Um bando de Super Wings à solta

A discussão que mais interessará à maioria dos adeptos portugueses – e que os fará seguir a 2.ª volta da Liga de forma aguerrida e apaixonante – chegou à Turquia. Depois de ter enfrentado o FC Porto na fase-de-grupos da Champions League, o encontro com o Benfica para a Liga Europa fez Fatih Terim e Fernando discordarem publicamente sobre a tal questão. Quem é afinal mais forte? Benfica ou FC Porto? E a julgar pelo Galatasaray-Benfica, desta quinta-feira, levanta-se uma resposta óbvia: o Gala é (bem) mais fraco que os dois. E foi a observação de uma equipa com padrões de posse que a levam a perder bolas e a decompor-se várias vezes num só jogo, que levou a que Bruno Lage jogasse uma cartada importante para as suas contas, quer na Europa, quer na Liga. Não assustou assim (muito menos a quem sabia da forma como o campeão turco iria abordar a partida) que Lage tivesse deixado Pizzi, Jonas ou Grimaldo em Portugal. Não assusta também que os putos Ferro, Florentino (acompanhados de Corchia ou Yuri Ribeiro) fizessem companhia aos já mais rotinados Félix e Rúben Dias, porque Lage sabia ao que ia. E sabendo, nunca teve dúvidas de que quanto mais bola a equipa de Terim tivesse, mais hipóteses teria um Benfica, bastante bem organizado defensivamente, de congelar o inferno turco.



A conceder bola mas posicionado em zonas que o levassem a criar (imenso) perigo em transição, o Benfica comportou-se como um felino em Istambul. Isto porque, mais uma vez, observando padrões, não seria difícil de perceber que, mais cedo ou mais tarde, o ideário de Terim acabaria por trair a própria equipa. Tentando construir apoiado sem a qualidade necessária, sem a tranquilidade ou talento (sequer) para tanta bola, a estratégia embateu na de Lage que, por mais realista, se tornou superior também com a ajuda de outro erro que não as perdas de bola em zona proibida. E o Benfica, sabemos, pode deixar Pizzi e Jonas em Lisboa (pensadores) que teria sempre na Turquia quem se posicionasse de forma felina e em dois, três toques levasse tranquilidade para 21 de fevereiro na Luz. Ainda para mais, quando o Gala se auto-mutilou ao conceder o penálti que haveria de deixar Salvio abrir o marcador.

Alguma confusão entre Gelson e Florentino deixam que o cruzamento apanhe Yuri mal na fotografia – 1-1, 54′



E se um golo fora é bom, dois é bem melhor. E um, claro está, ajudaria à construção do outro, pois a partir do momento em que se encontrou em desvantagem, mais clareiras abriria um Galatasaray que precisava de um golo como de pão para a boca. E não obstante o facto de o ter conseguido, o registo do jogo não mudaria. Estaria para breve outro erro normal para quem tanta bola tem mas pouco faz com ela (o golo sofrido será facilmente dissecado e evitado nos jogos seguintes). E essa falta de acutilância, dizia, jogando contra o Benfica… é um certificado de óbito. O mesmo que já declarou a morte de vários adversários e que relança a tal discussão: é o Benfica mais forte que o FC Porto? Se o jogo oferecer transições como este… será de certeza. Mas todos sabemos (apoiados naquele que foi o encontro entre as duas equipas) que evitá-las e aproveitar as falhas encarnadas na saída-de-bola (que ainda ontem se notaram e que poderão trair o Benfica quando precisar de procurar golos em organização ofensiva) também estarão na balança de jogos onde a qualidade individual se iguala. E fica ainda por saber o que realmente valerá o plano de Bruno Lage quando as transições não puderem decidir jogos. O que, claramente, não foi o caso num jogo que deixa as águias com pé-e-meio nos oitavos, reencontrando também o nível que se espera quando o clube da Luz joga na Europa do futebol.

Uma recuperação a meio-campo e um passe longo do central para avançado, foi o que bastou para o Benfica encontrar a vantagem aos 64′

Galatasaray-Benfica, 1-2 (Luyindama 54′; Salvio 27′ g.p. e Seferovic 64′)

