A noite em que o Benfica voltou a não competir na Europa. A diferença que apresenta para os competidores internos, aparenta ser a mesma que sente perante equipas da realidade francesa ou alemã – As de nível médio-alto, diga-se.
Num jogo bastante mais veloz e que exige respostas mais prontas do que os da realidade nacional, onde o Benfica praticamente não tem de defender, a diferença maior fez-se sentir ao nível dos duelos. Se o espaço escasseia, mais surgem e maior importância estes assumem para que se consiga fazer imperar a toada de jogo.
Foram 30 duelos a mais vencidos pela equipa francesa, e apenas 7 contra os 21 do Lyon os dribles bem sucedidos do Benfica.
Jogadores como Deepay (45M – valores Tansfermarkt – E de rendimento e não potencial), Dembele (30M), Adelaide (25M), Aouar (45M), Tousart (20M) e Thiago Mendes (25M), para citar apenas os do meio campo para a frente, teriam sempre uma relevância elevadíssima se competissem na Liga NOS e no SL Benfica, e havia portanto que de forma colectiva encurtar largas distâncias individuais.
Não foi capaz Bruno Lage de o conseguir e por isso deverá ser responsabilizado. Mas, da mesma forma que em Portugal o nível médio também não tem conseguido encurtar essa distância para Benfica e FC Porto. Poderia ser melhor? Pois com certeza que sim, mas não deixa de ter sido perfeitamente natural e expectável.
Sem dúvida. Mas por isso mesmo cabe ao treinador pensar num caminho alternativo. E o que se viu até agora não é assim. Ontem aos 30 segundos de jogo já a equipa estava completamente estendida no campo, parecia que estava a jogar contra o Santa Clara. O Benfica não tem condições para dominar todos os adversários na Champions. Custa muito perceber? Para além do mais, quem precisava mesmo de vencer o jogo nem era o Benfica. Engraçado que pela estatística os melhores foram os miúdos. Também foi o que me pareceu. Os erros são sempre fáceis de apontar mas alguns deles são resultado de uma equipa mal organizada e com uma estratégia completamente deficiente.
E as perdas de Bola do Seferovic em em apenas 45 ?! Não foi ele tb q perdeu aquele lance de contra-ataque em que estavam 2 para 1 no corredor central? apesar do golo, mau de mais!
Sinceramente, depois de todas as críticas que li em relação a Seferovic, pergunto-me o que dirão os mesmos do jogo horrível de Vinícius. O maior problema parece em fazer chegar ao último terço, habitat dos pontas-de-lança, um fio de jogo, uma bola em condições de ser recebida. RDT, Seferovic e Vinícus são apenas o sintoma de uma falta de compostura colectiva, que começa logo quando vejo os defesas a aliviarem bolas como bruta-montes em vez de saírem a jogar com discernimento. Este projecto de ter a miudagem a jogar na Champions só vai lá com investimento importante em jogadores experientes, talvez um sistema de jogo diferente com mais uma peça no meio-campo, e um treinador que ponha no treino rotinas que estão desaparecidas.
P.s.: há semanas fiz referência a Cervi dizendo que merecia mais oportunidades dadas as exibições de Rafa (cuja técnica de passe não é sequer normal num internacional A), e justificou. Caio Lucas na direita talvez seja interessante para dar profundidade ao corredor direito. Ou até um Jota. Num 4-3-3, o meio-campo com Tino, Gabriel e Chiquinho e dois extremos puros e com comprometimento defensivo (sem recorrer aos médios-que-nunca-serão-a-mesma-coisa-na-ala tipo Pizzi ou Gedson) pode ser a melhor solução para os jogos mais difíceis.
A diferença qualitativa é brutal, ainda para mais deixando o Adel e o RDT de fora. É que até o próprio Samaris, que é nível campeonato, fez falta ontem devido a esses duelos. Existem jogadores e sistemas para o campeonato e para a Liga dos Campeões. Querer jogar igual é utopia, assim como, é utopia idealizarmos jogar todos os momentos como se fôssemos o Barça e o City do PEP. Não temos matéria prima para tal. E isto não é abdicar de identidade é assumir a identidade, pois continuando assim estás a viver o que não és.
O Maniche falou e bem do nível de jogadores no canal 11 (fracos, médios, bons, excelente e top) e o Benfica está cheio de médios ou de excelentes em potência, não para agora.
Fala-se aqui de muita forma e feitio para justificar o que se passa com o Benfica. O plantel tem qualidade e tem muito mais potencial do que está a render. A aquisição de rotinas para jogo de velocidade superior e a escolha das opções acertadas em determinado momento do jogo em detrimento do adversário analisam-se, estudam-se e treinam se. É esta evolução que o Benfica tem de operar (jogadores e treinadores), quem não for capaz de evoluir não tem lugar no Benfica, e refiro me também à equipa técnica. Estou curioso pelos próximos tempos e ver se está evolução será realidade ou utopia. Acho que é a hora H para provarem a que nível pertencem no futebol