Chegar, Ver, Marcar e Defender

O registo interno de Bruno Lage é para lá de assombroso. Completa duas voltas – O correspondente a uma Liga – com apenas cinco pontos perdidos – Se fosse na mesma época seria um registo “seguramente” impossível de bater.

Ao modelo muito bem pensado e treinado, a modernidade surge em forma de abordagem estratégica a cada jogo.

Em Guimarães, o Benfica foi a equipa humilde que teria de ser para vencer o jogo perante um conjunto que lhe é inferior individualmente, mas que tem um sem número de jogadores de nível muito bom, e que garantidamente não farão carreira eterna no Castelo – Tapsoba, Edwards, João Carlos, Pêpê, Rochinha, Lucas Evangelista…

Uma das maiores críticas à abordagem dos jogos no período pré Bruno Lage que este espaço fez passou sempre pela pressão constante que os encarnados exerciam em cada jogo, em cada situação, e que tantas vezes levaram o Benfica a defender aberto, a ter de defender muito espaço e com poucos homens.

É impossível prever que abordagem teria tido o Benfica se o tempo se arrastasse e não estivesse em vantagem no marcador – Teria de ser diferente! Mas, tal não sucedeu, e a equipa de Lage foi desde o primeiro minuto uma equipa junta, concentrada e humilde no sentido de perceber que do outro lado havia muita qualidade e que era preciso, antes de tudo o mais, saber fechar o campo.

O Vitória podia e talvez merecesse (não ignorar, contudo, que o merecer por se ter instalado no meio campo do Benfica, tem sempre a condicionante de tal ter sido fruto de uma (boa) decisão de Bruno Lage ao optar pelo tal não pressing, mas antes pelo fechar do espaço) ter tido mais “sorte”. Não criou em número suficiente para que se possa falar de um jogo muito conseguido, mas Marc Edwards com os seus recortes individuais criou lances perigosos – Mais do que os que o Benfica teve no jogo.

Na leitura de um jogo nunca se pode ignorar o resultado com que este vai decorrendo. A vencer, importou muito mais não dividir o jogo para que não houvesse muitas situações com espaço para Lucas Evangelista, Pêpê e Marcus Edwards definissem chegada e definição no último terço.

Onze jogos sem sofrer golos na Liga em quinze é uma marca incrível que reflecte alguns jogos de Vlachodimos, mas sobretudo o trabalho de modelo e de estratégia do treinador do Benfica com uma equipa que está a muitos anos luz de qualitativamente poder ombrear com a de um passado não muito distante e que reuniu uma série de jogadores que se viram transferidos para as melhores Ligas e Equipas do futebol mundial.

Lição de ataque posicional:
– A profundidade do lateral (Grimaldo) que obrigou o lateral do Vitória a dividir pressão e com isso Cervi teve espaço para receber e virar;
– O passe interior de Ferro;
– Depois de conquistado espaço nas costas dos interiores – Conquista do espaço nas costas de Pedro Rodrigues;
– Temporização e Definição de Chiquinho para conquistar último espaço – Nas costas da defesa;
– Procura do lado cego em zona de finalização.

Um regalo.


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1 Comentário

  1. “É impossível prever que abordagem teria tido o Benfica se o tempo se arrastasse e não estivesse em vantagem no marcador – Teria de ser diferente!”

    Este é um aspeto importante na vertente adaptativa do modelo do Lage. Desde o jogo com o Leizig que se vê maior capacidade de abordar o decorrer dos jogos por thresholds e isso é essencial comparativamente ao que era antes e que aqui assinalei em vários comentários, nomeadamente a equipa quase sempre demasiado estendida.

    “Uma das maiores críticas à abordagem dos jogos no período pré Bruno Lage que este espaço fez passou sempre pela pressão constante que os encarnados exerciam em cada jogo, em cada situação, e que tantas vezes levaram o Benfica a defender aberto, a ter de defender muito espaço e com poucos homens.”

    Podem dar exemplos de posts a anteriores com esta crítica?

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