O futebol de rendimento que não vem nas redes sociais, Paciência

Gonçalo Paciência deu recentemente uma entrevista que toca numa série de assuntos que tanto importam desmistificar, e que tantas vezes aqui foram trazidos pelos diferentes escribas.


Nós, jogadores de futebol, e tive essa experiência, em momentos em que não jogamos tanto, a culpa é do treinador, disto ou daquilo. E, às vezes, é bom que levemos com alguns choques e ‘socos’ na carreira para se perceber o que, realmente, nos falta e poderá acordar de certa forma

Cresceu uma tendência entre adeptos do futebol, que os jogadores talentosos quando não vingam é por mil e uma razões, e todas extra ao próprio jogador, quando em noventa e nove por cento dos casos, é no próprio jogador que está a chave para o sucesso.

Tantas vezes aqui se alerta até para a forma como a falta de noção que grassa pelas redes sociais sobre os factores que importam no alto rendimento, prejudica aqueles que rapidamente têm mais ego que rendimento. E tantas são as vezes em que esses jogadores nunca transformam potencial no próprio rendimento, porque vivem orfãos de uma imagem que se criou de si que pura e simplesmente não tem paralelo com a realidade.

Imagine um caso concreto (fictício, mas que poderia tornar-se real), para que o entenda. Tomás Esteves, que é um miúdo com um potencial muito elevado mas que ainda está muito longe do andamento obrigatório do futebol sénior de alto nível (não é sequer apenas uma opinião do blog, mas dos diferentes treinadores que o treinaram em tal contexto – Clube e Selecção), começa a sentir que a imagem real de si é a das redes sociais e não a que vivencia diariamente no treino, concentrando-se em sentimentos de injustiça por jogar menos – Afinal nas redes garantem ter um rendimento extraordinário. A partir de uma constatação errada, muito rapidamente pode por tais sentimentos não sentir-se na obrigação de dar mais, mas na percepção contrária. Nunca vou jogar, porque não gostam de mim, nem vale a pena o esforço.

Quantos não têm perdido assim o comboio?

Considero que tenho talento, mas o que me está a levar a ter sucesso agora, não é só o meu talento, mas a minha condição física, intensidade e tudo o que melhorei com o meu trabalho

Pa, onde é que me meteste?! Isto aqui é um andamento…

Quando cheguei, aceitei o facto de não estar ao nível deles e isso fez-me trabalhar e ir atrás…

Quando cheguei ao Frankfurt percebi que precisava de mais, mesmo fisicamente, na forma como me tratava, como encarava o treino, precisava de ser EU a mudar tudo.. sentia que tinha qualidade, mas faltava-me intensidade

Sobre a importância da rotação, já por diversas vezes aqui trouxemos o exemplo sobretudo de dois pequeninos – Xavi e Iniesta – Porque este andamento, traduz-se num gesto motor, numa acção que parte do físico, mas que tem génese na disponibilidade mental para.

Não precisas de ter dois metros para ter andamento, mas sem esta rotação dificilmente se triunfará ao mais alto nível. E se o que destingue os muito bons dos restantes é a qualidade das suas decisões, no topo da cadeia dos que executam e decidem, surgem os que “andam”.

2 Comentários

  1. Hoje os jogadores vivem no que poderão ser amanhã… Mas acreditando que já o são hoje, pois é isso que lhes é transmitido.

  2. Chamo-me Fernando, sou brasileiro, grande admirador e leitor assíduo deste site. Queria que o nosso principal jogador da atualidade, Neymar Jr., pudesse ler este artigo para repensar sua carreira e sua postura profissional dentro e fora do campo. Mas acho que ele deve estar lendo posts do instagram neste momento.

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