O regresso de Jesus

Volta ao Benfica o homem que lhe devolveu a glória depois de longos anos de domínio azul. Precisamente num momento em que o Porto se volta novamente a superiorizar.

A chegada do treinador a Lisboa não trará apenas rigor e competência em todos os momentos do jogo. Romperá com o passado recente em que alguns jogadores serviam somente para atacar e outros para defender. Voltará o tempo em que na equipa encarnada a entrada no onze estará mais cara. Na dificuldade, e também no preço!

Dois Centrais reforçarão a equipa. Especula-se Garay, embora esteja ainda por perceber as condições actuais do central argentino – Bem fisicamente – livre de lesões – é sempre um reforço importante, e do Brasil deverá chegar alguém que possa entrar imediatamente no 11. Um central de competências defensivas e ofensivas de grande nível.

Sem ninguém no actual plantel que cumpra com igual qualidade as tarefas defensivas e ofensivas que Jesus exige na posição 8, é expectável que surja um reforço importante para a intermediária encarnada. Talvez Gerson se junte a Florentino num meio campo a 4.

A quatro será novidade! Demasiadas vezes na presente época os alas ficaram em linhas diferentes, despreocupados com o momento defensivo. Por isso Rafa e Pizzi terão tremendas dificuldades para poder integrar a equipa de Jesus.

Quem para figurar nas alas? Não há no actual plantel do Benfica nenhum jogador que no momento aparente ter qualidade para preencher a posição numa equipa de Jorge Jesus. Embora Pedrinho tenha potencial para ser um dos elementos – É agressivo e tem nível técnico para crescer. Estará Bruno Henrique a ser cogitado para jogar na ala? Se assim for faltará, eventualmente um avançado mais próximo do perfil de Lima – Agressivo, capaz de movimentos de ruptura, mas também de fechar espaço nas costas de um primeiro avançado e receber entre linhas.

No Seixal termina-se os tempos de “descanso”. E tal serve não somente para o plantel mas para todos os funcionários encarnados. Exigência máxima, preparação de um plantel substancialmente melhor – O diagnóstico à equipa actual por parte de Jesus é exactamente o mesmo que por cá vamos diagnosticando de há três temporadas para cá – E apenas Bruno Lage por um ano conseguiu disfarçar o que era evidente.

A expectativa maior por agora é perceber quantos novos jogadores chegarão ao Seixal, sabendo-se até que Jesus viveu de perto uma realidade onde o talento abunda, e hoje tem conhecimento da realidade de um dos mercados onde o Benfica deverá voltar.

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14 Comentários

  1. “Por isso Rafa e Pizzi terão tremendas dificuldades para poder integrar a equipa de Jesus.” Jorge Jesus é forte a potenciar jogadores, como fez por exemplo com Bruno Henrique no Flamengo e muitos outros no Benfica. Pizzi duvido que consiga dar aquilo que JJ exige mas Rafa tem potencial para melhorar muito a nível defensivo com JJ. Eu penso que o Gedson que foi para o Tottenham é o típico 8 que JJ gosta, bom a defender e atacar e sabe transportar a bola e aparecer em zonas mais adientadas. Com JJ a potenciar Gedson Fernandes acho que tem boas possibilidades de integrar o plantel.

  2. “Precisamente num momento em que o Porto se volta novamente a superiorizar.”
    Ou será que é num momento em que o Porto continua bastante estavelmente na sua instabilidade dos últimos anos e que ainda assim conseguiu ter como adversário um Benfica incompetente tanto na gestão da época como nas ideias de jogo?
    Ter a maior venda de sempre uma maior capacidade de investimento, aumenta a exigência na gestão e aí claramente o Benfica fracassou e vem assim disfarçar o período complicado que o Porto atravessa.
    É um grande nivelamento por baixo.

    Sobre o JJ,
    O facto de esta direção ter escolhido depois do JJ 2 treinadores com ideias de jogo que se revelaram desadequadas para a dimensão Benfica, não quer dizer que a única solução seja o regresso ao JJ.

    Mal comparado, foi como a situação de substituição do Toni pelo Artur Jorge.
    Não foi pelo facto de o Artur Jorge ter sido um insucesso no Benfica que se concluiria que o Toni é que era bom.

