Vasco Seabra – As ideias fortes do treinador do apaixonante Mafra

Vasco Seabra, líder do apaixonante Mafra foi o convidado de mais um episódio da Quarentena da Bola por Rémulo Jónatas, e partilhou uma série de considerandos que importam reflectir. Eis algumas ideias fortes:

“O mais importante no nosso jogar é, independentemente das dificuldades que o nosso adversário nos possa colocar, termos a capacidade de afirmarmos a nossa identidade e sermos competentes.”

“Defendemos uma proposta zonal para o momento defensivo, com o conforto da última linha e do Guarda-Redes no controlo da profundidade bem como a nossa primeira linha de pressão manter constantemente a bola coberta para que ela não entre na profundidade ou no espaço entre-linhas.”

“Dizer que só queremos jogo interior é redutor porque aquilo que nós queremos do nosso é sempre largura e profundidade máxima.”

“Podemos sair a 3 com o médio entre centrais ou num corredor lateral, mas podemos sair 2+2 com os dois médios se mostram e o nosso 10 ser o criador de superioridades.”

“Estes riscos que queremos correr são riscos calculados pela forma como nós queremos que as diferentes soluções de passe que temos levem a que esses riscos sejam melhores para podermos criar oportunidades à frente. Jogar Longo e defender baixo é, também, um risco.”

“O Espaço têm de existir algum lado e nós queremos atrair para descobrirmos esse espaço. Se nos fecharem dentro, temos mais espaço fora e se nos fecharem fora, entramos por dentro.”

“Nós queremos que os nossos laterais estejam altos, mas depende e eles têm de ter a capacidade de analisar, nunca deixando de ser linha de passe.”

“Nós temos de ter linhas de passe à largura, por trás, em apoio, fora do centro de jogo e na profundidade.”

“Dificilmente vão ver-nos a jogar longo e em espera num contexto, mas pode acontecer! Já nos aconteceu em Paços, o nosso adversário ter 70% de posse de bola porque não conseguíamos sair.”

“Nós temos que olhar para o jogadores mas os jogadores têm, também, de se aproximar do modelo. Caso não o faça, a probabilidade de ele jogar é altamente reduzida. Ele vai ter que perceber que para jogar, vai ter de dar passos em frente. Têm de existir uma adaptação mútua.”

“Nós procuramos comportamentos que sejam identificados por todos. Se o adversário está em campo aberto, como é que nós colocamos os apoios e de que forma estão os alinhamentos… Por exemplo, gostamos que o nosso central bascule ao corredor para ser cobertura ao lateral.”

“O indicador para a equipa parar de subir é quando o adversário tem hipoteses de dominar/receber a bola porque quando domina e fica de frente pode jogar para as costas.”

“Aquilo que nos procuramos e que tem de perceber: “Se estás a ser marcado, tens de criar uma linha de passe diferente. Isto é o jogo do gato e do rato, ou seja, se estás a ser marcado é porque estás mal posicionado.”

“Se os nossos dois laterais estão a ser marcados, a equipa deles está tão larga que vai abrir espaços dentro. Se te fecharem bem dentro, então o espaço por fora. Contudo, os nossos jogadores não estão viciados para jogar por dentro. O jogar por dentro não é tique para nós como se costuma dizer, jogamos por dentro porque acreditamos que é a forma mais rápida chegar a baliza e é onde está a baliza.”

“As linhas de 5 e de 6 são um momento dificil para os nossos laterais, mas é merito nosso porque é sinal que as equipas são obrigadas a baixar.”

“A nossa equipa têm de sentir que queremos pressionar, mas nem sempre queremos pressionar lá alto. Queremos muito ter a bola, mas, por vezes, queremos que o adversário tenha iniciativa e tome algumas decisões para que, posteriormente, possamos ativar a pressão. Ou seja, a nossa equipa têm de conseguir estar confortável e não pode ser uma equipa desesperada.”

“Nós não temos que ser pressionantes nos 105m de campo, podemos ser pressionantes em 30/40 pressionantes. Mas aí, teremos de ser altamente pressionantes e agressivos para roubar.”

