Os melhores dos piores

Imagine-se o cenário. Porto e Benfica (como Braga e Sporting) perdem na Europa. Nas horas e dias seguintes sucedem-se comunicados, acusações e injúrias contra Leverkusen e Shakhtar. Pegar-se-á em tudo, menos na superioridade evidente em todos os capítulos tecnico-táctico-estratégicos. Sacode-se o capote e espera-se que ninguém tenha visto que o nosso futebol vai nu. Sim, quanto mais se subir na escadaria europeia mais irrelevante se torna a imbecil peleja por mais uma, ou duas latas em maio. Latas essas que bem poderiam mesmo ser de lata, tal o valor que ostentam quando lá de cima se olha para esta medíocre luta.

Embrenhados nela, parece que não há nada mais importante que aquela(s) festa(s) em maio. Tudo por umas horas de escapismo, em que podemos bradar a superioridade de uma escolha em detrimento de outra. Superioridade de uma cor, de uma ideologia, de uma filosofia em detrimento de outra. Espero não ter de repetir de novo porque tenho a certeza que enquanto leem vão certamente ter a sensação de déjà-vu com outras manifestações de superioridade entre cor, ideologia e crença. A um nível diferente, sim, mas da mesma massa que são feitas outras estúpidas dualidades entre supostos superiores e supostos inferiores. Tudo por uma p*ta de uma lata e uma noite de festa.

Valerá a pena pormos em cheque todo o futebol português para um, dois, três ou quatro clubes manterem essa noção? Noção de que importam mais, de que são mais valiosos e por isso podem impedir o livre-arbítrio e possibilidades dos outros. Pois bem, funny thing is: ao negarem as dos outros, estão a negar as suas próprias. Não acreditam? Tomem nota:

É assim tão benéfico para o Benfica que a hegemonia que tanto auguram se torne de facto realidade? É que para essa ser uma realidade, o principal adversário, o FC Porto teria de enfraquecer ao ponto de estender a passadeira. E não é que uma luta que parece titânica em Portugal (sim, lá fora querem mesmo saber de Benficas e Portos… who?) tem contribuído para a transcendência dos dois? Caminhada conjunta essa que deu uma Liga Europa, meias-finais, outras duas Finais, quartos e oitavos de Champions. Que deu incontáveis milhões (biliões!) de euros dos quais uma elite de três cores (azul, vermelho e branco) tomou conta, usando-os para proveito próprio e enfraquecendo os plantéis dos dois (na realidade, três) maiores clubes portugueses, ao ponto de hoje, nem na Liga Europa terem possibilidades de competir olhos nos olhos com clubes relegados das Champions. Mais ainda, outros incontáveis milhões (já todos eles antecipados e mais que gastos em teoria) frutos de um todo que engloba outras equipas que só tiveram direito a migalhas. E sem reais pedaços de pão não podem crescer para fazer sombra. Não faz mal, é assim que se querem: fracos, não vá alguém fazer gracinhas.

Mas tudo isto é ilusão. E o passeio do record de pontos que Benfica e FC Porto vão batendo à vez não aumenta a qualidade do todo. Como procurar transcendência e sermos obrigados à questão ‘como posso mudar a minha identidade para alterar as minhas consequências?’ se os desafios não nos obrigam a isso?

Bendita Europa que nos abres os olhos e nos obrigas a meter em cheque a gestão de uma elite que usa a paixão exacerbada como um demónio gigante que suga a energia dos cegos seguidores. Fiquem com a lata, com a festa em maio que eles ficam-vos com a energia e o dinheiro para gerirem a seu bel-prazer. Acham mesmo que quem dirige o futebol gosta de futebol? Gostam da sensação de poder que lhes dá quando se ganha e quando se subjuga o outro. Para o ego ser validado – por quantos mais melhor – já que a sua auto-estima não dá para mais, só para ser validada por outrém. Por isso por lá se tentam eternizar. Não vão perder a sensação de validez que aquilo lhes dá e acabarem a vida sem nenhuma luz -luz essa que roubam a quem os segue, não conseguindo outra forma de manterem a importância que julgam ter.

Fossem as regras do jogo outras e jamais outro clube da mesma competição tentaria menosprezar outro. Jamais a gestão de um clube serviria os interesses e necessidades de uma elite (foi isto em que Benfica e Porto se tornaram) e jamais a organização permitiria descaradas ataques a algum dos participantes. Ao invés promoveria a equidade, conceito que tanto se augura mas que não passa de isso mesmo – porque o interesse passa pelo individual em detrimento do todo. Pois bem. Não querem lutar pelo todo – distinguindo-se pela capacidade de produzir mais e melhor e não pela capacidade de esmagar o oponente? A Europa também não vos quer a vós.

No fim sobra para o treinador arcar com as más gestões e ter de, num par de dias, arranjar maneira de bater adversários mais fortes, para que os adeptos mantenham a ilusão da superioridade. “A equipa devia fazer isto e aquilo. Ter mais bola, defender mais junto, juntar linhas, meter mais gente a atacar, ter mais jogo-interior, não ceder contra-ataques, não fazer tantos passes de risco, criar mais ocasiões…”

A Liga Portuguesa não exige isso. O campeão, seja ele qual for, ganhará sem ser realmente exímio em coisa alguma. E a sensação de que a maioria dos jogadores são de elite é totalmente falsa. Festejem isso em maio. É que a maior derrota desta noite não foi ideológica, táctica, estratégica. Foi de gestão. E tem anos, décadas. Hegemonias e tentativas de hegemonias fazem mal, são nefastas. Pena que os adeptos continuem a lutar por elas ao invés de exigirem mais qualidade. E se ela não existe (mas os adeptos pensam que sim) o treinador é o primeiro a saltar.