    Dito isto, o caso do JJ é bem diferente, claro.
    E no caso é desde logo diferente porque o fim do primeiro ciclo do JJ no Benfica foi, alegadamente, porque havia um desacordo relativo à maior aposta na formação que o JJ não queria fazer.
    Recordo, mais uma vez, o enorme desperdício do Bernardo Silva e pergunto, mais uma vez, se com o JJ teria apostado no Felix? (vidé as declarações do próprio JJ sobre o Félix numa entrevista que deu no Brasil).

    Para se poder opinar muito mais é preciso que o Benfica explique afinal qual é o projeto atual:

    1. Pinotes no projeto porque há desespero para as eleições?

    2. Ou o projeto mudou e vamos voltar a comprar magotes de sul americanos em que acertas nuns e outros vão parar aos Aves desta vida a título de empréstimo?

    3. Ou o JJ mudou e vai finalmente mostrar que pode conduzir o projeto de aposta na formação com mix de compras de qualidade?

    Caso seja a opção 3., seria a oportunidade de o JJ mostrar que está preparado para mais um passo de evolução.

    As minhas críticas ao JJ no Benfica, além das teimosias com certos jogadores e com a formação, passavam por ele raramente ter sabido adaptar de forma eficaz estruturada e não meramente casuística a forma de jogar da equipa para defrontar equipas de qualidade mais equiparada e/ou superior.

    O modelo que o Benfica tinha, literalmente, sovava os pequenos e estava todo virado para capacidade de recuperar rapidamente a bola e ataques rápidos e contra ataques etc, mas, salvo algumas exceções, não permitia saber jogar contra equipas com boa posse de bola e de qualidade de posse ao meio campo.
    Será que desta vez vai ser um modelo mais adaptativo de facto?

    Como já disse noutras ocasiões, sem dúvida que o JJ foi um grande contributo para o Benfica recuperar de uma crise identidade. Mas, a sensação que ficou na altura, é que ele não conseguia levar a equipa para a fase seguinte do crescimento. Mas… (há um sempre um mas)… as experiências seguintes podem ter ajudado o JJ a rever as suas próprias ideias.

    Terá aqui uma oportunidade para demonstrar que pode colocar de novo o Benfica na rota em que estava até à 3 anos a trás, mas, se o conseguir, desengane-se quem pensa que basta mais da mesma receita. O que foi não volta a ser, é preciso mais e melhor.

    • Qual fase seguinte de crescimento? Não houve crescimento da equipa, do plantel ou da estrutura, que se saiba, depois da sua saída. O Benfica cometeu um erro que poderia ter sido histórico, caso o Sporting tivesse ganho o campeonato com JJ. Debati neste fórum o mito da formação. JJ poderia ter explicado melhor porque não apostou em alguns jovens com qualidade, mas a verdade é que apostou em alguns. Não podemos apostar por apostar. Ainda bem que a Direcção recupera alguma credibilidade ao perceber que apenas com qualidade é que pode tornar o SLB campeão. Se os jovens a têm ou não, é outra história, e JJ é o treinador certo para treinar e aumentar os índices de competitividade — que, diga-se de passagem, esta época foram um esterco.

      “No Seixal termina-se os tempos de “descanso”. E tal serve não somente para o plantel mas para todos os funcionários encarnados. Exigência máxima, preparação de um plantel substancialmente melhor – O diagnóstico à equipa actual por parte de Jesus é exactamente o mesmo que por cá vamos diagnosticando de há três temporadas para cá – E apenas Bruno Lage por um ano conseguiu disfarçar o que era evidente.” — é muito isto (Félix e Jonas ajudaram ao disfarce). O discurso mole contra o Ceiçãoball não resulta, no Porto o Benfica é o inimigo número um, haja ou não futebol tecnicamente evoluído. Estou farto de ver Clássicos sem ponta por onde se lhe pegue, e estou farto de ver lugares cativos no onze. Ora aí está uma grande resposta do Benfica, agressiva e rápida, para os próximos tempos. Ainda bem que tivemos o discernimento de ir buscar um dos melhores treinadores portugueses da actualidade, se não mesmo o melhor.

      • A fase de crescimento seguinte que seria suposto o Benfica ter no seu projeto, sim.
        Não é pelo facto de as escolhas de treinadores yes man terem se revelado aquém que valida que só o anterior é válido para esse crescimento quando o próprio não revelou capacidade para passar dali naquele tempo.
        A seguir à saída há um problema de casting de treinadores. É má gestão por falta de capacidade de identificar os perfis adequados para o projeto. E a única saída é voltar atrás?
        Será que só é possível passar de treinadores de 1M€ a 1,5M€/ano com staff reduzido e prata da casa para treinador de 7M€/ano mais não sei quantos M€/ano para todo um novo staff?

