O que esperar do Benfica de Bruno Lage

Este artigo tem o intuito de vislumbrar o que se pode esperar de um remodelado Benfica. Muito se tem falado sobre o novo treinador, mas pouco se conhece das suas ideias e como as poderá operacionalizar.

Estamos num contexto de um colosso do futebol português que passa a maior parte do tempo em posse e com envolvência ofensiva, assim fomos detalhar o que Bruno Lage realizou na equipa B.

Constatamos, claramente, um jogo de paciência na procura do espaço certo para desequilibrar. Na primeira fase de construção procura uma saída paciente alvejando queimar etapas com progressão entrelinhas (com um elemento a vir buscar jogo interior) ultrapassando vários jogadores adversários evoluindo no último terço para duas variantes:

  • A envolvência interior, através de movimentos na profundidade com combinação (52 segundos);
  • Pela superioridade numérica numa circulação exterior, insistindo num 2×1 perante o ala adversário e consequente ação de cruzamento para finalização (12 segundos).

Aquando do cruzamento (haverá bastantes) a zona de ataque primordial será entre o segundo central e lateral oposto (minuto 3:27).

Nota-se que para qualquer das variantes há a preocupação constante da equipa estar em campo grande, ou seja, ter nos corredores laterais jogadores a “pisar” a linha, de modo a ganhar amplitude no seu jogo (minuto 1:04).

Outro aspeto que se salienta é a capacidade da procura dos médios para jogarem nas costas da linha média adversária (minuto 1:12), explorando o campo cego de visão dos opositores. Por vezes, até é o avançado que chega mesmo a baixar para essa zona permitindo a subida de linhas na posse de bola ofensiva.

Bruno Lage, tem 42 anos, esteve 8 anos na formação do Benfica, onde passou por todos os escalões de formação, saindo em 2012 para Al Ahli, de 2015 a 2018 integrou a equipa técnica liderada por Carlos Carvalhal no Sheffield Wednesday e Swansea.

É um treinador que valoriza primordialmente o treino, tal como o próprio diz no seu livro: “Privilegiando o treino como um espaço de aquisição de competências de evolução e não apenas como um momento de exercitação, os jogadores apresentarão mais recursos tornando-se mais competentes, mais preparados, e em consequência formarão uma equipa mais competitiva, com maior capacidade para jogar bem e consequentemente vencer mais vezes” (do livro Formação: da Iniciação à equipa B)

Foi um dos protagonistas na lapidação de jogadores como Bernardo Silva, Gonçalo Guedes, Ederson, André Gomes, João Cancelo, Rony Lopes, Ivan Cavaleiro, Hélder Costa, Bruno Varela, Bruno Gaspar, Ricardo Horta, David Simão, entre outros.

Vídeo com Som.

 

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Leandro Monteiro, desde muito novo é aficionado pelo estudo do futebol, fazendo-o enveredar por uma formação superior em Ciências do Desporto, indagando mais sobre a modalidade. Durante a realização do mestrado, juntou-se ao plantel profissional dos seniores do Sporting Clube da Covilhã, onde esteve a trabalhar durante sete anos. Neste, aliava a coordenação do scouting, com a preparação física, a observação dos adversários e da própria equipa, sendo treinador principal dos juniores e equipa sénior B. Deste percurso destaca-se o facto de na equipa B, ter sido o treinador mais novo campeão de Portugal em seniores, aquando da conquista do Campeonato Distrital. Alcançando na época seguinte a subida aos campeonatos nacionais, pelos juniores. Atualmente é analista de futebol. Contato: leandrocgmonteiro@gmail.com

5 Comentários

  1. Bruno Lage (que não faço a mais pálida ideia quem é) tem condições para engrandecer esta equipa do Benfica e capacitá-la para jogar bem. É tecnicamente muito competente, ou não se teria visto escolhido pelo excelente C. Carvalhal, e é um treinador sem grande experiência no nível no qual actuará a partir de agora, o que é óptimo, já que significa tratar-se de um treinador sem vícios / sem fantasmas / sem macacos na cabeça. Enquanto este (agora) treinador principal lá estiver o Benfica melhorará muitíssimo relativamente a Rui Vitória, e pena é (para a Benfica) que a coisa dure não mais do que duas ou três semanas. (Os problemas virão depois.) Segue-se uma pequena lista de treinadores que poderão ingressar no Benfica e terminarei este comentário com aquela que seria a minha escolha, escolha essa exercidas no melhor interesse do Benfica, imaginando-me aliado do Benfica e defendendo desse modo os seus / nossos interesses:

    Escolhas possíveis: Jorge Jesus, do qual sou fã, pelo menos daquele que treinou em Portugal, não necessariamente daquele que hoje anda pelo Médio Oriente e dá entrevistas cada uma pior do que a anterior. Não seria no entanto uma boa escolha. Longe disso. Idem para Leonardo Jardim. Igualmente, Manuel Machado, Vitor Paneira, João de Deus ou Ulisses Morais, todos eles treinadores desocupados. Boa escolha: Carlos Carvalhal. Excelente escolha, dir-se-ia. No reino das hipóteses, discutidos em diversos fóruns associáveis ao Benfica: Julen Lopetegui, Luigi Delneri, Diego Bortoluzzi e Siniša Mihajlović. Ainda, Mário Wilson, Brian Deane, Graeme Souness, Akwá, Paulo Madeira, ou Phil Neville. Não subscrevo obviamente qualquer / quaisquer destes nomes, embora não me surpreenda que pessoas do Benfica os discutam. E finalmente, a minha escolha, que é um simultâneo e objectivamente a melhor escolha para o Benfica: Paulo Sousa.

  2. Com o rótulo de interino, acham que Bruno Lage terá capacidade de convencer o plantel das suas ideias, sabendo os jogadores que este se encontra a prazo?

  3. O paulo sousa anda desempregado… mas sendo LVP a escolher é melhor que seja o luìs Castro como fala a imprensa. Pq a escolha vai ser num treinador que aposte na formação e nem sempre isso é sinònimo de ser um treinador com condições pata treinar um grande , eu qcho que o Akwá terá grandes chances…

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