29 Comentários

  1. O futebol portugues é o espelho da realidade intelectual portuguesa. Uma baita de paineleiros a criticarem tudo e todos, sem nunca acrescentarem nada pois tambem nunca fizeram nada. Promove-se revoltas para se auto eleger lideres, pois este alimentam uma teia de porcos gordos que vivem da mama.
    Assim é o futebol de segunda a domingo nos canais de tv; nos palcos que se dá às claques e aos seu “lideres”, como se isso interessasse para alguma coisa: nas estrutura de esquemas financeiros dos clubes atraves de comissionistas; e esquecemos o obvio, os jogadores e a qualidade dos mesmos e das equipas tecnicas..
    Os mendes do futebol mandam nos treinadores, poem os seus jogadores e perde-se a paixão e a qualidade..
    Não importa a qualidade do treinador e dos jogadores, pois o dinheiro retira os argumentos à concorrencia e assim se fazem as “grandes” equipas em PT.
    Extra futebol, é identico.. Poem-se os jornais/imprensa a discutir o sexo dos anjos; arranjam-se temas cor de rosa para se discutir; as cupulas partidarias distribuem entre si as regalias e os tachos; Cria-se discussão que o partido A é melhor que o B, e que os erros são culpa dos outros, etc, etc… e no fim somos os maiores cá no burgo, sempre com barriga meio cheia e quando nos comparamos com o exterior não passamos de lixo…

  2. Concordo a 100%. A minha questão é … Achas mesmo assim tão redutor ou achas que esta atitude reflete a vontade de um e outro quererem ser hegemónicos cá dentro com a perspectiva de serem o representante do burgo numa super liga europeia?

    • Também acho que esse pode ser o grande problema é ainda mais humilhante e inexplicável pois tudo indica que poderá ir mas como “clube convidado”, com toda o fragilidade que essa designação implica.

  3. Percebo o lamento – caíram todos os clubes a competir na Europa.
    Entendo e subscrevo as críticas ao baixo nível da comunicação dos clubes (não só os dois de topo… todos) e à total inoperância de quem organiza o futebol português.

    Não entendo, no entanto, a conclusão.
    Benfica e Porto – bem como Sporting, Braga e Guimarães (para falar apenas dos que competiram na Europa) tentam, naturalmente, vencer em Portugal. Como qualquer outro clube no mundo. Para isso, têm de ser mais fortes. São-no criando condições para isso: na formação, na exploração da sua marca para com isso ganhar mais receitas, para com isso reforçar os planteis e melhorar infra-estruturas…

    O futebol português é… o que é. Na verdade, é até bem mais forte, se visto de um prisma certo, do que a esmagadora maioria dos desportos nacionais. E até se comparado com outros “Ramos de atividade” em que Portugal se pode comparar com outras nações.

    O futebol português não tem regras diferentes dos outros futebóis europeus. A UEFA regula a forma como as receitas das competições que gere são distribuídas: e não usa qualquer princípio de equidade… distribui por “mérito”: quem vence, ganha mais.
    É esse o quadro em que estamos inseridos.

    Além disso… Somos um país com menos que 10 Milhões de habitantes. Um PIB dos mais baixos da União Europeia.
    Apesar de tudo isto, vamos passar para o 5o lugar do ranking da UEFA.

    A p*** da lata não significa, para a maioria dos amantes de futebol em Portugal, uma noite em Maio. Significa dezenas de noites em estádios, outras tantas à frente da televisão, a acompanhar os jogos do nosso clube, nas vitórias e derrotas, a elogiar o que é bem feito e a criticar o que deverá ser melhorado.

    O futebol português tem muito para melhorar e podemos e devemos todos exigir isso. Mas achar que o mal do futebol português é o próprio futebol português… não faz, para mim, qualquer sentido.

    Um abraço

    • Olá, Nuno

      Obviamente tentam vencer e eu não critico isso. Tudo o que não conceba minimizar adversários ou fazer de tudo para para que eles se tornem mais fracos, é competição saudável. A questão que levanto é: será benéfico o clima de constante guerrilha que se vive no futebol português? Será benéfico que os adeptos dos maiores clubes queiram ver os outros na ruína só para manterem o nível de vida dos dirigentes e para eles próprios terem um argumento de superioridade perante os restantes? Porque acredita que isto, apesar da tentativa de fazer crescer a qualidade por meios legítimos, também existe.

      O que eu acho é que não consegues manifestar algo de superior se estiveres mais focado em destruir o adversário do que em criar condições para ti mesmo. Mais ainda, enfraquecendo a competição enfraqueces-te a ti mesmo. E está é uma bola de neve que em PT ainda não parou porque está tudo preocupado em ganhar a lata para provar a superioridade. Outra é, se estás focado em manter a noção de superioridade não estás a exercer o teu verdadeiro potencial. Só tens atenção e energia para manter uma a tempo inteiro.