        Sobre a formação, não entender que esta época foi mal gerida quer em planeamento e investimentos quer em gestão técnica e chamar nomes aos miúdos, é no mínimo estranho..
        Sobre o JJ e a formação, o Bernardo Silva e a famosa conferência de imprensa em que o JJ se incompatibilizou com os miúdos, demonstraram uma clara vontade de colidir com os miúdos ou falta de tato enorme – e nenhuma das duas é boa!

        Faça-se o seguinte exercício:
        Será que o JJ teria tido os mesmos resultados que o RV teve nos 2 primeiros anos com a estratégia de definição de plantel que houve?
        Será que, mais uma vez, em má gestão, o Benfica podia atacar o ano da tentativa do Penta com ainda menos investimento que nos anos anteriores já sem JJ e será que o JJ teria feito melhor com esse nível de investimento?

        Agora, claro que o JJ tem a capacidade de impor condições, exigir investimento e de implementar ideias de jogo bem mais interessantes.
        E para quê? Para ganhar um campeonato onde, até ver, só há dois clubes com capacidade de disputar o título e onde o concorrente direto até está alegadamente em graves problemas financeiros?
        E para isso, e para melhorar na Europa, só é possível passando de treinadores de 1M€/ano para 7M€/ano?

        Há aqui um gap que faz pouco sentido se os objetivos forem pouco maiores do que foi sendo atingido.
        Por isso o LFV tem que explicar qual é o projeto. Milho para os pardais votarem ou alteração de projeto ou mudança da abordagem do JJ?

        • A única saída é encontrar treinadores capazes. Há uma mão cheia de treinadores capazes que poderão ter impacto imediato. Jorge Jesus é um deles. Porquê ignorar o elefante na sala? Alguém com experiência em ganhar títulos em Portugal, alguém com créditos firmados, alguém que é ambicioso o suficiente para abanar aquilo por dentro?

          O seu problema é o dinheiro? É que para mim não é. Se a SAD tem essa liquidez, porquê poupar? Os treinadores capazes são caros, e os treinadores portugueses também já deixaram de ser baratos. Às vezes fico estupefacto com a incapacidade dos clubes portugueses trazerem alguns portugueses com nome lá fora, mas a verdade é que muitos parecem ter uma carreira com paragens menos ambiciosas mas com mais proveito financeiro. É difícil concorrer com essa realidade. O mesmo problema teria o Porto no pós-Conceição.

          Quando me dizem que esta época foi mal gerida, eu chamo a isso treta. Até Dezembro a equipa ganhava com um futebol que lhe permitiu ter 7 pontos de avanço, o Sérgio Conceição tinha metido o lugar à disposição, com críticas internas e externas. A incapacidade da equipa técnica em gerir a segunda volta vê-se no que foram incapazes de retirar dos jogadores, e a incapacidade em criar estratégias para desmontar adversários. A perder, Dyego Sousa e Vinicius. Porque o treinador quis.

          Sobre a formação, é outra meia treta. Vimos neste fórum como não foram assim tantos os bons jovens que o JJ desperdiçou no Benfica. Só com a sua saída é que essa política foi assumida. Acho que com o seu regresso, a política continuará, mas percebendo claramente que é impossível ser hegemónico com os talentos do Seixal. Nem o Barça.

          Vejo tantos indignados com essa procura para que LFV assuma o que quer que seja, mas não precisa: uma contratação rápida e agressiva de um dos melhores treinadores portugueses. Já todos os adeptos perceberam que é irreal ganhar campeonatos ou sonhar com títulos internacionais com miúdos. Por isso pergunto eu, explicar o quê? Seixal e Jorge Jesus, com umas contratações pelo meio, é a resposta rápida e agressiva ao momento do clube.

          • Ignorar o elefante na sala é ignorar a má gestão da época ou até chamar a isso “treta” e dizer que os miúdos foram um “esterco”…

            A gestão do Benfica ao longo dos anos teve a capacidade de criar uma estrutura e infraestruturas que se destacam largamente em Pt e que até são dadas como exemplo em clubes de dimensão internacional.
            O que falta claramente? Essa mesma capacidade de gestão para recrutar treinadores com o perfil adequado para que a gestão do projeto desportivo da equipa A esteja em linha com a gestão da estrutura.

