Notas da derrota leonina em Barcelos

Em Barcelos, perante um Gil Vicente que frente aos grandes já havia demonstrado competência, sobretudo assente no momento de organização defensiva e no momento de transição ofensiva para contra ataque, o Sporting caiu. Depois de um jogo competente na quinta feira passada, um jogo com um contexto diferente, com problemas diferentes e que anteriormente com outros adversários já tinha causado problemas ao Sporting, os leões voltaram a sucumbir.

  • Incapacidade de ligar construção com criação. Nunca o Sporting conseguiu superar com qualidade a linha média de cinco do Gil Vicente a defender largura, permitindo chegar com qualidade a zonas de criação, quer por dentro ou por fora. Nunca conseguiu ter uma velocidade de circulação capaz, nem nunca conseguiu atrair a equipa do Gil para posteriormente entrar e acelerar;
  • Para lá da falta de ligação da construção com criação, a falta de alguma coordenação em zonas de criação. Nunca o Sporting conseguiu separar os setores gilistas, sempre juntos e confortáveis e a defender de frente todas as investidas dos leões. Notou-se aqui e ali alguns movimentos complementares de ataque à profundidade com movimentos de apoio que permitissem separar os setores gilistas, mas a coordenação na decisão a tomar nesses momentos por quem tinha a bola e por quem criava esses movimentos sem bola, não foi a melhor;
  • A essa falta de ligação, os médios leoninos, principalmente Wendel e Bruno Fernandes, saíam de dentro do bloco gilista para zonas de construção (falta de paciência) juntamente a Doumbia, sem que com isso houvesse um movimento complementar de subida que permitisse desorganizar e atrair a linha média gilista, que manteve-se sempre serena e organizada e sem que o Sporting tenha muitas vantagens com isso. Curiosamente, é com Bruno Fernandes fora do bloco e de frente para o jogo e com Wendel a cair na profundidade pelo corredor esquerdo (algumas vezes procurou esse espaço à largura no corredor esquerdo) que o Sporting chegou ao golo;
  • Exibições medíocres de Ilori, Doumbia e Jesé. Os dois primeiros com claras responsabilidades não só em termos defensivos, mas sobretudo ofensivos, numa equipa que necessita de qualidade com bola para poder criar, Ilori e Doumbia, nada oferecem neste momento ao processo ofensivo do Sporting. Jesé, movimentou-se constantemente entre central e lateral, mas nunca com movimentos coordenados com Rosier na busca de apoio/profundidade e nunca conseguiu combinar com o lateral francês. Tarda em mostrar ser um verdadeiro reforço para o Sporting;
  • Ao demérito leonino, não esquecer o muito mérito do Gil Vicente de Vitor Oliveira. Já tinha dado a provar deste veneno em Barcelos na primeira jornada frente ao FC Porto e hoje voltou a mostrar competência, alargando a linha média para cinco elementos e procurando sempre manter a linha defensiva próxima da linha média, dando pouco espaço entre si, algo que como referido anteriormente, o Sporting não conseguiu contrariar. Além disso, após a recuperação da posse de bola, tem movimentos em transição muito bem trabalhados, com Sandro Lima a oferecer muita mobilidade à largura e profundidade, ora caíndo directamente nas costas da linha defensiva, ora explorando espaço entre central e lateral pelo corredor da subida do lateral e da recuperação da posse de bola, contando ainda com a preciosa cobertura dos seus Extremos (Baraye, Arthur e Laurency) e de Kraev vindos detrás para aproveitar a desorganização adversária e poder definir enquanto estes não se reorganizam.

2 Comentários

  1. Sem querer pôr em causa o trabalho da actual equipa técnica do SCP ou daquelas que a antecederam, eu gostaria de ver a equipa técnica do Gil Vicente no SCP ou noutra equipa grande. Por aquilo que já fez no nosso futebol seria mais que merecido. Mas, aos olhos de quem ‘sabe’, parece não ter argumentos/ideias/capacidade liderança/visão/discurso/inovação/visual para preencher requisitos tidos como indispensáveis para ocupar o cargo. É antiquado e recusa-se a fazer plástica.

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