nesse ano…Quer dizer é comparar o incomparável.

    Rui Vitória NUNCA conseguiria eliminar a Juventus em 2014 com 9 jogadores em Turim e apresentar aquele comportamento defensivo irrepreensível. Ainda que tivesse aqueles jogadores. E é isto que faz diferença de ter alguém no banco que sabe o que fazer com os jogadores que tem à disposição.

    Não esquecer Tondela na Luz a época passada e este ano os resultados contra Belenenses e Moreirense a par de exibições paupérrimas em vitórias…

    Pelo que eu achava que se defendia aqui Rui Vitória é a antítese completa da predominância do cérebro sobre o físico mas acho que estou a perder o meu tempo porque parece haver qualquer tipo de agenda aqui no Lateral Esquerdo para defender Rui Vitória…Não sei se existe alguém da família do mesmo, se alguém tem conexões com a direcção de Vieira ou se é simplesmente troll de rivais que gozam o deleite do Benfica ter um treinador completamente inapto….

  9. Tinha eu acabado de escrever e em enviar o outro comentário quando me apercebi de quanto burro tinha sido… Me’mo, me’mo burro!
    Deixem-me corrigir.

    Resultados e qualidade de futebol estão perfeitamente em sintonia no caso de muitos treinadores. Pelo menos parecem estar no caso de Rui Vitória e Sérgio Conceição. Basta fazer uma pequenina operação – distribuir o balanço de vitórias e derrotas pelos vários graus de valia dos opositores.

    Neste ponto é preciso fazer algum trabalhinho. Consideremos a seguinte divisão: classe AAA serão os crónicos vencedores da LC (meia dúzia de clubes no máximo); classe AA – as equipas que tenham derrotado numa eliminatória com uma frequência significativa (mínimo de 30%) equipas da classe anterior; classe A – as equipas mais fortes dos respectivos campeonatos, e com presença frequente na LC, ou boas presenças na LE. classe B – as equipas relativamente fortes nos seus campeonatos campeonatos, que conseguem chegar à LE; classe C – as equipas competentes nos campeonatos, que não descem de divisão, mas também não chegam às competições europeias; classe D – luta para não descer.

    O Benfica de Rui Vitória tem uma prestação bestial com as equipas das classes B e C, mas contra o Sporting raramente ganha (duas vezes?), e contra o Porto só uma vez. Na europa, teve uma prestação ao nível A, nos dois primeiros anos, certamente muito menos que isso no terceiro ano, e se não fosse o acto isolado do Alfa Semedo em Atenas, não sei não. Relembrando porém a sua prestação nas pré-eliminatórias temos que lhe conceder o nível A este ano; o que é exigível à partida – bater o ponto, por outras palavras. Sobre Sérgio Conceição na Europa não sabemos bem, encontraram no primeiro ano de SC uma super-equipa, a que mais deslumbrou no mundo o ano passado… ok, ok, voltemos à contabilidade, esqueçamos a beleza, o flow, como se diz no râguebi … *dá chapada na cara* … e por isso é difícil de avaliar entre A e AA. Este ano também, pela razão oposta ‘ opositores demasiado fracos. Teremos de esperar pelos próximos episódios.

    Pois é, os adeptos do SLB que protestam queriam que o seu clube nas mãos de RV tivesse comportamentos de AA, e os do FCP que não protestam fazem-no porque honestamente ninguêm pode dizer que o seu clube nas mãos de SC não é um clube de nível AA.
    Os adeptos dos dois clubes têm mais em comum que os promotores do lamaçal conseguiriam admitir. Há uma grande vontade dos dirigentes não-desportivos em acreditar que o comum das pessoas são parvas. Eu também teria vontade, se fosse uma dessas mediocridadezinhas. Convém sabermos distinguir-nos dessas pessoas.

    Daqui a pouco joga o Guardiola. Mal posso esperar para saber o resultado!

  10. Acho que já foi tudo dito nos comentários.

    Só não vê a falta de treino, de processos, de sintonias e de entrosamento quem não quer. Só não vê o fator sorte como grande explicativo de algumas vitórias do Benfica quem não quer. Só não vê que o RV não tem qualidade para ser treinador de futebol de um clube como o Benfica, quem não quer.

    O pior é ver que há quem se conforme com levar 2-0 e 5-1 em Munique de um Bayern a meio-gás. Isso sim, é o pior. É a “sportinguização” do Benfica.

  11. Discordo desta análise.
    O Luis1904, principalmente, e outros que aqui comentaram apresentaram analises que me parecem mais correctas.

