FC Porto – o que pode mudar em 4 dias

Na análise ao Porto vs Benfica defendi que uma das causas para a derrota portista foi o espaço entre sectores, em transição e organização defensiva que foi visível em alguns momentos do jogo.  Os factores de desequilíbrio foram potenciados pelo posicionamento, pela forma do Benfica abordar o jogo e pela não reacção  dos jogadores portistas quando a bola entrava nas suas costas

Não foram surpreendentes algumas mudanças no Porto em transição defensiva e na forma como defenderam no seu próprio meio-campo se compararmos com sábado. Na minha opinião, é complicado determinar qual o factor mais preponderante. Entre 4 alterações no 11, o posicionamento e a enorme diferença entre a abordagem da Roma ao Dragão em comparação com o Benfica, estará algures a resposta. Não foi tudo perfeito, e no prolongamento, com o desgaste e alterações em ambas as equipas, as dificuldades defensivas voltaram a acontecer, no entanto, é justo dizer que o Porto controlou muito melhor esta partida. Boa parte do jogo andou entre a  pressão alta da equipa de Sérgio Conceição e o bloco baixo da Roma, que fizeram com que o jogo se disputasse longe da baliza de Casillas. Tal como no sábado, quando o adversário baixou quase todos os seus jogadores para o último terço, o Porto foi geralmente competente a controlar transição defensiva.

No posicionamento a principal novidade foi a preocupação clara de não deixar os dois médios sozinhos em transição defensiva no corredor central.
Otávio (que ocupou zonas centrais já que a bola andou muito pela esquerda), um dos avançados ou os laterais subidos e em zona interior davam uma preciosa ajuda no momento da perda de bola. No lance abaixo, é Tiquinho quem vai pressionar e permite a Danilo guardar posição, e fazer a cobertura a Herrera. Torna-se assim mais complicado jogar dentro da estrutura defensiva portista

No lance abaixo, é visível a preocupação com o preenchimento do corredor central. Se no sábado Pizzi quando foi da direita para a esquerda recebeu à vontade nas costas dos médios do Porto, desta vez Teles acompanhou Zaniolo. O italiano não enquadrou com a baliza adversária e ataque da Roma temporizado. Ainda assim, Herrera pode ser mais rápido a recuperar posição quando bola entra nas suas costas. Lance continua e há passe entre linhas, mas Filipe sai à pressão e Herrera aproxima; isto é o suficiente para fazer com que o ataque da Roma recue até o Porto ter 10 jogadores atrás da linha da bola.

Um aspecto importante na transição defensiva do Porto foi o posicionamento nos seus cruzamentos: sempre com 2 homens em zona de finalização, mas com Otávio à entrada da área, e lateral e por dentro. Quando colocavam 3 jogadores mais perto da baliza, laterais podiam subir um pouco mais para ganhar segunda bola, juntando-se aos dois médios

Dada a pressão do Porto na saída de bola da Roma, não foi com muita frequência que o Porto foi obrigado a defender no seu meio-campo. Quando tal aconteceu, ainda existiu espaço entre médios e defesas, já que Danilo e Herrera continuaram a subir na pressão mas garantiram mais presença no último terço defensivo, se compararmos com o jogo de sábado. Os alas, nomeadamente Otávio, mostraram-se mais disponíveis para ajudar laterais, e a dupla do meio-campo baixou para ajudar no corredor central.

No prolongamento, com a Roma já sem os 3 centrais e com algumas mexidas no onze portista, voltaram as questões em transição defensiva e a linha defensiva exposta e com pouca gente no último terço. Os italianos conseguiram jogar nas costas da primeira linha de pressão e o ala portista do lado contrário à zona da bola não recuava. Se a isto juntarmos o adiantamento do lateral do lado da bola a pressionar, nem o posicionamento conservador de Danilo conseguiu impedir a progressão contrária. Sendo assim, a Roma teve duas boas ocasiões de golo na 2ª parte do prolongamento fruto de situações em que chegou à área portista em igualdade numérica e com Dzeko em boas condições para marcar.

É interessante verificar as mudanças produzidas em 4 dias na equipa de Sérgio Conceição. Uma maior preocupação com espaços fundamentais trouxeram outra consistência; no entanto, o desgaste e o aumento de exigência defensiva revelaram as mesmas questões verificadas sábado. O Porto tem muito mérito na forma como condiciona a primeira fase de construção adversária, mas mostrou desconforto quando tem de baixar linhas; esta será assim uma situação a rever para a próxima eliminatória da Champions, onde os adversários aproveitarão qualquer espaço


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Sobre Lahm 42 artigos
De sua graça Diogo Laranjeira é treinador desde 2010 tendo passado por quase todos os escalões e níveis competitivos. Paralelamente realiza análise de jogo tentado observar tendências e novas ideias que surgem no futebol. Escreve para o Lateral Esquerdo desde 2019. Para contacto segundabola2012@gmail.com

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