Lições de Nuno Campos

O Treinador Assistente de Paulo Fonseca na AS Roma, foi um dos convidados do obrigatório “Quarentena da Bola por Rémulo Jónatas”, e ofertou verdadeiras lições para quem quer saber mais e reflectir sobre o jogo que nos apaixona.

Eis algumas ideias “fortes” que foram passadas:

“Na Ucrânia, podíamos ser SEMPRE IGUAIS. Podíamos fazer sempre o nosso trabalho em função da nossa ideia e acabamos por vencer com alguma facilidade pela força da mesma. Aqui, em Itália, é fundamental ter atenção a uma série de nuances do adversário mas não nos adaptamos. O que nos fazemos são nuances estratégicas!”

Quando nós mudamos de contexto, temos que perceber rapidamente para onde queremos caminhar e o que vamos adaptar na nossa ideia de jogo devido às características diferentes do contexto, sem nunca perder as grandes ideias do nosso jogar. Naturalmente, as nuances são um crescimento da nossa ideia de jogo.”

“A nossa forma de jogar adapta-se facilmente aos contextos com uma ou outra indicação para dentro do campo, mas em Itália, as equipas mudam constantemente e portanto, temos que ter, a capacidade para dar resposta a esses constrangimentos do adversário.”

“Para jogarmos curto, temos que ter linhas de passe para jogar curto. Se não mais vale jogar longo.”

“Quando atacamos com mais jogadores significa que somos mais corajosos a atacar, mas para isso, também temos menos jogadores atrás na perda da bola.”

“Não se trata do Simeone estar errado porque é uma das equipas a defender melhor em zonas baixas, mas eu prefiro que a minha linha defensiva esteja mais subida para que a bola anda mais longe da área.”

“A partir do momento em que o Treinador toma uma decisão, concordemos ou não com ela, a decisão é de todos e não pode haver dúvidas na passagem de informação aos jogadores. Não há treinadores de sucesso com dúvidas, as dúvidas deixamos na porta do balneário.”

“Não há treinador nenhum, sobretudo no profissional, que queira jogar só para ter a bola. Todos os treinadores querem ganhar e da melhor forma possível!”

“O Papel do adjunto é levantar dúvidas e questões, mas sobretudo ter a capacidade de mudar o chip após a reunião com o Treinador Principal.”

“Primeiro, enquanto a nossa equipa não tiver as nossas ideias bem claras, não é facil mudar de sistema e trazer resultados positivos, uma vez que, ainda não há conforto no que é trabalhado e mudamos de sistema, traz ainda mais desconfiança.”

“Quanto mais linhas de passe dermos ao jogador, maior capacidade terá ele de desenvolver a sua capacidade de decisão.”

“As caracteristicas dos jogadores precisam de tempo para se ajustar ao modelo de jogo do treinador.”

“O Clube deve ter uma ideia clara do que pretente, e tendo uma ideia clara do que pretende para valorizar jogadores e a equipa, deve então definir um modelo de jogador para essa ideia e sobretudo, contratar um treinador que seja a cara da ideia. Caso contrário, têm tudo para correr mal. Salvo raras exceções, onde os jogadores se adaptam.”

“Temos momentos, enquanto treinadores, onde temos que arranjar soluções. Olhamos para as características dos jogadores, não mudamos o nosso jogar mas tentamos tirar o máximo dos jogadores dentro do nosso jogar.”

“Os jogadores só se revelam se trabalharmos as linhas de passe e receberem virado para a frente e está relacionado com coisas tão simples como girar o pescoço para ver se o adversário vêm.”

“Nós temos uma ideia de jogo que não olhamos para o erro, mas sim para a solução.”

“A riqueza de sermos adjuntos e o conhecimento que cada um pode aportar ao treinador principal acho que é o mais importante para um treinador.”

“A nossa forma de atacar, os nossos posicionamentos servem para atacar a linha defensiva e criar dúvidas no adversário. Para criar dúvidas, nós temos que ameaçar no corredor central, mas também no corredor lateral. Se o adversário fechar o corredor central, nós teremos que ter soluções por fora, mas se o adversário fechar os corredores laterais ai teremos que ter a capacidade de entrar por dentro.”

“Nós temos que nos cingir à melhoria individual e coletiva, não se deve castrar jogador nenhum e os jogadores devem descobrir o espaço, para eles descobrirem nós podemos dar as dicas. Não é só dizer “Só podemos ir por ali” porque se dissermos isto e o adversário fechar essa linha de passe, o jogador bloqueia.”

“Nós devemos ser competentes em tudo. Para isso, temos de dominar, treinar, feedbacks, voltar a treinar, videos, mostrar e insistir na ideia através da repetição.”

“A 1ªfase de construção serve para criar espaços e posteriormente, atacar com muitos jogadores.”

“Defender bem não está relacionado com a altura do bloco, mas sim com o menor número de jogadores possível e, na minha opinião, o mais longe possível da baliza. Defender bem, o mais longe possível da baliza é uma arte!”

“Talvez tenhamos esta ideia de jogo arrojada e de riscos fruto das nossas vivências.”

“Quando nós observamos os adversários, nós jogamos de 3 em 3 dias, o grande desafio é, internamente, a discussão de soluções para combater os problemas colocados pelo adversário.”

“Ser estratega não é aquele que muda tudo em função do adversária. A estratégia deve ser como podemos explorar pontos fracos e como anular um ponto forte do adversário que identificamos na observação.

“Quando passamos uma ideia temos de estar totalmente seguros e domina-la antes de a passar, caso contrário corremos o risco de cair em descrença e de sermos colocados em causa.”

“Há duas coisas muito importantes numa transição defensiva: a reação à perda (para trás ou para a zona da bola) e sobretudo, a preparação à perda da bola que é tão ou mais importante que a reação à perda.”

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