      Quer isto dizer que mesmo que o futebol português seja um dos ramos com mais sucesso, poderia ser muito mais. Muito mais do que isto. Penso que concordarás.

      Devia ser mais que a lata que só dura uma noite. E só dura uma noite porque repara, enquanto não a ganhaste estás focado em ganhá-la, não vais festejar. Ganhas, festejas e no outro dia o sol nasce e põe-se de novo. Contigo já focado em ganhar outra, e com os adversários com a mesma possibilidade. A não ser que festejes todos os dias até deixares de ser campeão ou te andes a gabar por sê-lo todos os dias até à decisão do próximo, isto é basicamente o que acontece. E como hoje viste, ser campeão em Portugal não tem o significado que lhe dão. Uma perspectiva europeia dar-se-á a verdade de que ninguém quer saber, ninguém se interessa por um país que poderia ser tremendamente único e criativo na organização, na ideologia, formato, competitividade e exportação da sua Liga. Mas as pessoas andam ocupadas a ver quem é o melhor dos piores. E há quem viva à grande à custa disso.

    • Concordo bastante com este post. Portugal estar em 5, 6 ou 7 lugar do ranking da uefa é extraordinário e revela a boa capacidade de gestão dos nosso dirigentes/empresários /treinadores e jogadores. Países bem mais ricos não fazem tanto.

  4. Falemos de organização, portanto.

    Que tal a redução do número de clubes da primeira divisão – chamem-lhe o nome que quiserem -, para metade e campeonato a quatro rondas, tal como se faz na Suiça, já que não temos um país de tamanho semelhante ao lado, para juntar os trapinhos, tal como a Bélgica e a Holanda irão fazer?
    E já agora, copiar do râguebi e do futebol americano a audição, no sistema de som do estádio, da conversa entre árbitro principal e árbitro do VAR?

    Quais as vossas propostas?

    • Olá, Paul

      A redução até poderia ter factores benéficos. A meu ver não se fariam sentir se a consciência vigente de procurar dividir para reinar não se alterasse.

      Quanto ao VAR acho que seria mais simples que todos percebessemos que há certos problemas que não têm solução. Vão haver sempre erros e vai haver suspeição – o que está diretamente ligado ao clima de dividir para reinar pois há dados e factos revelados que provam, pelo menos, que há dirigentes que tentam influenciar o jogo por outros meios.

      O que poderia ajudar também seria em certos casos definir-se um critério e todos os árbitros segurem-no.

      Quanto à comunicação, seria uma boa ideia. Não fosse o clima insuportável de suspeição e seria uma boa adição. Mas, como tudo onde há má-fé, acho que neste momento prejudicaria mais os árbitros do que os ajudaria na interpretação das sua visão pelos adeptos.

      Abraço

      • Brian,

        Não se pode operar directamente sobre as vontades dos actores, mas pode-se agir sobre as circunstâncias nas quais todos competem.

        O problema do futebol português são os padrinhos. A Federação está ocupada pelos padrinhos e não irá fornecer uma cura.

        A libertação da esfera de influência do padrinho corresponde a não apenas uma independência económica, mas a um igualdade por alto dos meios financeiros pela partilha por igual dos direitos económicos televisivos.
        Com mais meios para a maioria das equipas, as suas equipas melhoram e o ritmo competitivo eleva-se.

        ””””
        Nota particularizante: neste mercado de Inverno aconteceu uma inovação que ficou por notar; aos quase crónicos 4º e 5º classificados foi feita uma ligação financeira directa e extremamente significativa vinda dos campeonatos centrais – falamos da aquisição directa de dois jogadores, Trincão e Tapsoba, sem passar pelos serviços de intermediação dos crónicos campeões.
        ””””

        Ou seja, inverter em Portugal a tendência financeira fundamental do futebol actual – o aumento do fosso entre clubes em função do seu grau de riqueza.

        Quem é que pode acreditar nisso, sabendo que o valor social do futebol – ao nível das competições internas está na normalização de uma ordem social igualmente plutocrática?
        Faz-me lembrar um episódio de “As fontes do som” do maestro António Vitorino de Almeida, aquele em que disse: “Se querem um outra música, arranjem um outro mundo”.

        Quanto o futebol é o único evento social importante – a única razão que leva as pessoas a juntar-se – como poderá ser o que se passa nas quatro linhas o mais importante?

  5. Muito obrigado pelo comentário. É evidente que o futebol em Portugal não está saudável. Os presidentes são certamente um problema mas, para mim, mais grave ainda porque influência toda a opinião pública, são os comentadores de programas desportivos e os respectivos canais televisivos. Aqueles que não se contêm de criar casos onde não existem e de alimentar os ódios. Creio que têm uma enorme responsabilidade para a qual não estão preparados.

    • Nem mais. Se os programas de futebol são apenas o prolongamento da conversa de tasca como é que se pode levar o futebol a serior.
      Acabem com aquele circo e com as claques, multem dirigentes e departamentos de comunicação a sério. Limpem a arbitragem, a Federação e a Liga. Eduquem os adeptos e levem pessoas aos estádios promovendo.o espetáculo e não o circo envolvente.