    A contestação atingiu o pico depois das derrotas com o Belenenses e o Moreirense, não com o jogo do Bayern. Mas a insatisfação/desconfiança sempre existiu, mesmo desde o primeiro ano do RV (com excepção da segunda metade da primeira temporada e na segunda temporada em que a equipa até jogava alguma coisa).

    O que aconteceu este ano foi algo que ainda não tinha acontecido antes, um ciclo de 4 ou 5 jogos seguidos, depois da vitória contra o porto onde às más exibições se somaram maus resultados. Aí a insatisfação transformou-se em contestação. Aliás, houve um momento parecido aconteceu logo no inicio do 1o ano de RV mas aí foi o contexto que lhe deu mais tolerância por parte dos adeptos e por isso é não foi tão contestado como agora está a ser.

    Os adeptos são mais emocionais do que racionais, é certo, mas não me parece que sejam completamente estúpidos. Podem não saber explicar com base em conceitos técnicos e tácticos o que está mal na equipa mas “sentem” quando a equipa está a ser competente e quando não está e o SLB do RV (não só mas principalmente neste ano) parece muito pouco competente. Depois sim, entram os resultados. Os bons resultados disfarçam a incompetência tal como os maus resultados podem por em causa a competência.

    A comparação entre a contestação ao RV e ao JJ também tem de ser posta em perspectiva porque têm naturezas diferentes. Não me lembro de a contestação ao JJ ser porque “a equipa não joga nada” era sempre porque “falhava/inventava em jogos decisivos”. O RV é contestado porque a equipa mete dó em campo.

    Concordo que a confiança dos adeptos alimenta e ajuda a carregar a equipa mas a confiança/desconfiança dos adeptos na equipa tem origem não apenas nos resultados mas na forma como estes são obtidos (de forma convincente/competente ou o contrário). E mesmo os bons resultados do Benfica de RV têm, ultimamente, sido obtidos “à rasquinha” ou num lance individual (como por exemplo este livre do Grimaldo no último jogo). Este tipo de vitórias não serve para aumentar a confiança dos adeptos na equipa, bem pelo contrario, e portanto é normal que essa relação equipa-adeptos fique mais frágil e a contestação mais dependente dos resultados.

  12. Quando não há argumentos para se defender a qualidade do treinador toca a atacar directamente quem o critica, que pobre este texto tantas palavras para defender o indefensável com críticas baratas a adeptos que podem não saber analisar ao pormenor o que se passa em campo mas sabem que a comida não está bem confeccionada, é não é por esperarem um Benfica campeão Europeu, é por esperarem um Benfica de oitavos de final, que não é nada de extraordinário de exigir, um Ajax com qualidade semelhante ao Benfica, no que diz respeito a individualidades, disputou jogos com um gigante em baixo de forma, algo que o Benfica não conseguiu.

    Mas é culpa dos adeptos que não lhes deram confiança, por amor de Deus, isto está ao nível da Btv em termos de mandar areia para os olhos, muito desiludido com esta página, já não é o primeiro texto que parece ter sido saído do departamento de comunicação da Luz.

  13. Quando o Vitória levava porrada de todos (e bem), aqui faziam-se análises técnicas às limitações ou (in)capacidade da equipa. Agora que querem fazer crer que a crise passou, deparo-me aqui com um texto que nos explica que a culpa é de dois ou três frustrados que partem cadeiras. Além disso também me parece surreal colocar os problemas em cima dos jogos contra o Ajax (em que nem jogámos mal) ou Bayern (quem nunca levou uma tareia em Munique?). Jogos contra Moreirense, Beleneses, Arouca, Setúbal, foram maus de mais para ser verdade.

    Não tenho feitio para partir cadeiras ou sequer andar a gritar quando vou ao estádio, mas não me lembro de ver um treinador a ser despachado por ter o estádio inteiro a aplaudi-lo. E se a direção do SLB, por incapacidade ou por ter interesses terceiros, não é capaz de o fazer, que sejam os adeptos, tanto aqueles que gostam do clube como aqueles que gostam de futebol (ou de ambos).

  14. Este é um artigo que podia ser repetido num programa de comentários a futebol e não se percebia a diferença. Não é só de ser um mau artigo, é banal, irrisório e esquecível. Do Lateral Esquerdo espera-se sempre muito mais.

