Ton(ba)dela

A anedota da lâmpada tem várias versões. Um conto que é popular muito pela dinâmica que o DIY lhe confere e que nos permite criar vários episódios interminavelmente. Assim, da mesma linha da ‘quantos analistas e comentadores de rádio e TV são precisos para mudar uma lâmpada?’ surge, depois deste Benfica-Tondela, a versão ‘quantas identidades, estratégias, modelos e ideologias, são precisos para marcar um golo?’ Isto porque por mais que se mexa a gosto nas opções técnicas (já lá vamos) a ciência de acertar com a baliza ainda não minguou ao ponto de nos poder entrar pela caixa mental adentro. E assim, a principal nota de destaque desta partida (e porque não também da outra que envolveu o outro candidato ao título) terá que ser o elevado número de oportunidades de golo que o Benfica desperdiçou.

Algo incrível que foi cavalgando em número à medida que as águias foram deixando o #staysafe da 1ª metade de lado e foram adotando um jogo mais de risco na etapa complementar. Se os primeiros 45 foram marcados por um esforço em evitar o vírus da transição, a segunda metade trouxe a inevitabilidade de explorar o espaço (pouco ainda assim) que o Tondela deixava quando os seus extremos encostavam, em organização defensiva, aos laterais, abrindo hipóteses de combinações interiores que o Benfica evitou, em boa parte, no primeiro tempo. Sendo que aí, com Rúben e Jardel praticamente à vontade, a meia-esquerda ia tentando atrair o espaço que sublinhámos acima. O problema, já o dissemos passou por evitar o aglomeramento social e manter o distanciamento, não forçando o suficiente para que o domínio territorial e superioridade encarnada se refletisse tão fortemente como no reatar.

A isto é de juntar, e relembrar, que à medida que as organizações ofensivas foram evoluindo ao longo dos últimos anos, também o outro lado da moeda catapultou para níveis superiores. Quem não concordar que olhe para este jogo do Tondela como manual para a ocupação de espaços mas que, se fizer o favor, não o enalteça nem eleve ao Olimpo como forma de vencer jogos. O Tondela, claro está, sairá nas crónicas como muralha competente pelo brio, atitude e inteligência (merecidos elogios) mas também pela falta de acerto na finalização do campeão nacional.

E quando aos 74 minutos, Seferovic (que não marca desde a 6ª jornada rendeu Vinícius (que cumpriu o 4 º golo sem fazer a bola bater no cordame) rapidamente percebemos que muito do afundar qualitativo do jogo benfiquista desceu à realidade muito pela falta de golo (principalmente o golo fácil e regular que criou hegemonia) e rrapidamente perceberemos também que depois deste período forçado de confinamento nada mudou. A boa notícia para os encarnados é que o maior rival padece exatamente da mesma maleita. E a luta pelo campeonato será a mesma de todos nós: encontrar uma vacina!

Benfica-Tondela, 0-0

4 Comentários

  1. Conseguem explicar o decréscimo enorme no jogo do Benfica desde a segunda metade da época anterior?

    O ano passado do Lage será apenas atribuído a Félix e à chicotada psicológica?

    É que nem se vê a equipa com brio e fibra. Isto é, com 90 minutos para puder passar para primeiro raramente se viu um pouco de raça nos jogadores, alguns até parecem que estão contra vontade…

  2. Não concordo com a a análise. O Benfica foi perdulário ponto! O Tondela foi competente em muitos momentos mas falhou em tantos outros e deu N oportunidades para o Benfica facturar. Acho que vai ser uma reta final marcada pela disponibilidade física nas recuperações entre jogos e na qualidade do banco, mas lá chegaremos para avaliar.

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