            Má gestão, porquê?:

            1.
            A saída do JJ dá-se porque havia um desencontro na visão do projeto futuro, mais especificamente numa maior aposta na formação.

            2.
            A aposta seguinte recaiu sobre RV, que teve a capacidade de aguentar toda a pressão criada pelo Sporting de JJ e até records de pontuação se bateram.
            Acresce que o RV na segunda época conseguiu reagir à perda de jogadores que o próprio potenciou e fazer a sua melhor época em futebol jogado.
            Posto isto, até entendo que o contrato do RV fosse renovado e assim fosse confirmada a aposta em RV.

            3.
            Depois, mais uma vez, tal como aconteceu (de forma diferente) na 2ª época do JJ, a direção do Benfica subestimou o Porto que entrava em crise financeira e descaracterizou-se totalmente na europa.
            Acontece que a partir de aí o RV começa a fugir para a sua zona de conforto nas ideias de jogo e o futebol foi piorando claramente.
            Este aspeto foi muito potenciado pelo ainda menor investimento, para mais na época em que o Benfica procurava o Penta.

            4.
            A saída do RV tornava-se assim inevitável mais cedo ou mais tarde e aquele que parecia ser apenas um treinador interino para acabar uma época, coloca o Felix onde ele realmente rende e por algum tempo ficou a dúvida se foi o Lage que potenciou o Felix ou se foi o Felix que potenciou o Lage.
            Até se entende que, com os resultados alcançados naqueles meses fosse dada uma oportunidade ao Lage para começar a época.
            Acontece que, tal como na retinha final da meia época de sucesso, o Lage começa a revelar quais as suas ideias (que aliás foram aqui bem apresentadas num post ainda antes de o Lage ter subsituido o RV) e a equipa passou a usar ideias de jogo quase opostas às que caracterizavam os anos de sucesso do Benfica – equipa muito distendida a forçar os adversários a dar espaço mas exatamente dessa forma a dar também muito espaço e a passar a ter muito maior dificuldade em ser imprevisível com bola e a ficar desequilibrado na reação à perda de bola… Como aliás bem se viu em 80% dos jogos na europa e nos jogos com o Porto?
            E eis que, com tudo isto mais que à vista, surge a decisão de renovar com o Lage por 4 anos…
            Mas afinal alguém ali sabe qual é o perfil de treinador que pretendem? É que, se é importante ter um treinador que entenda e fale com a formação do clube, não será também importante que esse treinador tenha ideias de jogo de equipa grande, atuais e inovadoras.

            5.
            O JJ tem ideias dessas. Mas tem também teimosias do arco da velha e dificuldade em transfigurar a equipa quando isso é preciso, ou seja no fundo é o que está define a tal Era da Estratégia que por aqui foram dizendo, mas que eu chamo há muito de Modelo Adaptativo.
            Assim passa-se de treinadores de 1M€ para treinadores de 7M€+2M€ em staff, porque pura e simplesmente não foram capazes de identificar o perfil certo do treinador que faz sentido para o projeto. Não é o aspeto financeiro apenas e por si só, é o projeto que não souberam concretizar. Não será muito estranho que em 20 anos de Benfica o LFV tenha conseguido melhorar o Benfica em N aspetos mas não consiga convencer um outro realmente bom treinador para um projeto de continuidade que não o JJ, para mais num clube com a capacidade de projeção do Benfica? Entre 1M€ e 9M€ há tofo um universo de treinadores onde alguns terão perfil para isto, ou não sabem bem qual é o perfil?
            Tal como os treinadores com boas ideias de jogo se dividem entre os que as sabem sistematizar essas ideias e os que não o conseguem de facto de forma ampla, os gestores de topo com bons projetos também se dividem entre os que sabem de facto implementar as fases seguintes de crescimento dos projetos e os que não o sabem fazer de forma ampla; neste caso apenas (pormenor que na verdade é um pormaior) por não terem demonstrado capacidade de identificar o perfil certo de treinador para o projeto.