17 Comentários

  1. Ó Brian, por amor da Santa, vai lá ver o jogo outra vez. O Benfica foi muito superior ao Porto no jogo da taça da liga. O Porto tem uma oportunidade aos 30 segundos e nos proximos 5 não sai da área. O Benfica tem 3 nesse tempo. Depois lá equilibrou o jogo um bocadinho na primeira parte mas o Benfica foi muito mais perigoso e criou muito mais. Para ser intelectualmente honesto não vou considerar os golos do Porto como oportunidades, já que são precedidas de faltas clarinhas e não eram oportunidades antes disso. Saímos portanto para o intervalo a ganhar 2-0, já que marcámos 2 golos limpos, curiosamente em transiçoes rápidas.
    Na segunda parte emtão o dominio é total. O Benfica tem 4 oportunidades flagrantes antes do Porto ter uma, lá para os 70 e tal, já depois das substituições, que mais ou menos mataram o jogo para o Benfica.
    Deves ser adepto do Porto e já o teu ultimo artigo tinha muito de wishful thinking. Tenta lá parar as transições rápidas do Liverpool. Alem d que o Benfica, neste momento, tem variabilidade suficiente no seu jogo, capacidade de construção e jogo interior suficientemente bons para ser só uma equipa de transições.

  2. No jogo. Ver o Jogo. Mesmo como adeptos, tentar olhar para além do resultado. Arbitragens é para outros discutirem.

    O Benfica nesse jogo da Taça da Liga, abriu espaços também. Desalinhou-se bastante. O Porto tem menos qualidade para os aproveitar na inteligência, nas combinações que (não) traz treinadas, mas mesmo à bruta conseguiu entrar.

  3. “É o Benfica mais forte que o FC Porto? Se o jogo oferecer transições como este… será de certeza.”
    Ir pelas certezas é sempre “perigoso”. Mesmo com crateras, haverá sempre os duelos e forças individuais nesses espaços e as decisões. Parece tão claro que o Benfica será melhor assim…Muito curioso para ver se se confirma.

    Curioso também para verificar se adaptabilidade em como o Benfica parece querer manter-se alinhado, junto, saindo depois com critério e variabilidade consegue realmente superiorizar-se ao arrombar, à invasão com garra e nervo mas bruta, básica e desequilibrada do Porto.
    Minimizando e escondendo defeitos, veremos qual deles saberá realmente tirar mais das suas virtudes, de onde é realmente forte.

  4. Eu, ao levantar uma e outra vez a questão, inclino-me para a dúvida. Para alguns já está entregue (talking about whishful thinking…).

    Para mim é difícil de dizer (até porque o jogo da Taça da Liga não foi de todo como o Nobody diz que foi) mas o clubismo (que afinal sou eu que tenho) padece sempre da mesma ilusão: os outros não existem; e se ganharam foi porque algo injusto aconteceu).

    Eu comparo, por agora, este Benfica a algumas versões do SLB de JJ. Em relação ao anterior, é uma excelente evolução em alguns aspectos, mas o jogo na Luz contra o Sporting e, principalmente, a meia-final contra o Porto não me convenceram. O que vi foi um Benfica que sem espaço não é tão letal como a onda de euforia que fazer parecer. Mas posso estar enganado. Parece-me que a precisar de construir mais do que está habituado vai ainda ter dores de crescimento.

    É só uma opinião.

    Abraços

    • No meu comentário não está lá nada sobre a justiça ou injustiça do resultado. O que lá está é que não considero os lances que deram golo como oportunidades, e explico porquê. Está lá também que o Benfica foi superior. Daí terás inferido que considerei o resultado injusto, mas isso já és tu a inferir e a alucinar um bocadinho (a parte do clubismo).
      Quanto ao wishful thinking, baseei-me numa análise que considero enviesada ao jogo da meia final com o Porto e à outra, não menos enviesada, da meia-final com o Sporting, onde podíamos ter dado outra cabazada, alem de o Lage ter mudado a equipa, metendo o Salvio e passando o Pizzi para a esquerda. Também tu referes isso no primeiro parágrafo do outro artigo, se não me falha a memória. Não tem nada de mal. O que resta aos adversários é exactamente lançar a dúvida sobre a equipa do Benfica. Eu, na volta, fazia o mesmo. Faz parte do jogo. Só que a dúvida é o que tens para te agarrar. Eu já me posso agarrar a outras coisas mais palpáveis. Daí ter deduzido que és adepto do Porto. E afinal, és ou não?
      Já nem vou escrever nada sobre o benfica do Lage se apresentar melhor de jogo para jogo e ainda ter muita margem de progressão, porque pode não acontecer, nem do Porto do Sérgio que vai ser sempre a descer, o que também pode não acontecer. isso seria wishful thinking da minha parte.

  5. Bryan, só vi o resumo mas não vi um Benfica assim tão organizado defensivamente. Quanto à qualidade ofensiva o Benfica mesmo sem ser brilhante, como outros que o são, acaba sempre por marcar pois tem qualidade individual mais do que suficiente para ganhar em 95% doss jogos em Portugal.

    Vamos lá ver é se no domingo o trauma do Braga não tem outro episódio…É o jogo do título para nós.

