A N I M A L

Já não há palavras para descrever a competência de Cristiano Ronaldo nas grandes áreas adversárias.

Ter Ronaldo é não precisar de elaborar em demasia na criação – É poder recorrer ao cruzamento que se bem direccionado, não há defesa que impeça o animal de facturar.

À tarde no Twitter, afirmávamos que apenas duas equipas poderiam virar uma eliminatória de 0 a 2 contra o Atletico. O Barcelona, porque Messi em espaços curtos perante uma equipa com tal organização defensiva, continuaria a ter capacidade para desmontar organização, e a Juventus, porque com Cristiano na área, fazendo a bola lá entrar, os golos poderiam chegar.

Lenda do golo, Cristiano! Que mentalidade, que nível! Aos quarenta anos ainda estará a fazer golos!

12 Comentários

  1. Vi isto no twitter e reprensenta na perfeiçao o Ronaldo:
    “O hat-trick do Ronaldo nao me surpreende. O que me surpreende é de todos nos termos pensado desde o primeiro jogo na ideia de ele vir a fazer um hat-trick neste jogo.” Isso sim é surpreendente, nos ter habituado a un nivel absurdo e inatingivel para a grande maioria.

    • Estavamos algunsa falar e diz o Laudrup:

      “Já todos sabemos q ele vai marcar o terceiro. Resta saber: cornada, pé-direito ou esquerdo?”

  2. Para mim o melhor, o mais decisivo. Porque se poem a prova todos os dias. Porque nao tem receio de mudar, e é decisivo em diferentes contextos, em diferentes equipas, em diferentes paises.

    Porque foi adequando o seu estilo de jogo à idade, e aos varios contextos. Ja foi o puto fintinhas quando o teve de ser, o show de bola. Hoje é o goleador decisivo que todos nos vemos.

    E esta-me a surpreender em algo que eu nao pensava que existisse nele, e que para mim era o que o separava dos melhores de sempre. Capaçidade de liderança, e de fazer acreditar todos os outros que o rodeiam, a dar mais, e a serem melhores do que pensam que sao.

  3. Bom dia, sigo o Lateral Esquerdo há meses e dou-vos os parabéns pela interessante escrita.
    Quanto a Ronaldo: grande goleador, grande jogador, mas as atitudes contam. Prefiro os silenciosos. Prefiro outras lideranças. Não gosto dos jogadores que se estão sempre a queixar e a sorrir para as câmaras. Acho que isso também conta na avaliação do perfil. No outro dia um programa televisivo abordava a carreira de Robben e Ribery em perspectiva. É bom dizer, para verdade histórica, que alguns poderes quiseram confundir, nos últimos dez anos, a Bota de Ouro à Bola de Ouro, e instituíram uma competição artificial mas que foi tomada acriticamente pelas comunicações sociais dos diversos países. Por isto, por achar que todos caímos numa teia hegemónica que promoveu determinados valores, eu estou condenado a subvalorizar os feitos de Cristiano. Que é, de facto, um craque. Abraço.

    • Partilho. Diria até que os prémios individuais, no formato em causa, deveriam acabar. Criam um viés na lógica do jogo que é coletivo. E aquela frase… “foi por isto que a Juventus me contratou”…

      Craque, foco, trabalho, capacidade de transformar a pressão em motivação, de facto.
      Mas (há sempre um mas), só funciona se for o centro das atenções. Tem que ser o ídolo dos adeptos, a referência dos colegas e o treinador tem que o encarar como se fosse mais que um jogador, não sendo treinador, podendo retirar capacidade de implementação das ideias chave da equipa técnica.
      Caso contrário deve tornar o ambiente bastante complicado.

      Sinceramente preferia não o ter numa eventual equipa minha, mas (lá está o mas, desra vez ao contrário) é sem dúvida um animal na área.

    • Mesmo. É incrível como se valoriza o golo num jogo onde se marcam tão poucos. Ter um jogador que te garante 1 golo por jogo é completamente overrated

      • Concordo David.
        63 golos e 14 assistências na fase a eliminar da Liga dos Campeões, ou seja, 1 golo/assistência por jogo de carreira!!
        Mas que interessa isso, mais vale 1 drible por jogo a meio campo.

        • Enquanto investigador social, interessa-me se o desporto é o reflexo ou a expectativa da sociedade. O universo paralelo do qual o fenómeno Ronaldo se alimenta — a saber, pequenos vídeos no novo tempo das redes sociais (onde se imagina o conteúdo e se sobre-interpretam as causas); as mil e uma entrevistas de colegas ou ex-colegas a sublinharam a excepção, o extraordinário; a sobre-dosagem televisiva em jeito de telenovela longa na qual ansiamos pelos futuros episódios sem sumo; a ausência de jornalismo (quando a mais banal vitória do Real Madrid abria as notícias no tempo da Troika…), etc — é novo. Esta aura de mediatismo trouxe ao futebol novas fronteiras, para gáudio do negócio. Mas embruteceu a opinião pública. Nessa ordem de ideias do quem marca mais golos, porque não demos a Bola de Ouro ao Luca Toni em 2006? A competitividade dos últimos dez anos é totalmente artificial, disposta a alimentar uma indústria, que apenas esfrega as mãos por uma cobertura noticiosa acéfala e demencial. “O melhor do mundo” é um dispositivo que entrou na cabeça das pessoas (a seguir-se ao “Turismo”, por exemplo). Quando falava em linguagem hegemónica, falava nisto tudo. Desconstruir o mito não deveria irritar as pessoas (convido-vos a ler: https://oblogdenotas.wordpress.com/2017/05/17/cristiano-epitome-do-neoliberalismo-global/). Cristiano é um dos melhores de sempre, mas não preciso das estatísticas (uma de muitas formas de fazer a análise de dados) nem do coro habitual dos deserdados para o dizer. Os adeptos, e a novelle vague do adepto global (estou a falar do chinês que tem a camisola do 7 da selecção portuguesa), esquece facilmente do que se dizia antes de Zidane chegar a Madrid ou do que se dizia dos jogos medonhos na fase de grupos do Euro 2016, porque quer acreditar nas próprias teses que constrói. Desculpem se isto tem muito pouco a ver com o conteúdo deste post, só quis acrescentar o meu ponto de vista. Abraços a todos.

          P.s.: 10 dribles por jogo a meio-campo sem sair do sítio, conheço um.

  4. epa, é verdade que com Ronaldo é mais difícil teres uma equipa a jogar em posse, tentando usar a bola para abrir espaços no adversário. mas eu percebo, com um jogador destes a tentação de mandar a bola é alta. Mas também porque a probabilidade de desbloqueares uma defesa em posse no Barcelona ou mandar um charuto para o Ronaldo não muda assim tanto. Por outro lado o homem é uma marca inegável, e compreendo que se possa “sacrificar” um jogar em nome do rendimento absurdo de finalização que aquele jogador traz e das receitas de marketing e merchandising adjacentes. É incrível, um gajo chega a um Kosovo e ver camisolas do Ronaldo é normal.

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