Art Deco 4-4ever!

Recepção intemporal! aquela com que 50.000 adeptos brindaram o seu Mágico, mas também aquela que faz qualquer bola parar em tão maravilhoso pé. O direito, na sua maioria, também faz parar um Mundo que quer saber qual a melhor decisão para o jogo. De lá, da cabeça de Deco aos seus pés, estamos certos que ela vai aparecer. Seja tocar o mais ao lado possível, seja encontrar o espaço que mais ninguém viu, ou dar um belo ‘nó cego’ ao seu adversário, da visão de Anderson Luiz de Souza saíram algumas das mais brilhantes jogadas que o Portugal do futebol pôde ver. E é uma pena que a Lei não permita que possamos desfrutar delas por mais tempo, pois do seu jogo poderíamos retirar uma lição valiosa para a vida. É que Deco soube sempre esperar pela sua altura pois a bola, essa, amou-o demais para lhe fugir. E Deco sabia que para essa relação continuar bastava-lhe continuar a dar a melhor solução possível ao jogo, até o corpo lhe pedir para parar. Ontem, sexta-feira, a ‘feijões’ e num ambiente extremamente encantador, o Mágico recebeu a sua última vénia depois de provar tudo o que as linhas acima descrevem. Lei da atracção da bola aos seus pés, Decodependência na equipa que representou e maravilhas intemporais nas duas balizas.

De facto não podia acabar melhor! É que ver, e rever, e rever, o último golo de Deco no Estádio do Dragão é qualquer coisa que arrepie até o mais frio dos adeptos. E se a isso acrescentarmos uma história que foi sendo contada entre um ’10’ azul e branco e um ’20’ blaugrana até a um 4-4 final que relembrou os golos de Derlei,, de Benny McCarthy e de Jankauskas, o repentismo de Maniche e, até, algo das belas trocas de bola do FC Porto’04 – o segundo golo portista deu sensação de deja-vu -, não precisaremos decerto de sublinhar que o actor principal foi sempre Deco. Até aos 90′, enquanto vestiu de azul e branco rejeitou sempre marcar para assistir os colegas. Já com o símbolo blaugrana ao peito – que envergou durante boa parte da segunda metade – o Mágico fez companhia a Messi e Samuel Eto’o e, juntamente com os dois, virou as contas ao jogo enquanto pediu a redenção das bancadas por ter provado mais uma vez a tão célebre ‘Decodependência’. Mas, se havia algo a ser feito depois de Leo Messi ter colocado o FC Barcelona’06 em vantagem, esse algo envolvia Deco de dragão ao peito de novo. Desta feita por uma última e emotiva vez.

Escusado será dizer que a bola passou a rondar mais a baliza de Vítor Baía – que também defendeu as cores do Barça na segunda metade – e que se Deco forçasse tão mágico golo ele, pura e simplesmente, não aconteceria. Mas, na sua genial simplicidade, a bola acabou mesmo por desenhar um efeito que perdurará para sempre na memória daqueles que guardam Deco num canto especial do seu coração. Mereceu sempre o(s) golo(s), os cânticos, os espectaculares convidados – fantásticos momentos que envolveram Baía, Jorge Costa, Andrade, Carvalho, Gio, Davids…- e que serviram para o Dragão se despedir convenientemente dos seus heróis de há dez anos. Obviamente tudo em prol de um nome maior, que por pagar ao futebol com Magia mereceu sempre tudo aquilo que conquistou.

FC Porto’04-FC Barcelona’06, 4-4 (Derlei 3′, McCarthy 15′, Jankauskas 61′ e Deco 90′; Deco 56′, Samuel Eto’o 64′ e 66′ e Messi 80′)

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