  6. Bom dia Brian!
    É sempre um prazer ver os vossos posts. São sempre oportunos, pelo menos na minha opinião.
    Puseste o dedo na ferida, só os mais tapados não querem ver isso.
    Basta pensarmos quando é que algum clube em Portugal ganhou um campeonato com mérito (no entender do adversário mais direto).
    Tá tudo mais preocupado a falar em polvos, frutas e padres do que em ajudar o nosso futebol.
    Ninguém percebe que só quando as equipas pequenas forem mais competitivas, é que os grandes terão mais expressão lá fora.
    Aqui o Porto e o Benfica atacam 90% dos jogos, e a gasóleo.
    Quando a qualidade do adversário aperta muito é o que se vê. Levam 3golos de cada vez..
    Se ainda temos alguma qualidade, assim devemos aos treinadores dos ditos pequenos, que fazem excelentes trabalhos, para não levar aos 5 se cada vez.
    Abraço

  7. Aínda diria mais!!
    Enquanto os debates da CMTV forem os mais vistos em Portugal está tudo dito.
    Caos e ódio, é o que vende.
    Caso passassem as 4 equipas o que diriam hoje?
    Aposto que seria “Vieira investigado ou Pinto da Costa investigado”
    Ou ” Mau ambiente aqui e ali ”
    É isto meus senhores.
    Ódio, inveja. Isto nem rivalidade é!!
    Parte de todos mudar isto.

  8. Bom post.
    Mas acho que culpar os clubes e também assobiar pro lado, a culpa é falta de regulação por parte da liga ou federação , aqui começa o problema é que nem nós meros amantes da bola percebemos quem regula o que. O tema dos comentadores na tv enfim é o que é alguém pagará para isso, o que para mim já passou há largos anos a fronteira do razoável e termos diretores ou direções de comunicação a fazer é dizer o que querem sem qualquer consequência. Em Inglaterra por exemplo pune se atitudes como simulações os jogadores são suspensos , em Portugal os próprios clubes elogiam a arte da simulação …

  9. É impossível concordar com isto na totalidade.

    O campeonato alemão é fraco? Sofre dos problemas do nosso?

    É que o Bayern é campeão há 7 anos consecutivos.

    O problema não são as hegemonias, são as mentalidades e a fraca “gestão” de que infelizmente padecem os clubes em Portugal, colocados (e aí não há como não concordar) ao serviço de interesses obscuros (ou nem por isso) e a enriquecer quem os comanda e alguns “parceiros”. É por isso que eles se querem eternizar, não é pela satisfação do ego.

  10. Creio que o problema não está tanto na hegemonia do SLB ou FCP , o Bayern em cada 10 campeonatos na alemanha ganha 8 , o FCP tbem ganhou o campeonato e liga europa em tempos que a cada 10 campeonatos ganhava 8 ou 7,
    A questão principal è a competividade interna , campeonato fraco,orçamentos reduzidos para os clubes pequenos , prèmios televisivos baixos e a não presença de investidores fortes financeiramente como acontece em outros campeonatos.

    o Braga do Salvador tem sido a unica lufada de ar fresco dos ultimos anos, um exemplo de clube que soube evoluir a nivel de infrasestuturas, formação, etc

  11. Sinceramente discordo… ou entao nao percebi bem o texto.

    Qual e o problema de “querer ter a hegemonia”? O Bayern tem a hegemonia e a liga alema continua a ter os ingredientes certos para ser actrativa.

    A meu ver, e preciso mudar umas quantas coisas fundamentais, e talvez por ordem, para surtirem efeito.

    Algumas alteracoes a regras/leis, pela liga ou federacao.

