Virou – Emocional, táctico e Pizzi

Depois de uma primeira parte sem capacidade para assustar a baliza de Marco, o guardião do Santa Clara, o Benfica virou o jogo no segundo período.

Mas o que mudou?

André Almeida referiu um discurso de Lage ao intervalo.


Tivemos de mexer com questões táticas e também com a emoção dos jogadores. É um assunto particular, que fica entre nós. Mas viu-se uma equipa completamente diferente

Bruno Lage


Não sei se posso partilhar, mas o mister disse-nos que iria ser novamente pai e que queria juntar a isso uma vitória. Isso deu-nos uma nova força para irmos à procura dos três pontos

André Almeida

Desta forma, sem ligar o conteúdo à forma, parece um pouco insípido que tal tenha operado uma qualquer reacção. Por experiência própria, sempre procurei levar para as palestras muito mais de emoção do que de organização, porque essa surgia e era preparada durante a semana. Porque senti resultar, acredito bastante que mexer com as emoções, com a adrenalina, com o foco e aumentar a vontade de chegar mais longe por causas maiores que o jogo em si, é determinante.


A parte mental, a motivação e confiança, nunca foram por cá muito abordadas, por uma razão especial. Não estando no terreno, tudo o que se poderá fazer é especular sobre competências ou não dos treinadores em tal capítulo. E por não pretendermos abordar assuntos sobre os quais os dados que chegam não são concretos, tal foi sempre desprezado por aqui. Porém, tal não significa que seja algo que se deva desprezar no desfecho de cada jogo.
Muito pelo contrário. E se a prática me fez perceber algumas coisas, a importância de mexer com emoções e com a adrenalina antes de cada partida foi uma delas. Em cima da competência que nunca se poderá deixar de ter, e a que é a que permite chegar às decisões. A do modelo de jogo. A das ideias. A táctica e a de decisão. Todavia, colocar a emoção em forma de determinação e perseverança no relvado faz demasiadas vezes a diferença. Sempre em cima da competência do mais importante, naturalmente.

In Lateral Esquerdo 2016

Não chega o conteúdo – A forma como este é transmitido é tão ou mais importante!

A presença de Chiquinho num espaço mais recuado e a entrada de Vinícius aumentou a qualidade da chegada encarnada às zonas de criação. Até então, Florentino como é seu hábito fora sempre um elemento de tracção defensiva (apenas quatro dos seus passes foram para a frente), e Gabriel, o homem que procura ligar as zonas mais recuadas com as adiantadas tinha estado a um nível assustador – Somou 15 perdas de bola, falhou 25 passes ao longo do jogo.

Com Chiquinho a pegar mais cedo no jogo, o Benfica ganhou forma de chegar mais vezes com melhores condições ao último terço – A bola que Pizzi recebe de frente para a baliza adversária e preparado para o desequilíbrio que viria a resultar no golo de Vinícius é apenas um dos exemplos, mas foi a entrada de Taarabt que voltou a proporcionar melhor entrada para o último terço – Em 26 minutos somou mais passes para as zonas interiores nas costas dos sectores adversários que qualquer colega, e com uma percentagem de acerto em tais passes adiantados de 100%!

O golo da vitória chega num mau passe numa saída ofensiva do Santa Clara, que possibilita uma recuperação no meio campo ofensivo, e é marcado pelo trabalho dos dois avançados centro. Seferovic definiu muito bem todo o lance – Progrediu, aproximou do adversário e libertou no tempo e para o espaço oportuno, beneficiando do movimento CORRECTO de Vinícius que trouxe adversário directo preocupado com que o brasileiro pudesse receber isolado na frente, e abriu o caminho para Pizzi.

Pizzi foi o homem do jogo – Sem ele, possivelmente não teria saído o Benfica vivo dos Açores. Autor do desequilíbrio individual que permitiu o empate e finalizou a preceito o lance que definiu o resultado. Já se sabe que a sua percentagem global de acerto nunca é demasiado elevada – Reflectida nos passes errados e bolas que perde, mas a forma como define no último momento – Assistência e Finalização tornam-o à data insubstituível nos jogos da Liga NOS.

Perdas de Bola do SL Benfica – Apenas 5 no meio campo Defensivo
26 perdas de bola no meio campo defensivo do Santa Clara – Os dois golos do Benfica têm origem em recuperações em tal espaço


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Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

5 Comentários

  1. Se era interessante como já falamos aqui no blog, trocar as posições do chiquinho e Pizzi, acrescentava à equipa ainda mais a qualidade de passe, visão e decisão que tem e o outro usufruía dos momentos próximos da área e do golo que tem.
    Seja como for, novamente um jogo fraco em muitos aspectos e dá ideia que o Lage anda às apalpadelas para tentar retirar algum rendimento constante. Não sei se sou o único mas temo que a história dele possa ser semelhante à do Paulo Fonseca no Porto na medida que os adeptos tinham expectativas elevadíssimas para o plantel que disponha na altura e depois veio se a revelar o treinador que é.
    Apesar de ser crítico em algumas opções ( sem conhecimento de causa como é óbvio) sou a favor do trabalho dele, o mesmo acontece nas nossas áreas ocupacionais, quem é competente e decisivo precisa sempre de períodos de adaptação e de crescimento
    Já falei isto antes mas penso que toda a equipa vai evoluir basta trabalharem e aprenderem com a experiência.

    • Correto, os adeptos tinham expectativas elevadíssimas. Daí ao plantel corresponder em qualidade à essas elevadíssimas expectativas vai um grande caminho.

  2. Pizzi só serve mesmo para bater em mortos numa liga que pouco interessa ver, equipas equivalentes ao 3º/4º escalão inglês ou alemão exceptuando 3 ou 4,
    depois na Europa e contra o Porto vê-se o que Pizzi realmente vale.
    Com ele, Almeidas, Jardeis e Seferovics o Benfica continuará a ser humilhado na Europa, porque não têm simplesmente qualidade para ombrear com bons clubes, nem falo dos melhores.

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