            Resumindo,
            Faz algum sentido que o Benfica crie o projeto que criou e entregue a um Porto, alegadamente em falência técnica, este campeonato e com ele a entrada direta na LC e os milhões e com isso a possibilidade de começar já há duas semanas o planeamento da próxima época que não terá qualquer jogo de pressão no seu início, e ainda esta época, a possibilidade de uma dobradinha? Uma coisa era dizer-se que o Benfica esteve bem mas o Porto também, outra coisa foi uma época em que por momentos pareceu que ninguém a merecia ganhar.
            Exatamente quando renovaram e reforçaram o contrato com o Lage (que não tem culpa da aposta nem tem culpa de ter ambição quando a oportunidade surge e não merecia ter sido tratado como foi por ter sido quase sempre bastante correto), era o momento para terem entendido que esse não seria o caminho, e, agora, em vez de preparem a próxima época em condições e com antecedência, vão começar à pressa a planear a próxima época e iniciar logo com jogos de alta pressão para tentar entrar na LC e aceder aos milhões que são um dos maiores objetivos desde que o modelo de premeio da UEFA mudou?
            Sabemos que o JJ precisa de tempo para implementar as suas ideias disruptivas, por isso nada como esta gestão espetacular que cria um momento de hiper tensão.
            Se a LC for atingida, imagino o discurso: ‘só nós conseguimos superar desta forma um momento destes’, mas eu cá continuo a achar que o momento foi criado por manifesta má gestão do tal pormaior da identificação atempada do perfil do treinador para o projeto que tanto foi apregoado, e que, pelo menos até que alguém o explique agora, parece ir mudar por pressão auto imposta.

          • A gestão do Benfica ao longo dos anos teve a capacidade de criar uma estrutura e infraestruturas que se destacam largamente em Pt e que até são dadas como exemplo em clubes de dimensão internacional.
            O que falta claramente? Essa mesma capacidade de gestão para recrutar treinadores com o perfil adequado para que a gestão do projeto desportivo da equipa A esteja em linha com a gestão da estrutura.

            Má gestão, porquê?:

            1.
            A saída do JJ dá-se porque havia um desencontro na visão do projeto futuro, mais especificamente numa maior aposta na formação.

            2.
            A aposta seguinte recaiu sobre RV, que teve a capacidade de aguentar toda a pressão criada pelo Sporting de JJ e até records de pontuação se bateram.
            Acresce que o RV na segunda época conseguiu reagir à perda de jogadores que o próprio potenciou e fazer a sua melhor época em futebol jogado.
            Posto isto, até entendo que o contrato do RV fosse renovado e assim fosse confirmada a aposta em RV.

            3.
            Depois, mais uma vez, tal como aconteceu (de forma diferente) na 2ª época do JJ, a direção do Benfica subestimou o Porto que entrava em crise financeira e descaracterizou-se totalmente na europa.
            Acontece que a partir de aí o RV começa a fugir para a sua zona de conforto nas ideias de jogo e o futebol foi piorando claramente.
            Este aspeto foi muito potenciado pelo ainda menor investimento, para mais na época em que o Benfica procurava o Penta.

            4.
            A saída do RV tornava-se assim inevitável mais cedo ou mais tarde e aquele que parecia ser apenas um treinador interino para acabar uma época, coloca o Felix onde ele realmente rende e por algum tempo ficou a dúvida se foi o Lage que potenciou o Felix ou se foi o Felix que potenciou o Lage.
            Até se entende que, com os resultados alcançados naqueles meses fosse dada uma oportunidade ao Lage para começar a época.
            Acontece que, tal como na retinha final da meia época de sucesso, o Lage começa a revelar quais as suas ideias (que aliás foram aqui bem apresentadas num post ainda antes de o Lage ter subsituido o RV) e a equipa passou a usar ideias de jogo quase opostas às que caracterizavam os anos de sucesso do Benfica – equipa muito distendida a forçar os adversários a dar espaço mas exatamente dessa forma a dar também muito espaço e a passar a ter muito maior dificuldade em ser imprevisível com bola e a ficar desequilibrado na reação à perda de bola… Como aliás bem se viu em 80% dos jogos na europa e nos jogos com o Porto?
            E eis que, com tudo isto mais que à vista, surge a decisão de renovar com o Lage por 4 anos…
            Mas afinal alguém ali sabe qual é o perfil de treinador que pretendem? É que, se é importante ter um treinador que entenda e fale com a formação do clube, não será também importante que esse treinador tenha ideias de jogo de equipa grande, atuais e inovadoras.