    1. Limitar o numero de inscritos, de forma a obrigar quem tem dinheiro a nao. comprar tao cedo, a deixar crescer. Vai permitir que os pequenos tenham jogadores melhores, em vez destes se perderem na B dos grandes, e vai melhorar os planteis dos melhores, porque terao de ser mais criteriosos.
    2. Limitar o numero minimo de portugueses inscritos, isto pode parecer algo xenofobo, mas e mais ou menos como a Alemanha fez, com bons resultados. Ter planteis com 3 ou 4 portugueses nao faz muito sentido num futebol pobre, apenas serve os interesses dos empresarios e do caroussel de jogadores. Vai melhorar a saude dos clubes e a longo prazo nao vai ser preciso ser lei para ser regra 😉
    3. Nao permitir emprestimos na mesma liga, querem um jogador, compram. Isto, junto com os limites de inscritos obrigaria a muito mais criterio.
    4. Legislar as transferencias, acabar com as percentagens de passes, e se possivel, fixar valores percentuais maximos de comissoes e premios de assinatura.
    5. Acabar de vez com perdoes e quick fixes para permitir que clubes que estao constantemente em incumprimento permanecam na primeira liga. ou na segunda, sem pagar ao estado e aos seus atletas atempadamente. Muitos “ja foram” e o futebol nao morreu, por cada clube que. cair outro se levanta. So assim havera um futebol moderno.
    6. Proibir comunicacoes diarias ou semanais, de directores de comunicacao ou magazines forjadas dos clubes, para incendiar ambientes e passar mensagens. Qualquer pessoa ligada ao clube contratualmente poderia ser alvo de sansao. Iste uma questao de bom senso, basta nao abrirem excepcoes e punirem mesmo, e sempre, seja quem for, que acabam. Para mim, as punicoes devem ser proibicao de inscrever jogadores ou jogos a porta fechada. Acaba logo.
    7. Jogos a porta fechada para qualquer clube com incidentes nas bancadas, mas tipo qualquer incidente mesmo. Ai atiraram umas cadeiras? Temos pena. Jogo sem adeptos. Ai mandam tochas? Temos pena. Jogo sem adeptos. As claques ou se comportam, ou perdem os apoios dos clubes, ate dos seus adeptos, por lhes serem prejudiciais,
    8. Aumentar as multas para cada transgressao, seja insultuosa, ao arbitro, ao rival ou a qualquer outro interveniente, seja conduta agressiva (fisica), ou de pressao para com o arbitro, para valores absurdamente altos, tipo metade ou mais do ordenado mensal da pessoa. Assim para logo, agora aos 400eur de cada vez e risada.
    9. Comecarem cursos de dirigismo e eventualmente tornarem isto banal. Convem nao esquecer que muitos dos gestores e dirigentes do nosso futebol nao sao especialistas e so teriam a ganhar em passarem a ser.
    10. Taca de Portugal, o clube forasteiro e o da divisao acima caso as equipas sejam de divisoes diferentes. Receita toda para a equipa da casa, nestes casos.
    11. Fase regular mais playoff: nao faco ideia qual seria a melhor solucao, confesso que o playoff me assusta um pouco, porque eventualmente as equipas irao mesmo jogar menos na “fase regular”, e apenas depois, acelerar, mas que a fase final iria ser optima tenho. poucas duvidas.
    12. Ou campeonato a 4 rondas, com menos equipas (podem terminar a taca da liga para haver espaco se for preciso).

    Leis de jogo:

    13. Punir o anti jogo, as simulacoes e perdas de tempo, com uma especie de sumarissimos. Atencao, que isto vai dar muito azedume, aceito que a primeira epoca vai ser ma… mas depois vais ser sempre a melhorar. No jogo em si nao e facil decidir sobre isto, mas depois do jogo… e muito simples. Inventem um cartao diferente para isto e seja algo que acumule… ao fim de 3 ou assim, um jogo de suspensao. E nao acumula nem limpa com amarelos.
    14. Cartoes para quem for protestar com o arbitro quando este espera pelo VAR, falar e uma coisa, ser um maluquinho aos berros e outra. O futebol latino nisto e horrivel.
    15. Reunioes entre CA para uniformizacao de criterios com os arbitros para adopcao geral, mostrar que sao uma organizacao para tudo e nao so para se defenderem uns aos outros.
    16. Tal como em Inglaterra, e da unica forma que faz sentido, o VAR decide na maioria dos casos, sem intervencao do arbitro principal. Nao se pode perder tempo! Ele decide e siga, senao nao esta la a fazer nada. Alem disso, convem haver limite de tempo para tomar a decisao, a questao e, se so intervem em lances claros, como pode demorar 3min a decidir? So se nao for claro ne? Entao 50s para decidir ja sera muito, alem disso, segue o jogo.
    17. Substituicoes com jogo a decorrer.

    Seria um bom comeco 🙂

  12. Concordo com as críticas do texto. Não concordo é que o Shaktar (este não concordo de todo), assim como já não concordava com o Lyon quando jogou com o Benfica tenham mais qualidade a nível individual que o Benfica. O Benfica devia ter feito melhor e o Lage está longe de estar isento de culpas na forma como preparou a equipa nalguns destes jogos. Este site primava por ser excelente a criticar e apontar erros técnicos e tácticos fosse de quem fosse, e ultimamente e especialmente no caso do Lage q é o q sigo mais por ser Benfiquista, sinto-os sempre bastante levianos nas críticas a este.

    Cumprimentos e continuação de bom trabalho,
    Mário Horta

  13. Não há paciência para estas ladainhas. Metade dos argumentos aqui plantados são transversais à indústria do futebol, de que vocês fazem parte, onde alimentam as vossas famílias e não me lembro de ler aqui críticas a este mundo. Depois desta publicação entrou um texto qualquer no site patrocinado por uma casa de apostas! Porque será que ninguém discute aquele 0-7 do Guimarães em Famalicão, sobretudo depois do que foi dito pelo jogador Toni Martinez relativo ao encontro com o Paços de Ferreira?

    É preciso ter cuidado com hipocrisias. Que o campeonato português é fraco não é propriamente uma novidade, diria que sempre foi assim, o que é mais uma consequência do contexto extra-futebol do que propriamente do que se faz na modalidade. E depois há o contexto económico futebolístico que é bastante desiquilibrado. Se olharmos unicamente por aqui o futebol tuga tem resultados incríveis. É evidente que há muita coisa a melhorar – diria que é a lei da vida e serve para tudo e todos, não passa de um lugar-comum – e que não posso alinhar nas parvoíces e malabarismos constantes que os clubes alimentam a toda a hora e todos os dias. O tema da arbitragem é secante e trágico, o que não significa que devemos fechar os olhos a determinadas situações. Por exemplo o VAR é uma grande trampa, na minha opinião, aquilo só faz algum sentido se for retirado o factor humano da avaliação. Caso contrário é um desfile de horrores sobretudo ao nível dos critérios utilizados para jogadas ou eventos similares.

