Lições de Luís Castro

No Podcast da ProScout (aqui), o magnífico Luís Castro deu mais algumas lições – De Futebol, mas também de responsabilidade e cidadania. Lições que se espera que todos sejam capazes de apreender. Estando ou não no futebol.

Um resumo, do que foi afirmando:

Para chegar a uma equipa de alta dimensão, o jogador tem de estar muito bem preparado. Não é a equipa B que os termina, mas é a equipa B que os ajuda a que quando chegarem a esta exigência não sintam desconforto na integração. As equipas B vieram trazer maior competitividade aos jogadores, confronto com jogadores de mais idade, confronto com ritmos mais altos de jogo, ter de encontrar estratégias para ultrapassar a dimensão física…

O Bondarenko foi um jogador que se integrou bem porque não veio dos sub19 para a A… chegou da equipa B. Muitas estrelas como são denominadas na formação já se sentem frustradas na equipa B porque não conseguem fazer o que faziam na formação, e quando chegam à equipa A mais se acentua essa diferença e a dificuldade de se afirmarem.

A maior parte dos jogadores precisa de ter algum tempo nas equipas A para ter ritmos de treino fortes que levem a ritmo de jogo forte. Ritmo não é só correria. Também é preciso correr no futebol, mas fundamentalmente percepção – resolução – acção, esta trilogia deve ser estimulada e cada vez ser menor o tempo de perceber, resolver e agir.

A minha ideia de jogo é claramente no último terço liberdade total para a criação, mas até lá liberdade com ordem… e no futebol não se pode instalar o caos

Acho muita graça quando dizem que estamos a formatar jogadores… já ouço isso há dez anos, o certo é que Portugal continua a formar grandes jogadores, continua a ter jogadores muito apetecíveis para os melhores clubes europeus… esses jogadores são formados por treinadores portugueses. É hora das pessoas pensarem melhor no que dizem e não andarem com pré conceitos. Cada pessoa deve pensar por si e não andar a debitar por debitar. As pessoas têm de pensar no que dizem…

O treinador tem o dever de orientar caminhos e tem o dever de explicar aos jogadores que há ordem e há liberdade, e tem de dizer qual é essa ordem e essa liberdade, e tem de explicar em que zonas há essa ordem e essa liberdade.

Grandes treinadores em Portugal, muitas vezes sem condições e fazem grandes grandes trabalhos…

É muito bonito falar de criatividade e liberdade a quem não tem de apresentar uma equipa para jogar para 60 mil no Estádio e para Milhões verem na Televisão, quando tiverem de se sentar no banco para ter a equipa a jogar para 60 mil no Estádio e milhões a ver na televisão se calhar já querem ordem na equipa…

Queremos a bola para fazer golo, não é para ter por ter. Não quero rotular a minha proposta de jogo, se é atrativa se não é. Eu gosto, há quem não goste.

Eu digo é que o futebol também é bonito quando se defende, porque há quem tenha olhos só para o ofensivo, mas a arte de defender… as pessoas têm de perceber… às vezes dizem a equipa é muito defensiva.. se a equipa não tiver jogadores para ter bola, se a outra tem mais capacidade para ter bola, o que querem que a nossa faça?! Que ataque? Sem bola? Então, resta-lhe ter a arte de saber defender, e nós treinadores entendemos a beleza de quem defende e apreciamos as equipas que sabem defender. E uma equipa que sabe defender é uma equipa que tem muito trabalho em cima do seu treinador, e há que entender os treinadores que não têm dentro das suas equipas jogadores que lhe permitam ter tanta bola e serem tão artisticas e ter criatividade no momento ofensivo, e isso há que respeitar. Quando as pessoas dizem… Aquele treinador só defende… as pessoas têm de perceber que trabalho se desenvolve durante a semana, têm de perceber a qualidade dos jogadores, têm de perceber o que vale uma equipa e outra, para ser analista de futebol tem de se ter respeito… e o que noto é uma grande falta de respeito. A arte de defender é tão arte como a de atacar.

O resultadismo é querer ganhar? Então também sou resultadista.

Como é que trabalhamos? Avaliamos o adversário através de análise de video e mostramos aos jogadores quais são os espaços que privilegiamos no ataque e que dizemos…se pudermos entrar por aqui.. se pudermos fechar os espaços entre central e lateral que é onde entra o médio interior ou o ala do Benfica… vamos fechar com o nosso médio interior. Já tínhamos fechado esse espaço contra o City que também gosta de entrar por ai…

O Benfica tem as suas debilidades, nós as nossas, o City as deles e o Liverpool as deles, se não não era eliminado pelo Atletico. E agora podem contar a história que quiserem, mas foram eliminados.

João Carlos Teixeira jogava na posição dez e normalmente nas minhas equipas os jogadores dessa posição têm de ter a ordem no momento defensivo e ordem até chegar ao último terço… O João tinha essa ordem, mas estava a jogar o Matheus…

2 Comentários

  1. Simplesmente ideias claras sobre como deve-se ser conduzido o futebol e a formação de novos valores. Sempre compactuo com as ideias do Mister Luis Castro, simplesmente dizer aquilo que penso sobre futebol.

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