            5.
            O JJ tem ideias dessas. Mas tem também teimosias do arco da velha e dificuldade em transfigurar a equipa quando isso é preciso, ou seja no fundo é o que está define a tal Era da Estratégia que por aqui foram dizendo, mas que eu chamo há muito de Modelo Adaptativo.
            Assim passa-se de treinadores de 1M€ para treinadores de 7M€+2M€ em staff, porque pura e simplesmente não foram capazes de identificar o perfil certo do treinador que faz sentido para o projeto. Não é o aspeto financeiro apenas e por si só, é o projeto que não souberam concretizar. Não será muito estranho que em 20 anos de Benfica o LFV tenha conseguido melhorar o Benfica em N aspetos mas não consiga convencer um outro realmente bom treinador para um projeto de continuidade que não o JJ, para mais num clube com a capacidade de projeção do Benfica? Entre 1M€ e 9M€ há tofo um universo de treinadores onde alguns terão perfil para isto, ou não sabem bem qual é o perfil?
            Tal como os treinadores com boas ideias de jogo se dividem entre os que as sabem sistematizar essas ideias e os que não o conseguem de facto de forma ampla, os gestores de topo com bons projetos também se dividem entre os que sabem de facto implementar as fases seguintes de crescimento dos projetos e os que não o sabem fazer de forma ampla; neste caso apenas (pormenor que na verdade é um pormaior) por não terem demonstrado capacidade de identificar o perfil certo de treinador para o projeto.

            Resumindo,
            Faz algum sentido que o Benfica crie o projeto que criou e entregue a um Porto, alegadamente em falência técnica, este campeonato e com ele a entrada direta na LC e os milhões e com isso a possibilidade de começar já há duas semanas o planeamento da próxima época que não terá qualquer jogo de pressão no seu início, e ainda esta época, a possibilidade de uma dobradinha? Uma coisa era dizer-se que o Benfica esteve bem mas o Porto também, outra coisa foi uma época em que por momentos pareceu que ninguém a merecia ganhar.
            Exatamente quando renovaram e reforçaram o contrato com o Lage (que não tem culpa da aposta nem tem culpa de ter ambição quando a oportunidade surge e não merecia ter sido tratado como foi por ter sido quase sempre bastante correto), era o momento para terem entendido que esse não seria o caminho, e, agora, em vez de preparem a próxima época em condições e com antecedência, vão começar à pressa a planear a próxima época e iniciar logo com jogos de alta pressão para tentar entrar na LC e aceder aos milhões que são um dos maiores objetivos desde que o modelo de premeio da UEFA mudou?
            Sabemos que o JJ precisa de tempo para implementar as suas ideias disruptivas, por isso nada como esta gestão espetacular que cria um momento de hiper tensão.
            Se a LC for atingida, imagino o discurso: ‘só nós conseguimos superar desta forma um momento destes’, mas eu cá continuo a achar que o momento foi criado por manifesta má gestão do tal pormaior da identificação atempada do perfil do treinador para o projeto que tanto foi apregoado, e que, pelo menos até que alguém o explique agora, parece ir mudar por pressão auto imposta.

  3. A vinda do JJ tem por trás razões eleitorais, não desportivas.
    Afinal de contas, não era este o treinador que há 4 anos não encaixava no “projecto” para o futebol do Benfica?

    • Eleitorais? Só se for para perder as eleições porque JJ não é de todo um trunfo eleitoral visto que muitos Benfiquistas não querem ver o JJ à frente. Foi uma convicção do actual presidente de que o JJ é o treinador ideal para o Benfica. Se fosse por razões eleitorais tinha ido buscar o unai emery que é um treinador com nome e gerava consenso em todos os sócios.

  4. Boas!!
    Com o JJ, wegl é titular de caras e vai subir o nível defensivo.
    O Mister também já disse que achava o Rafa um grande jogador, mas não rendia o que ele achava que podia render (logo também deve ser aposta), o Pizzi vai ter que dar á perna, se quiser jogar.
    Presumo que o JJ queira um 8, DC e um avançado, top.
    Abraços

  5. O eliseu, emerson melgarejo e siqueira juntos nao fazem um grimaldo.

    O markovic e bruno cesar nao sao melhores que o rafa ou zivkovic.

    Acho este post um pouco exagerado para ser sincero.

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