  6. “O que vi foi um Benfica que sem espaço não é tão letal como a onda de euforia que fazer parecer” isto é verdade, mas não apenas para o Benfica: não há nenhuma equipa no mundo que ataque melhor sem espaço do que com espaço.

  7. O Benfica joga muito melhor que o portinho…que sem dar pau e sem Var não joga nadinha e ja estava a 15pontos do slb se os arbitros e o var nao estivessem comprados

  8. É engraçada essa dica da organizacão ofensiva: contra o Nacional o Benfica marca um golaço em organização aos 30 segundos (!!!!) (e agora vê bem a bola de saída ontem – totalmente diferente, totalmente em organização, totalmente intencional). Quantos golos marca o FCP neste momento do jogo? 0, -1 ou -2?

    Não vou entrar na discussão das pilas do Benfica contra as pilas do FCP. Parece-me um debate pouco interessante, até porque são filosofias de clube e modelo de jogo opostas. O Real Madrid tem um modelo de jogo indefinido e com um bocadito de sorte ainda ganha a Champions outra vez. Para mim, o FCP é uma equipa nojenta, não vale uma beata sob qualquer perspectiva (estou a falar do que sinto pelo jogo deles, nada mais coloco na equação – no futebol há gostos e soluções para quase tudo).

    Depois esqueceste sempre, olimpicamente, que o treinador do Benfica já falou sobre esta questão do modelo. Se fosse o Mourinho em análise já teríamos um outdoor com as dicas e um aviso para nunca contrariar o mestre!

    Concordo com algumas dificuldades na saída de bola e sobretudo na definição e decisão das jogadas. Para mim, ontem era jogo para três ou quatro ou cinco a um/dois. Também na pressão, por vezes o adversário mete a bola facilmente no corredor central (acho que os avançados ficam muito paralelos, ainda que o adversário seja logo apertado quando a bola entra – mas contra equipas fortes isto pode ser um desiquilibrio difícil de corrigir).

    Ontem o Benfica fez-me recordar os tempos do JJ. Aliás, gostaria de perguntar ao B. Lage o que ele pensa sobre o JJ. Suspeito que teríamos uma resposta bem interessante.

  9. “Nojo, nojento…” repetidamente aqui. É só destilar…odiozinho. É mais forte.

    Estilos e estilos. Ainda bem. O interesse da discussão desse choque.
    Importante será ser forte no que declaradamente se propõe. Independentemente do estilo. Operacionalizar, fazer bem e fazer acontecer, dentro de um registo.
    Assumir riscos mas ter autoridade para minimizar desequilíbrios. E conseguir variabilidade.

  10. A ver se entendo…
    eu, que só falei do jogo, sou criticado por não ter contado para a análise dois lances à margem das leis do jogo (logo, não fazem parte do jogo nem devem ser considerados para uma analise exclusivamente ao jogo jogado).
    Há quem tente justificar uma suposta superioridade (nem vou entrar pela justiça, que não interessa) ou, vá lá, um equilibrio, com dois lances à margem das leis.
    É o mesmo que dizer que o Zé da Esquina é mais forte que o Rocky porque lhe ganhou um combate, só que foi à facada e quando este estava de costas… ou então ia de carro, mas como o árbitro não viu…

    • Pronto, o Benfica ao intervalo estaria a ganhar 2-0 e na 2ª parte marcaria mais 3. Não se fala mais nisso. O Porto é o Boavistão e tudo que faz é falta, não sofrendo 3 golos por jogo porque os árbitros estão sempre a protegê-lo.

      Engraçado. Vivi no Porto 5 anos. E ouvi muita vez essa conversa. Só que eram os adeptos do Porto a falar do Benfica. Para os adeptos nem há cor. Só há é um clube. Os outros não existem. E é por isso que venho aqui pouca vez responder. Dá-vos igual ao litro

    • E se bem te lembras, quem fez a crónica puxando um erro de arbitragem para o título e para a foto fui eu. Ou seja, fi-lo porque achei que não teve influência, certo?

      O que digo é que para a conversa muda nada. O Benfica dividiu o jogo quando teve hipóteses de transição. Quando teve de passar 45m a organizar ofensivamente… sofreu. Houve erros, mas para a amostra não são o mesmo que uma facada.

      A única coisa que te digo é: põe a hipótese, a remota hipótese, que eu tenha alguma razão. Assim, quando acontecer sem erros para apontaressem bodes espiatórios, não és apanhado de surpresa.

      • Continuas a desconversar, a pôr na minha boca (teclado) coisas que não escrevi. Mas já estou farto de discussoes estéreis, por isso, fica lá com a razão.
        Que ridículas estas tuas respostas!

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