    Voltando às hipocrisias – a conclusão deste linguado do irmão do Michael Laudrup é que tudo está errado. Menos o treinador tuga. Foda-se nem a associação dos treinadores se lembraria de uma destas!

    É o seguinte: o vosso adorado Silas tem feito um trabalhinho de vão de escada no Sporting, ainda que em sua defesa possamos lamentar o autêntico circo onde está inserido; o Bruno Lage lidera uma equipa com os melhores valores individuais do país e parece que joga cada vez pior, ainda que seja uma equipa competente não conseguiu até agora evoluir para ser uma equipa completa, mesmo ao nível do trabalho directo do treinador (por exemplo na organização defensiva) há uma regressão; e depois temos o limitado do S. Conceição, um gajo perfeito para o FCP (quando ganha está tudo bem, quando perde é culpa do árbitro: um clássico neste clube, especialmente, mas também noutras realidades), que aposta tudo em dentes afiados, muita gritaria e bolas rápidas para os panzeres de 10 milhões de euros. Uma enorme quantidade de ideias rústicas. Mesmo o Ruben Amorim precisa de começar uma época para percebermos o que vale realmente.

    Não, os treinadores portugueses não são todos bons, nem são vítimas de um mundo cruel.

  14. PS: Quando vemos um treinador na primeira mao a 5mn de compensação do fim do jogo a meter o Samaris , dá para ver a mentalidade… para não falar do jogo horrìvel que o Silas planeou contra aquela que provavelmente é a pior equipa da liga europa.

  15. Obrigado por este texto Brian.

    É incrível como a maior parte não percebe, que ter um campeonato pouco competitivo enfraquece as nossas aspirações na Elite da Europa. Seja Benfica, Porto, Sporting, Braga, etc.

    Outra coisa que quero destacar é o incêndio no Futebol causado por todos intervenientes e que os Media ajudam. Isto cria um clima insustentável em quem participa não aguenta e quem sofre é o Futebol Português.

    Todos somos culpados, mas uns são mais mais culpados que os outros.

  16. No meu entender este post não faz muito sentido. Muito menos neste blog.

    Se aqui se fala de treino e treinadores, jogos e jogadores, estrategias, tácticas, metodologias, formação, caracteristicas técnicas, e não se fala, por exemplo, de arbitragens, este post parece-me “fora de mão”.

    Para se falar deste tipo de coisas tem de se falar de gestão, de direitos de TV, de contabilidade, de economia, de diversas políticas, de marketing, de qualidade dos estádios, da qualidade da animação, do policiamento, do controle do comportamento dos adeptos por parte dos governos, e da qualidade das abitragens. Porque isto tudo influencia o poder económico das ligas e dos seus clubes. Do português também. Vamos discutir este tipo de coisas neste blog?

    Para se falar de como as elites gastaram o dinheiro tem de se falar relatórios e contas dos clubes. Porque senão são só umas bocas atiradas para o ar, sem fundamento. E fundamentar é apresentar factos. Vão começar a dissecar e comparar contas neste blog?

    E é impossível falar do futebol português e da sua qualidade, sem falar de arbitragens. Enquanto não existir uma forma que garanta que não existe corrupção na arbitragem, nunca existirá possibilidade de sentar todos os clubes à mesa, para criar medidas que promovam a qualidade do futebol em Portugal. A isenção e a igualdade de critérios têm de ser garantidas para depois se falar do resto.
    Pelo menos isso.
    A forma como os bancos atuam em relação aos clubes é também importante, mas menos.
    Só quando existir garantias de igualdade efetiva é que a conversa poderá começar. Não existindo uma garantia de igualdade em todas as coisas que possam afetar os resultados dos jogos, nenhum dos clubes abdicará das vantagens que tem, porque precisa delas fazer às vantagens que os outros têm.
    Vamos discutir este tipo de coisas neste blog?

    Depois, não se percebe qual a solução que o autor preconiza para o problema do futebol português. Mas pior, ele nem sequer identifica concretamente o problema do futebol português.

    Diz ele, “valerá a pena pormos em cheque todo o futebol português para um, dois, três ou quatro clubes manterem essa noção? Noção de que importam mais, de que são mais valiosos e por isso podem impedir o livre-arbítrio e possibilidades dos outros. ”
    (já agora é “xeque”, e não “cheque”. De xeque-mate.)

    Primeiro, é óbvio que alguns são mais valiosos que outros. Neste campeonato e noutro qualquer. Os clubes com mais sócios, com mais dinheiro, com maior capacidade financeira, com mais património e melhores planteis, são mais valiosos. É óbvio. Por isso é que existem clubes que são vendidos por 1.000 milhões de euros e outros são vendidos por 25.000 euros.
    Ninguém precisa de colocar em xeque o futebol português para se manter a noção de alguns valem mais, porque não é uma noção, é uma realidade. Alguns valem mais. E nos outros campeonatos acontece o mesmo.

