A Evolução Estratégica no Modelo de Lage

No “Futebol Total”, programa do Canal 11 de segunda feira, referi-me à confirmação de uma evolução estratégica do Modelo de Lage.

Depois de na temporada passada ter experimentado dificuldades várias no jogo de Alvalade da Taça de Portugal e na recepção ao Belenenses, jogos em que enfrentou a primeira fase de construção adversária em inferioridade (2 avançados contra 3 defesas), e com isso não foi capaz de trazer para si a toada do jogo – Mais até do que estancar as entradas adversárias em criação, perdeu tempo com bola e não foi capaz de assumir o jogo da forma pretendida, o SL Benfica voltou a enfrentar os mesmos adversários logo no primeiro mês de competição da nova época, com uma nuance estratégica diferente.

Estratégica porque a identidade do Benfica não foi alterada. Apenas o comportamento numa fase específica de um momento do jogo. Bruno Lage preparou um encaixe táctico diferente contra o 3+2 da construção adversária (que se repetiu na presente época, depois do sucesso contra o Benfica na época passada), e foi bem sucedido.

Na nova época e perante o 3+2 adversário, na pressão sai com Seferovic ao central do meio e com os extremos Rafa e Pizzi aos centrais mais abertos, enquanto o outro avançado (Raul) fica entre médios, com o apoio proveniente da chegada de um dos outros médios encarnados – Todas as saídas adversárias tapadas através de um encaixe diferente do que o modelo de Lage contempla habitualmente na primeira fase defensiva.

A maior coragem de um treinador é aquela que Bruno Lage evidencia. O mais fácil é não mudar e na derrota gritar por identidade e relembrar que cai de pé. O mais difícil nos dias de hoje em que o parecer conta mais que o ser, é alterar, ser estratégico e ir à procura da vitória. Sabendo que no dia em que corre mal tal será tido como uma causa – efeito. “Perdeu porque defende com os avançados lado a lado e agora foi com um nas costas do outro”.

O impacto Bruno Lage em Portugal tem tudo a ver com um treinador verdadeiramente inteligente em tudo o que importa na sua profissão – Modelo – Estratégia – Liderança – Processo de Treino.

SPORTING X SL BENFICA – MEIA FINAL DA TAÇA DE PORTUGAL 2018/2019
– Benfica a sair com 2 contra 3 na construção adversária – Felix e Seferovic lado a lado
SL BENFICA x SPORTING – SUPERTAÇA 2019
Alteração Estratégica para melhor encaixe na saída em 3+2 – São os extremos que saem nos centrais (Pizzi e Rafa com centrais mais abertos) e Raul controla os 2 Médios com ajuda da chegada de Florentino ou Gabriel
SL BENFICA x BELENENSES – Jogo do Estádio da Luz em que Benfica teve menos Posse
Jonas + Felix contra 3 que trocaram a bola e congelaram a posse
BELENENSES x SL BENFICA, 2019/2020 – Encaixe táctico diferente – Extremos saem aos centrais – Raul com ajuda de um dos médios fica com médios – BENFICA SEM INFERIORIDADE na construção


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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

11 Comentários

  1. Boas Pedro, qual o software utilizado no programa televisivo?ainda no outro dia vi a análise ao Félix,no ‘futebol a sério’ e fiquei curioso com o software utilizado

  2. Muito interessante esta análise de alteração do pressing de Lage de um ano para o outro.
    Uma alteração muito inteligente, uma vez que evita a inferioridade numérica e aumenta a possibilidade de “roubar” a posse numa fase muito adiantada.
    Interessante que apesar do Benfica de Lage jogar em 4-4-2, no momento de organização defensiva (e falando destes adversários específicos de 3 centrais), muda para um 4-2-3-1 (ou parecido vá).
    Obrigado Bouças. Muito interessante!

    • No ultimo jogo achei isso. Acho que a linha defensiva está muito distante da linha dos médios quando fazem a pressão alta. É um aspecto a melhorar

  3. Concordo inteiramente contigo Pedro.
    Na minha opinião, o Lage tem assistido a muitos jogos de Futsal?.
    Esta forma de pressão (muito utilizado nas saídas 3*2 no Futsal) é muito interessante mas ao mesmo tempo desgastante ( principalmente para quem joga com dois avançados), e na minha opinião, só é possível executar bem esta estratégia, com dois avançados com as características iguais ou parecidas com as do Seferovic e do Raul. Primeiro avançado corta a linha entre os centrais, ala/extremo corta a linha paralela(lateral), outro avançado faz o vértice do triângulo, cortando a diagonal e o jogo interior. Excelente artigo Bouças, aquele Abraço

  4. E algumas bocas ainda dizem que ‘querem ver quando ele começar a ter maus resultados…’. A verdade é que isso nunca mais chega, por que será?

    Este modelo pode dar muito ao Benfica na Europa e nos jogos a eliminar, porque sem bola o Benfica é fortíssimo e também mata jogos em duas ou três transições. Aqui o problema estará na eficácia do rapaz chamado Seferovic, principalmente, que acredito que não terminará a época a titular. Um jogador que tem realmente contributo defensivo, mas o ofensivo limita-se a quando lhe dão golos de mão beijada, é pouco para um ponta-de-lança do Benfica. A curto prazo, percebe-se de novo a aposta, conhece melhor que todos os outros avançados o que o Lage quer e por isso é titular agora. É uma questão de perceber, quando tiverem oportunidade, como funcionam Vinicius e RDT, ou RDT e Chiquinho.

    Pedro, aproveito para elogiar as tuas presenças no Canal 11. Sempre elucidativo, opiniões muito fundamentadas e com conhecimento de causa, sejam temas de tática ou de contexto formativo dos jogadores de futebol. PS: alguns intervenientes do programa querem pôr putos a jogar à força nas primeiras equipas, mas olhando para os que fizeram mais que uma época na equipa B: Félix, Gedson, Florentino e Jota, que desde os 17 jogavam na equipa B, chegaram super bem preparados ao plantel principal do SLB. É certo que já mostravam qualidade, mas precisaram de repetir e errar muito para estarem a ‘correr’ com os mais cotas da equipa A.

    Aqui no blogue é mais do mesmo, conteúdo sempre de excelência.

    Bem haja

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