O poder da receção orientada (os “nossos” exemplos)

O A e B do futebol são a simplicidade dos passes e suas receções, após um passe, há sempre uma receção, um trunfo para quem dominar estar arte.

A receção é uma das partes integrantes do processo técnico, visando dar dinâmica ao jogo de uma equipa. Mas desengane-se quem só achar que é puramente técnica, há que ter a capacidade de antecipar e decidir para provocar desequilíbrios, fundamental colocar-se em posição privilegiada para dar sequência à jogada.

A receção orientada torna-se o principal veículo para um desequilíbrio iminente, a forma como pensam o jogo uns segundos antes do adversário traz a vantagem do tempo e espaço para executar. Reparem nos exemplos, com desequilíbrio individual de Camacho ante Mathieu (aos 10 segundos no vídeo) e no exemplo coletivo do Belenenses (ao segundo 42) que na combinação do passe e receção de Lucca ultrapassa toda a linha média do Boavista.

Quem domina esta particularidade recebe a bola sabendo já, o que vai fazer com ela e, dessa forma, orientar todo o movimento para a próxima etapa. (vídeo com som)

 

 

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Leandro Monteiro, desde muito novo é aficionado pelo estudo do futebol, fazendo-o enveredar por uma formação superior em Ciências do Desporto, indagando mais sobre a modalidade. Durante a realização do mestrado, juntou-se ao plantel profissional dos seniores do Sporting Clube da Covilhã, onde esteve a trabalhar durante sete anos. Neste, aliava a coordenação do scouting, com a preparação física, a observação dos adversários e da própria equipa, sendo treinador principal dos juniores e equipa sénior B. Deste percurso destaca-se o facto de na equipa B, ter sido o treinador mais novo campeão de Portugal em seniores, aquando da conquista do Campeonato Distrital. Alcançando na época seguinte a subida aos campeonatos nacionais, pelos juniores. Atualmente é analista de futebol. Contato: leandrocgmonteiro@gmail.com

3 Comentários

  1. O Benfica possui os melhores nesta area nas transiçoes ofensivas com a procura da profundidade, onde a receçao orientada em alta velocidade no sentido da baliza ou no engano é fundamental( jonas, grimaldo, rafa, cervi, gedson, Joao Felix, pizzi mesmo o seferovic) e é uma das razoes do sucesso dos seus processos de pressao alta seguida das triangulaçoes nas laterais, modelo que parece simples mas tao eficaz com esses jogadores. O jogador chave nesse sistema é o Fejsa que procura sempre o desarme e nao a contençao.

    E um modelo e uma postura que nao é do agrado dos adeptos que gostam mais de posse de bola em organisaçao ofensiva e combinaçoes entre as linhas com os bem amados Joao Felix, Krovi, Ziv. O Ziv trouxe equilibrio com o braga no jogo interior, e o crescimento abissal do Gedson devem dar uma mais valia ao Benfica até ao fim do ano.

    Como a França no campeonato do mundo, acho que o RV encontrou o melhor modelo com os jogadores disponiveis para a conquista nacional.
    Para altos voos, o desequilibrio defensivo e falta de contençao no centro do jogo, pos linha de pressao alta, serà sempre fatal com as grandes equipas mas como a liga dos campeoes jà se foi, o melhor foi mesmo guardar o RV.

  2. Sim, claro, tudo bem dito. No entanto, há um momento na evolução de um jogador em que tens de contrariar a recepção orientada. Passo a explicar, ou a tentar.
    Muitas vezes, em vez da recepção orientada, tens de colar a bola ao pé. Quando tens um lado cego e não sabes se está lá algum adversário, ou simplesmente não tiveste tempo para olhar, o colar a bola ao pé dá-te aquelas decimas de segundo para olhar e decidir onde meter a bola a seguir. Mesmo em movimento.
    Um exemplo.
    O lance do Neymar com o Neuer quando este lhe vem roubar a bola quase ao meio campo. O Messi dificilmente perderia aquela bola. O Messi tinha colado a bola ao pé, o que o faria perder umas decimas, mas o proximo toque já seria para fintar o Neuer. Recebe com a direita, olha enquanto dá o passo com a esquerda e decide. Muitas vezes o desfazamento do movimento por ter a bola colada faz com que pareça que coxeia. Não é fácil manter o equilibrio e a força para não cair e não perder muito tempo. É por isso que vemos o Maradona muitas vezes a correr desequilibrado, por exemplo. Mas é nessas falhas do tempo que normalmente se decide e se vê o jogo.

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