Cityzen Sané

Mesmo não fazendo parte do onze inicial, há jogadores que têm escrito na cara a sua noite especial. Leroy Sané, que nesta quarta-feira regressou à Arena auf Schalke, saiu para aquecimento ainda na 1.ª parte. E o foco das câmeras da BT Sport captaram o momento pela natureza especial do mesmo, demorando mais tempo do que a habitual a virar a agulha para dentro das quatro-linhas – mas o que o mesmo foco não escondeu, foi a cara do ainda puto germânico. E essa dizia tudo: a noite seria dele. Mas até ao impressionante e bem direcionado foguete que catapultou o City em Gelsenkirchen muito há para contar. O roubo de bola de Silva, que originou o 0-1 de Agüero, o futebol champagne, que deleita os olhos como nenhum outra na Europa, mas também os erros não forçados que continuam a deixar o City em lista de espera para levantar a taça mais desejada. Erros que trouxeram o VAR para primeiro-plano, e que relançaram o Chato 04 para dentro de um jogo que, em boa verdade, nunca foi dele.



Tinha tudo para não ser preciso Leroy saltar do banco e fazer desfeitas ao seu ex-clube. Mas foi preciso. Imperativo, até. E, como reconheceu Guardiola no final da 1.ª mão dos oitavos, o City ainda não está preparado para as fases mais cruciais da Liga dos Campeões. E não está porque continua a cometer demasiados erros para a equipa dominadora que a sua identidade quer que seja. Assim, depois do enxovalho habitual que leva a outra equipa para o seu último terço, maravilhando-nos com as trocas posicionais e a velocidade, e intensidade, com que a bola rola entre Bernardo, De Bruyne, Silva… o City comprometeu – como habitual. A mão marota de Otamendi e o derrube de Fernandinho não escondem pormenores que deixam Pep preocupado quando os confrontos forem de outro nível. Dois erros, dois penáltis, que, por mais subjectivos que sejam, têm argumentos válidos para serem assinalados e castigarem os cityzens com uma desvantagem que o futebol jogado não deixava antever.

Pep Talk

De maneira que a tal desvantagem levou ao previsível forçar das capacidades de um modelo que, como esperado, não deixou o plano de Tedesco entrar em jogo na 2.ª metade. Bola por fora, bola por dentro, oportunidades (não tantas como o esperado) mas domínio total da partida. Identidade no relvado, mas nada de golos. E, para complicar, outro erro não forçado (e fácil de evitar… ou não) que levou à expulsão de Nico Otamendi. E o encostar fervoroso que, não só, Pep pede quando o oponente recebe, foi aproveitado pelo mesmo para rodar e forçar o contacto, forçando também a segunda cartolina amarela para o argentino. Quando encostar e quando conter? fica difícil saber, mas o City, esse, tem mais argumentos do que a circulação de bola. Sim, não esquecemos, Leroy Sané já andava lá dentro e à sua espera estava um livre frontal que o também decisivo (já lá vamos) Sterling lhe ofereceu. Entretanto, a câmera captou-o o outra vez. E o olhar era o mesmo. Desse olhar – que escorreu do seu corpo de identidade, mental e emocional até ao seu pé-esquerdo – surgiu uma bola que nem Banks, nem Yashin, nem Schmeichel, nem Buffon apanhariam. E do agridoce 2-2 (pelo habitual domínio mas pela incapacidade do mesmo oferecer melhor resultado) surgiu um 2-3 e uma merecida vitória conseguida por vias aéreas e mais directas. De Ederson (que foi contratado também para isto) a Sterling foi um pontapé. Da esperteza de Sterling até ao estatelar do defensor do Schalke no relvado foi um segundo. Da bola nos pés de Sterling à bola no cordame foram 90 minutos. 90 minutos que a não totalidade do domínio e os erros não-forçados impediram o City de trazer à realidade a superioridade da sua ideia, mas que os seus (outros) recursos resgataram. E um deles foi ter comprado o passe do magistral Leroy Sané ao seu adversário.

Schalke 04-Man City, 2-3 (Bentaleb 38′ g.p. e 45′ g.p.; Agüero 18′, Sané 85′ e Sterling 90′)

1 Comentário

  1. Curioso estes erros não forçados. Continuam.
    Por melhor que jogue o City, eles vão estar lá sempre?!
    Sente-se que vão aparecer. Mas não seria de esperar que isto fosse otimizado?
    Na Champions…

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