    Segundo, de que forma é que o autor acha que alguns impedem o livre-arbítrio e possibilidades dos outros?
    Se o fazem á margem da lei, então o problema está nas leis e/ou em quem tem a obrigação de as fazer cumprir.
    E que eu saiba ninguém pode impedir o livre-arbítrio de outro a não ser que o faça à margem das leis.
    Condicionar é outra coisa. Fazer pressão é outra coisa. Exercer poder económico ou outro, ou fazer lobbying, é permitido.
    Portanto vão falar disso neste blog? Vão começar a discutir corrupção e crime no futebol?

    Depois diz “É assim tão benéfico para o Benfica que a hegemonia que tanto auguram se torne de facto realidade?”.
    Provavelmente não é benéfico, isso já todos sabemos. E então? O que é que o autor acha que se deve fazer? Vamos obrigar o Benfica a pagar mais impostos que os outros para nivelar o poder económico? É que assim as regras já não são iguais para todos. É algo deste tipo que que o autor preconiza? Se não é, então o que é?
    Como é que se evita a hegemonia dum clube que tem mais sócios, mais património, melhor organização, e contas mais sólidas que qualquer um dos outros?
    Vamos pedir aos bancos para perdoar as dívidas de todos os outros clubes para nivelar a coisa?

    Depois o autor fala de “caminhada conjunta” de Benfica e Porto. Não sei do que é que ele fala, mas nunca vi nenhuma “caminhada conjunta” desses dois clubes.
    Mas o mais engraçado é que o autor parece achar que essa “caminhada conjunta”, “que deu uma Liga Europa, meias-finais, outras duas Finais, quartos e oitavos de Champions” foi uma coisa boa, e no resto do texto parece indicar que a hegemonia de Benfica e Porto no futebol português é uma coisa má.
    E, no meu entender, não foi a “caminhada conjunta” que originou isso. Foi um conjunto de circunstâncias. Muitas. E muito diferentes umas das outras. E não me parece que o futebol português nessa altura estivesse maravilhoso comparado com agora. Aliás, a única diferença entre essa altura e agora, é que o Benfica aumentou o seu poder económico e o Porto diminuiu o seu. O resto, quase tudo na mesma. A “caminhada conjunta” de então não é muito diferente da “caminhada conjunta” de agora. Os dois a lutarem taco-a-taco pelo primeiro lugar do nosso campeonato. Estão é ambos mais fracos a nível europeu, apesar da “caminhada conjunta” ser sempre a mesma. Pois as outras circunstâncias é que mudaram.

    A seguir o autor fala dos milhões duma “elite de três cores (azul, vermelho e branco) tomou conta, usando-os para proveito próprio e enfraquecendo os plantéis dos dois (na realidade, três) maiores clubes portugueses.”
    Aqui perdi-me. A elite que gere o Benfica e o Porto enfraqueceu os planteis. Ok.
    (A elite que gere o Sporting já agora fez o quê?)
    Os malandros que gerem os clubes metem muito ao bolso. Ok.
    Isso tudo já todos sabemos. Fala-se disso em dezenas de outros blogs. O que é o autor quer dizer concretamente ao falar disto aqui? Vamos discutir este tipo de coisas neste blog?

    Depois a única coisa que me parece fazer algum sentido em todo o texto quando diz que “outros incontáveis milhões (já todos eles antecipados e mais que gastos em teoria) frutos de um todo que engloba outras equipas que só tiveram direito a migalhas. E sem reais pedaços de pão não podem crescer para fazer sombra. Não faz mal, é assim que se querem: fracos, não vá alguém fazer gracinhas”.

    Sim, faz sentido. É necessário primeiro que os clubes negoceiem todos em conjunto os direitos de televisão, por forma a obter um valor global superior. E depois que repartam esse valor de uma forma que permita que os clubes mais pequenos recebam mais do que recebem agora, e que a diferença entre o que cada clube recebe seja menor que agora.

    Há diversas formas de fazer isso, algumas delas usadas em Ligas de países da Europa.
    Em Inglaterra, por exemplo, a nível interno, é 50% dividido igualmente por todos, 25% consoante a posição na classificação, e 25% segundo a frequência que os jogos de cada clube são transmitidos.
    Vamos discutir este tipo de coisas neste blog?

    Se não, a sério então não percebo o intuito deste post.

    • Basicamente tens dois argumentos. Um é o “não se fala nisto neste blog” outro é a má vontade em entender o que foi escrito. Prova disso é achares que ninguém desbaratou dinheiro e que não há uma elite com interesse financeiro no futebol. E isso condiciona os plantéis, por exemplo. Condicionar os plantéis condiciona os modelos, as estratégias e identidades. A não ser que sejas daqueles que acha que com 11 vassouras se joga à Pep-Team. Bem sei que há por aí uma corrente que acha que, todos deviam jogar assim. Nem o criador consegue, mas eles conseguiriam. Ok.

  17. Se a prova da minha má vontade em entender o que foi escrito, é eu achar que ninguém desbaratou dinheiro e que não há uma elite com interesse financeiro no futebol, então é preciso mostrar-me em que parte do meu texto se depreende que eu acho isso.

    O que vai ser bem difícil de encontrar, com ou sem má vontade.