“Há muitos exercícios de treino em que o ataque está em superioridade e a defesa tem que conseguir aguentar o suficiente para aguentar o adversário. Se fizermos um exercício de 8×6 ou 10×6, acredita que, a defesa vai ter sucesso muitas vezes!”

Há momentos em que a tua equipa não tem capacidade para pressionar uma saída a 3/2+2 e não estás a ser efetivo nessa pressão e mais vale dizer, para aguentar e não pressionar. Mas mais importante que isto, é saber o que fazer após a recuperação e o 1/2ª passe são fundamentais.”

“Não gosto muito de fazer a seperação entre ‘estamos atacar e trabalhamos exclusivamente a organização ofensiva e a defender só organização defensiva’. Eu acredito que podemos ganhar tempo, quanto mais competente é a equipa técnica.”

“Começamos pela Organização Defensiva mas iamos dando indicações para o momento ofensivo, ou seja, acabamos por começar na Globalidade pela Organização Defensiva mas os traços da Organização Ofensiva já estavam a ser dados pelo feedback dos adjuntos.”

“Não sou daquelas pessoas que dizem que falar com presidentes ou diretores é impensável, não sou assim! Gosto que eles falem comigo para eu lhes explicar como jogamos e o que fazemos.”

“Quando estávamos a ver jogadores, definiamos tópicos para identificar jogadores: Jogador perde ou não a bola com facilidade, mostra-se ou não ao jogo... E depois, temos de perceber o contexto do jogo que é fundamental, ou seja, aquilo que tem a ver com o jogador não está só relacionado com a sua qualidade mas também da sua personalidade…”

“Gosto que os jogadores me questionem sobre as suas duvidas, não podemos é ter dúvidas de nós. Nós não temos resposta tudo, mas acredito que nós temos o modelo de jogo na nossa cabeça. Tudo o que tem a ver com o treino e o exercício são de acordo com a nossa ideia…”

“Hoje em dia, porque somos diferentes preparamos muito mais a perda da bola com muito mais detalhe para impedirmos a transição ofensiva do adversário.

“Se o lateral adversário estiver a marcar hxh o nosso lateral, será mais importante trazer esse lateral venha mais baixo para arrasta-lo e libertar espaço entre central e lateral.”

“A primeira coisa que um jogador deve fazer é olhar para a frente, olhar para o jogador mais profundo porque é esse que vai estar mais próximo da baliza adversária.”

“Imaginemos que temos o Messi desta vida, e o Messi vem buscar e nós dizemos para ele receber de determinada forma, mas ele recebe de outra forma. Não vou tar a corrigir porque é uma solução dele para a nossa ideia de jogo e se essa solução for para fazer crescer o nosso modelo de jogo, então que essas decisões acrescentem cada vez mais porque o nosso modelo de jogo não tem como produto final e está inacabado, mas também nunca irá ter a castração bem pelo contrário! O que nos queremos é que cada caracteristica de jogador faça crescer o nosso modelo de jogo. No entanto, há comportamentos em que nós somos completamente incisivos e são fundamentais no nosso jogar.”

“A equipa é feita de criação de vida e essa criação de vida não tem dimensão…”

“Quando o nosso central está a conduzir e sem pressão, o nosso ala têm que aguentar entre-linhas mas o sitio dependerá sempre se o ala continua a ser uma linha de passe para o central ou não. Se o central tiver pressão, o ala deve baixar para ajudar o central.”

“A análise ao adversário, mostrada pelo Bruno, é realizada no dia grande (Quinta-Feira) para que os jogadores quando chegam ao treino comecem a identificar coisas que viram no video para fazer efeito no jogo. Nós dizemos isto todas as semanas aos jogadores… Nós podemos chegar ao jogo e o adversário mudar tudo quando chega ao jogo e queremos, fundamentalmente, que os jogadores não se sintam perdidos e bloquearem. Se não aconteceu aquilo que esperávamos, os jogadores têm de ter a capacidade de decidir diferente. Novidade ou não aquilo que o adversário faz, nós acreditamos que a inteligência dos jogadores e a nossa ideia se vão sobrepor ao adversário.”

“Porque o nosso treino, muito mais que os exercícios, têm a ver com o feedback. O nosso feedback é muito mais importante que o exercício.”

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