Formar, a modelação que exige sensações e emoções

Formar, potenciar ou maximizar? 

Eu ou eles? Que jogo? O meu? O Deles? 

É fundamental que a formação esteja cheia de pessoas com qualidade, com competência mas sobretudo com sensibilidade.

Sensibilidade para entender como fazer com que os outros aprendam e apreendam a jogar .. mas que jogo? 

Um jogo complexo pelas quantidade das relações que tem , pelos membros com que se joga, pela quantidade de informação que tem que ser tratada em tão pouco tempo. 

É tudo uma questão de escolhas. Mas escolhemos em função de que? 

É crucial enteder este jogo através dos olhos da complexidade, complexidade essa que está associada à quantidade e qualidade de informação mas também a necessidade de haver InterAcções sintonizadas no tempo e no espaço. 

Um jogo que se quer Coletivo , que na sua essência é Colectivo não pode ser tratado a partir daquilo que são as partes.

As partes só são partes porque existe um TODO, senão não eram partes. 

Todo esse que tem que ter nas partes o Todo mas que tem que permitir que as partes estejam no Todo. 

Fractais de um jogar, onde o todo tem que estar presente como Todo mesmo sendo partes, pois são as ligações médias (aquilo que não é palpável nem quantificável) que permitem aferir a presença do Todo nas partes ( o critério ).

Isto tudo que parece tão teórico é fundamental para entendermos o que é Imperativo quando somos lideres de um processo de modelação (treinabilidade). 

O treinador através do seu treino tem que ser o catalisador da evolução respeitando sempre o binómio Colectivo/Individual.

Sempre partindo do Todo para as partes. 

Um Todo que se entende através daquilo que são os Referenciais Comuns , quando a acção passa a InterAcção. 

É fundamental pararmos de achar que determinado exercício tem “transfer” para o jogo. 

O jogo só tem “transfer” do jogo , para o jogo e COM JOGO. 

Não podemos criar qualquer contexto, estando na formação, somos responsáveis e catalisadores do processo de aprendizagem de crianças (não são adultos em ponto pequeno..) e por isso mesmo teremos sempre que atender aquilo que são as suas necessidades mas também a sua percepção do espaço , do tempo e do jogo.. 

A qualidade das propensões será tanto maior quanto  mais aberta e mais fechada for.

Fechada naquilo que respeita sua Redundancia , UMA Redundancia que tem que modelar, promover e ao mesmo tempo ser aberta a UMA variabilidade na sua manifestação, quer seja no plano macro como em escalas mais reduzidas. 

A identificação do objectivo , mas do critério presente tem que estar bem vincada em cada exercício, sendo que não posso fazer o exercício ( em casos melhores , criar contextos) em função daquilo que EU acho que ficara bem, ficara mal , mas sim em função da necessidade. 

Uma condicionante ( que deverá ser valorização de algo ..) que não deve ser restringente (SÒ posso marcar depois …).

Este tipo de restrições só retira “veracidade” aquilo que é a  natureza caótica do jogo.

Um caos , que queremos que seja determinístico (por estar condicionado pela nossa Forma de InterAgir) mas que NUNCA poderemos querer que deixe de ser CAOS. 

Quando crio um contexto ele tem que permitir que aconteça o que eu quero mas também o que eu não quero ,o que eu não contemplo. 

O bom treinador é aquele que perante o contexto se ajusta também às respostas que está a ver.. sejam elas convergentes ou divergentes daquilo que à priori ele pensou. 

Uma Intenção Prévia que se torna através da Modelação uma Intenção em Acto… 

É neste caminho que tem como partida a Intenção Prévia mas que tem como “estrada” a Intenção em Acto que o acto de modelar não se pode tornar num moldar de comportamentos. 

Quando o papel e o campo se tornarem comuns, algo estará mal , pois treinar é como “desenhar sem borracha”… 

A capacidade de cada treinador em interagir nestes momentos de divergência ( no plano conceptual) pode levar a respostas que sejam convergentes com o Futuro ( que pretende).. tornando assim a sua equipa menos frágil.. “anti frágil”, perante contextos de adversidade e diversidade para as quais não há equação à priori. 

