Atrair dentro para ir fora – Pep a inovar

Na recepção ao Arsenal, um dos candidatos ao titulo, Pep voltou a inovar com uma dinâmica assimétrica no momento ofensivo. Numa espécie de 3x4x3 em ataque posicional, aparecendo Fernandinho a central mas a colocar-se nas costas da linha avançada adversária, o City foi avassalador com bola e extremamente agressivo na transição defensiva.

O Manchester City adoptou uma saída a 3 na construção com os laterais mais baixos e Otamendi no meio de ambos, aparecendo Fernandinho e Gundogan nas costas da 1ªlinha de pressão. Por fora, apareciam Bernardo e Sterling bem largos e profundos em cada corredor para que De Bruyne e Silva conseguissem receber entre-linhas. Mais do que estes posicionamentos, uma infinidade de dinâmicas que proporcionaram constantes chegadas ao último terço de forma ligada.

Ofensivamente, o City é a equipa mais capaz do mundo. Não somente por ter os melhores jogadores, mas principalmente porque têm um ataque posicional de qualidade excepcional que permite aos “citizens” chegar ao golo neste momento do jogo em quase todas as partidas. Todo o momento ofensivo é pensado para enganar o adversário. A paciência na construção até encontrar espaço para acelerar, o atrair oposição num corredor para explorar o corredor oposto e sobretudo, o atrair dentro para obrigar adversário a juntar e libertar espaços fora são formas que a equipa de Guardiola utiliza para criar o engano ao adversário. Há sempre uma segunda intenção por trás de cada posse do City!

Contra um Arsenal muito compacto, a equipa de Guardiola voltou a demonstrar uma facilidade incrível em criar oportunidades de golo, sobretudo explorando o corredor central para obrigar o adversário a juntar e libertando nos corredores laterais. Ao contrário do que se pensa, o corredor central é, frequentemente, um ponto de partida para o campeão inglês. Por diversas vezes, a equipa de Guardiola liga por dentro para enganar o adversário porque é o espaço exterior que quer aproveitar! Este jogo de enganos e de conquista de espaços é, fundamentalmente, o que torna a equipa de Pep tão avassaladora.

Pep é, sem dúvida, um dos maiores inovadores do jogo. Cada jogo de uma equipa de Guardiola é uma nova aprendizagem como se de uma aula se tratasse. Daqui a uns anos, quando deixar de treinar, ainda se falará dele porque o seu legado é infinito. Resta-nos desfrutar…

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Apaixonado pelo jogo e pela análise. É o pormenor que me move na procura do conhecimento. Da análise ao jogo, passando pelo treino, o Futebol é a minha grande paixão.

4 Comentários

  1. a construcao a 3 destes joagdores em concreto nao será pensada para assegurar mais velocidade à ultima linha numa transicao defensiva?

    • Poderá ser e até podemos relacionar isso com um maior equilíbrio defensivo porque eram, pelo menos, 5 elementos atrás da linha da bola antes da perda!

  2. Não é propriamente inovar quando ele já fazia isto no bayern mas okay. E no segundo golo, quem aparece a dar largura e profundidade ao corredor direito é walker, seria interessante referir a polivalência de certos jogadores do city e como estes se conseguem adaptar e dar ao jogo o que este precisa (b.silva, fernandinho, walker…)

    • Parece-me que o uso da palavra inovar estará relacionado com o facto de Guardiola fazer isto como mais ninguém o faz. Independentemente dos exemplos que poderão ser dados de quem também o faz, é Guardiola o primeiro a fazê-lo, a mostrar como o fazer e a ser o primeiro a inventar maneiras diferentes de o fazer.

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