    Aliás, só um completo atrasado mental poderia achar que não existe uma elite com interesse financeiro no futebol.
    As elites têm interesses financeiros em tudo o que possa originar muito dinheiro. Petróleo, diamantes, imobiliário, sector bancário, tecnologia, farmaceuticas… e futebol. Por isso é que são e continuam a ser elites.

    Não é por acaso que não há elites com interesse financeiro no andebol ou no atletismo.

    Que em Portugal há elites com interesse financeiro no futebol e que metem muito dinheiro ao bolso, já todos sabemos. Aliás, já o disse, e repito.

    O problema disso acontecer em Portugal duma forma que permite “desaparecer” dinheiro mais facilmente que noutros países, desbaratando, está muito na aplicação das leis em Portugal.

    Não é preciso ser nenhum Sherlock para saber quem desbaratou dinheiro e até como. Quem quiser saber consegue encontrar quase tudo na internet. Quem se comprou, quem se vendeu, e por quanto. Quem eram os empresários envolvidos, quanto é que foram as comissões, etc.
    Até há dados quanto a bancos e contas offshore.

    As autoridades se quiserem mesmo meter a mão na massa conseguem apanhar as trafulhices que são crime.

    E as trafulhices que não podem ser consideradas como crimes, como comprar e vender denecessariamente só para acumular comissões, ou atribuir comissões demasiado altas, só poderiam ser escrutinadas pelos sócios, atribuindo responsabilidades às direcções dos clubes.

    Mas até neste caso o problema está muito na aplicação das leis em Portugal. Neste caso nas leis do jogo. Os dirigentes trafulhas só têm carta branca por parte dos seus sócios para cometer trafulhices, porque os sócios acham que as leis do jogo são mal aplicadas,e todos acham que os seus dirigentes são bons a equilibrar os pratos da balança em favor do seu clube.

    Se os portistas gostam do Pinto da Costa por isto e aquilo, ou os Benfiquistas gostam do Vieira por isto e aquilo, ou os Sportinguistas gostavam do Bruno de Carvalho por isto e aquilo, então esses sócios vão sempre tapando os olhos ao desbaratar de dinheiro, porque acham que há outras prioridades.

    Mas só existem outras prioridades, porque não há uma garantia de isenção e igualdade de critérios no futebol português.

    Se existisse essa garantia, não existiriam Brunos de Carvalho a defender isto e aquilo para garantir a isenção no futebol português. Seria como um gajo a tentar vender areia no deserto.

    Garantindo a isenção e igualdade de critérios no futebol português, tirava-se os argumentos aos “artistas do futebol”. O Pinto da Costa não poderia falar de regionalismos, e do poder de Lisboa. E o Vieira não poderia falar de frutas e chocolates se eles nunca tivessem sido oferecidos.

    Se existisse garantia de isenção e igualdade de critérios, garantidos pelas autoridades competentes, os dirigentes teriam de se limitar a gerir. E os sócios só iriam avaliar isso, a capacidade de gestão.

    Assim, as autoridades apanhariam o esbanjamento que é efectivamente crime, e os sócios chamavam à responsabilide os dirigentes pelo esbanjamento que não é crime mas parece.

    Mas sim, o meu argumento é… não se costuma falar destas coisas neste blog.

    É óbvio que muitas coisas influenciam as tácticas, mas que eu saiba neste blog só se costuma falar de tácticas e afins, e não das outras coisas.

    • Vou-te fazer uma confissão. O texto que visualizei expandiria os últimos parágrafos – aqueles que falam de tácticas e estratégias. E falei com o Pedro sobre esse facto. Bem sei que o blog segue uma linha de conteúdo e que este texto poderia sair um pouco ao lado desses aspectos. No entanto, por ser um assunto que está diretamente ligado à performance e que, quer se queira quer se não queira, influencia as escolhas individuais, tácticas, estratégicas e até ideológicas, não foi preciso pensarmos muito para achar que o texto tinha sim lugar no blog.

      No LE fazemos mea-culpa na criação do monstro da identidade. Do monstro que vê o modelo, a teoria e o conceito como omnipotentes em futebol. Sim, criou-se a ideia de que o treinador e suas estratégias são um lugar aparte e que por isso têm todo o poder e responsabilidade para apresentarem resultados e uma qualidade superior.

      Ora, para tudo existe um equilíbrio. Numa noite em que 4 projetos portugueses ficaram a ver navios, pareceu-me pertinente que se mostrasse outro lado. Não para defender e desculpabilizar os treinadores, especialmente os portugueses, mas para se sublinhar que mesmo havendo qualidade, essa está dependente de outros factores. Acredita, muitas vezes tens um modelo excelente mas esse não é explorado por falta de qualidade do projecto total no clube.

      Sim, quis fugir à análise que se está a tornar habitual nas redes sociais. Pega-se no jogo, mostra-se um erro, dá-se a correção e frisa-se: “era assim!”

      Em suma, aquilo que fizeste no teu comentário com a palavra xeque. Achas mesmo que eu não sei que o xeque que eu escrevi deveria ser o do xadrez e não o financeiro? Achas mesmo que o Bruno Lage e o Sérgio Conceição não estão a par dos erros que os treinadores do Twitter apontam? O problema é que os clubes estão a ficar carecas e as perucas não disfarçam tudo. É preciso remarmos todos para o mesmo lado, I wonder who said this…

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*