Potenciar ou maximizar?

Quando estamos em seniores ou a TOP a necessidade de maximizar o potencial (entenda-se aquilo que os diferencia seja na vertente técnica, física, cognitiva , etc..) de cada um é fundamental retirar o máximo rendimento daquilo que cada um nos pode dar sem perda da conexão na Matriz Coletiva. Será fundamental ter rendimento.  

Contudo mesmo aqui é importante entendermos a necessidade de lhes aportar algo diferente daquilo que eles já fazem.

Fazer crescer o Saber Fazer deles a partir de UM SABER SOBRE O SABER FAZER

Contudo na formação, o nosso ponto de partida deve ser na mesma esse. O SABER FAZER deles , mas sempre tendo como ponto de chegada aquilo que será a potenciação do seu potencial e não apenas o retirar rendimento deles.  

Se tenho um jogador que é forte no 1×1, por exemplo, eu nunca devo castrar isso !! mas como devo maximizar isso sem perda de um caminho potenciador? 

Aqui, o fundamental é que haja uma diversidade de contextos que por si só seja potenciadora e nos permitir navegar para o caminho da diversidade.

Mas para isto acontecer teremos sempre que perceber como e quando. 

Os timings coletivos mas também os individuais. 

Acresce a necessidade de darmos critérios balizadores para a intervenção de cada jogador, de forma a que ele possa exponenciar o seu talento (elemento diferenciador). 

O aprender e diferenciar o QUANDO será vital para que isto aconteça. 

Tenho que ser capaz de “ensinar” o quando, o porque ..pois o como têm que ser natural naquilo que é a sua idiossincrasia, a sua filogénese. 

Então ao longo do processo com a diversidade contextual ,jogos com 2 balizas , com uma baliza, sem balizas, com apoios, sem apoios , com mais jogadores , com menos jogadores , com mais ou menos intervenção .. é vital aferirmos se eles fazem algo que não faziam.  Mas e até que ponto continuam a fazer o que já faziam? Isto é que é crescimento. 

Potenciação e maximização do talento !! pois a pratica deliberada por si só irá fazer com que haja uma evolução .. o que difere os melhores é o encaminhar dessa evolução dentro de um sentido que tem que ser SENTIDO por TODOS. 

Isto só é possível se o nosso processo de treino  tiverassente em princípios metodológicos que interajam uns com os outros dentro de uma padrão de conexão numa relação de InterDependência que nos permitem à la Long a construção (não linear) de um Jogar que seja concreto , que seja rico e que seja variável sem nunca perder a matriz evolutiva que é uma propriedade dos sistemas dinâmicos vivos

Desde à 7 milhões de anos até aos dias de hoje o Homem cresceu , evoluiu e conseguiu modelar a sua ontogénese, de forma a poder não só evoluir enquanto espécie mas também potenciando o seu próprio talento que é diferenciador de todas as outras espécies (o cérebro), isto permitiu-nos não só sermos bípedes , escrever, falar  bem como o desenvolvimento da motricidade fina tanto nos membros inferiores (por isso jogamos futebol) bem como dos membros superiores ( o seu encurtamento fez com que hoje tenhamos braços menores que pernas , o que nos faz escrever , pegar em objectos , etc..). 

Contudo na sua essência o Homem nunca deixou de ser … Homem.

As nossas emoções por mais escondidas que estejam (em comparação com a pré historia) continuam a existir da mesma forma, com estímulos que as desencadeiam e nos permitem intervir, interagir , agira e fundamentalmente viver em sociedade. 

Se isto aconteceu numa espécie de seres vivos , a uma escala menor, teremos que como catalisadores do processo de treino conseguir uma MODELAÇÂO do plano intencional daqueles que por nós são treinados, mas a modelação não pode cair na moldação do mesmo, pois isso será castrador , redutor e ao mesmo tempo inibidor do crescimento individual. 

1 Comentário

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*