  15. A contestação dos adeptos vem sobretudo da ideia que RV tem para o Benfica, ou seja, o ideal é controlar o jogo baixando a equipa no campo e ser eficaz nas transições ofensivas. Tendo em conta todo o investimento feito na equipa principal, não é este o futebol que os benfiquistas querem ir ao estádio. Se na Liga maior parte dos adversários tem um orçamento e uma equipa tão inferior ao Benfica, que a vitória aparece mais facilmente, se bem que assente na qualidade individual, na Liga dos Campeões fica-se com a ideia que o Benfica não tem lugar na mesma, porque já não existe essa diferença de orçamento e de qualidade individual.

  16. Eu sempre defendi o Rui Vitória e respeito o trabalho que fez no Benfica mas isto já não é nada. A malta já vomita Pizzis e afins. Tudo bem que tem tido jogadores importantes lesionados mas agora tem tudo para voltar a um esquema parecido com o do AiJesus no seu primeiro ano: uma espécie de losangulo. Gedson pelo Ramires, Krovi no lugar do Aimar e Zivko no do Di Magia, Félix ou Rafa no do Saviola e Jonas pelo poste de iluminação. Também pode jogar com o Gedson e Krovi como interiores e o Félix a 10. Claro que não tem o David Luiz, que faz toda a diferença, nem o Maxi ou mesmo o Javi que pelo menos sabia fazer passes, mas melhor que isto é de certeza. Ainda por cima podia manter algumas das rotinas porque para transforamar este 442 num 433 basta o Krovi descer um bocadinho, o Zvko subir e o Felix encostar-se à linha. Demora aí uns 5 segundos.
    Há dois ou três dias partiu-me todo com aquela lenga-lenga de ser muito dificil o Benfica contratar um jogador que entre directamente na equipa. Não sabia se havia de rir se de chorar. Até parece que o Benfica tem lá 11 craques de nivel mundial. Todas as equipas contratam jogadores que entram directamente a não ser que o Presidente não pague mais que 5M por um jogador.
    As fragilidades da equipa e do plantel já lá estavam desde o inicio e eram facilmente identificaveis, nem vale a pena repeti-las. No inicio da época andava era espremidinha. Quando levámos o golo no ultimo minuto em Amesterdão, a equipa sentiu-se, tal como se tinha sentido qd sofremos o golo do Porto no ano passado. Só que, na minha opinião, o Vitória errou grandemente ao repetir o 11 no jogo a seguir. Estava na cara que à primeira contrariedade se iriam abaixo animica e fisicamente. Eu não vi o jogo mas dizem que o Benfica podia ter marcado na primeira parte mas isso nao interessa nada. Devia ter mudado 3 ou 4 jogadores, até porque se perdessem, como aconteceu, a equipa não sofria tanto animicamente.
    Quanto aos adeptos, o Nietzsche escreveu algures (já não me lembro em que livri) que a maioria das pessoas, quando se enganam acerca de uma pessoa, passam a odiá-lo. Estou tentado a dar-lhe razão neste caso. A maioria nunca gostou dele, pelo menos os mais ruidosos. Lá tiveram de o engolir porque em dois anos foi campeao duas vezes, ganhou uma taça e fez mais na Champions que o AiJesus em 6 anos, ou 5, já não me lembro se no primeiro ano dele tinhamos entrado na champions. E com equipas inferiores, Só que à primeira oportunidade lá lhes saltou a tampa e volta o mesmo discurso do nunca valeu nada etc etc.

    • “Só que à primeira oportunidade lá lhes saltou a tampa e volta o mesmo discurso do nunca valeu nada etc etc.”
      É surreal ler isto. É preciso ter memória curta… Há anos que vem em decadência tanto a nível de exibições como de resultados, dando razões suficientes para dizermos que efetivamente não esteve à altura do desafio. Quando falhou acabou por cometer mais erros. Vão salvando os resultados que vão sendo conseguidos, mas enfim. Podemos culpar a estrutura de falta de investimento, as lesões que têm acontecido.
      Numa visão mais resultadista:
      Alguns números curiosos, desde o primeiro ano de RV até este ano que a percentagem de vitórias é: 77%, 72%, 60%, 63%.
      De referir a qualidade do plantel e rotinas já criadas no seu primeiro ano. 8ºs da Champions, tendo perdido para o Bayern mas tendo feito dois bons jogos. Campeões com dois pontos de diferença para o Sporting. A partir daqui, foi sempre a descer: no ano seguinte conseguem apenas duas vitórias contra um modesto D. Kiev na fase de grupos e ganhar a primeira mão ao B. Dortmund. Campeões mas com mais dificuldade. Começaram logo a apontar diversas debilidades. Terceiro ano sabemos como foi, a pior Champions de sempre e já não foram campeões por 7 pontos. Quarto ano é o atual, pelo que na Champions valeram os milagres contra um AEK muito inferior em termos qualitativos (caso contrário, novamente fora de qualquer competição internacional) e na liga outros milagres vão acontecendo e mantendo o Benfica perto do topo.
      Não pretendo de alguma forma insultar alguém mas eu acho que o RV já passou o seu tempo no Benfica.

      • Já escrevi uma retrospectiva sobre o trabalho do Rui Vitoria num post anterior. Se quiseres ler poder ir lá. Penso que não vale a pena repetir-me.
        Ontem fui rever o jogo com o Ajax na Luz porque me lembrava que tinha sido o ultimo bom jogo (dentro das muitas limitações da equipa) que fizemos. Curiosamente, ou talvez não, o Pizzi não joga. O Grimaldo e o Gedson fazem grandes exibiçoes e o Jonas fica limitado no fim da primeira parte e sai no inicio da segunda.
        O Benfica é muito superior ao Ajax nesse jogo. Dominamos mais de 80 por cento do jogo, temos muito mais oportunidades. Aliás, que me lembre, o Ajax só tem a do golo, que é uma falha imperdoável do André Almeida.
        Já no jogo lá tinhamos dividido a primeira parte e fomos inferiores na segunda.
        No computo geral fomo superiores ao Ajax nos dois jogos e os resultados justos seriam ou um empate lá e uma vitoria pela margem minima ca ou, mais justo ainda, para mim, uma derrota lá pela margem minima e uma vitoria cá por dois golos. ISTO é o que vais ver se voltares a ver os jogos. E ATENÇÃO, que o Benfica só saía pela esquerda, pelo Grimaldo, ou de chutão (isto pelas caracteristicas dos jogadores da defesa do Benfica), e mesmo assim fomos bastante superiores. Ora, o Vitoria não pode ser tão mau assim.
        Mas sabes o que é mesmo surreal? É andar há anos a ler grandes elogios às campanhas na liga Europa do AiJesus, propagada por um exercito de adoradores, quando na verdade, na realidade, só encontrou a Juve e o Chelsea que fossem equipas de jeito. Ganhou a uma delas, uau!! Tirando essas DUAS equipas, o melhor que encontrou foi o Sevilha, o Leverkussen e o Fenerbach. Ganhou ao Fener com a carne toda no assador e perdeu o jogo com o Estoril no fim de semana a seguir.

      • Em jeito de conclusão, ou o Vieira é um vendedor da banha da cobra ou é um gajo sério e no dia 2 temos cá um central que seja patrão, saiba sair a jogar e, de preferencia, tambem saiba fazer passes longos, nem que tenha de pagar 20M por ele, e um lateral direito que saiba sair a jogar e, já agora, que tambem saiba centrar. É que este problema do central e do lateral direito já se arrasta há ano e meio e já mete nojo.

  17. Diz o autor no texto que o Vieira é populista ao dizer que quer ser campeao europeu mas eu não acho nada que seja.
    O Benfica entrou numa nova fase. Começou no ano passado e passa pela retenção de talentos. Estão a fazer uma nova equipa para ter duas ou tres tentativas de disputarem a champions a começar daqui a dois ou tres anos. Não é impossivel que uma equipa composta por:
    Florentino e Gedson, dois médios super completos de nivel mundial que a jogarem juntos limpam o meio campo todo; João Felix e João Filipe, dois géniozinhos que se farão grandes. Têm tanto ou mais potencial que o Ronaldo e o Figo. O Úmaro, o Tiago Dantas, o David Tavares, o Krovinovic, juntando-lhes uma boa defesa e um ponta de lança de 40M. que na volta até podia ter sido o Jovic, e podes muito bem ganhar a Champions.
    Se foram campeoes europeus de sub17 e sub19, porque não hão de ser nos séniores?
    Basta que os jogadores entrem na equipa aos 19, 20, e saiam só aos 23,24. Têm de subir os salários.

    • E porque é que eu acho que podemos ser campeoes (ter duas ou tres tantativas) com miudos de 22, 23 anos, desde que tenham qualidade, que é o caso. Porque, se repararem bem, os craques têm a primeira explosão de forma por volta dos 21, 22, 23 anos, depende do jogador. Vejam o Ronaldo, o Messi, o Bernardo, o Ajax que foi campeao europeu com miudos de 20 anos mais o Rijkaard, etc; tiveram a primeira explosão por essa idade. Depois, normalmente, baixam um bocadito para depois voltarem mais consistentes, mas muitas vezes já sem a exuberancia da juventude. É nessa altura que se costumam fazer as transferencias.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*