The Blades are back… e com o 4º melhor registo defensivo da Premier League!

Numa Premier League altamente competitiva, surgiu na época 2019/2020 uma agradável surpresa que esteve perto do sonho europeu. Um clube que atingiu o auge da sua história na época de 1897/98 com a conquista da Premier League e que 84 anos depois foi despromovido para a quarta divisão. Os The Blades estão de volta à principal liga inglesa, agora orientados por Chris Wilder, finalizando esta temporada no 9º lugar da competição e com um dos melhores registos defensivos da Premier League. O Sheffield United voltou e provou que tem argumentos para ficar. 

Chris Wilder, técnico de 52 anos, iniciou o seu trajeto como treinador do Sheffield United na temporada 2016/2017, quando o clube competia na League One, o que corresponde à terceira divisão inglesa. Em 3 anos, conseguiu alcançar a Premier League. Wilder já tinha representado o Sheffield como jogador, entre 1986 e 1998. A sua carreira pauta-se por uma clara ascensão a pulso. A sua primeira experiência como treinador principal foi em 2002/2003, no Halifax Town, na National League (5ª divisão inglesa). 17 anos depois, alcança a Premier League ao serviço do Sheffield, após conquistar o 2º lugar no Championship, o que lhes valeu a subida de divisão.

O indicador que fica na retina, relativamente à equipa do Sheffield nesta temporada de 2019/2020, é garantidamente o seu registo defensivo. Apenas 39 golos sofridos em 38 jogos. Só os três primeiros classificados apresentam um melhor registo defensivo.

O pressuposto do artigo é analisar o momento de Organização Defensiva do Sheffield. Segundo Teodorescu (2003), a fase defensiva caracteriza-se por não ter a posse da bola e, através de ações coletivas e individuais, tentar recuperá-la, para entrar em fase ofensiva, evitando o golo na sua baliza. A organização consiste na capacidade de dar respostas efetivas em diferentes situações do jogo, baseadas em interações previamente construídas. Organização é uma expressão muitas vezes confundida com “ordem” ou “simetria”, mas identificar facilmente o sistema tático da equipa não implica que ela esteja organizada e distâncias equidistantes entre elementos da mesma linha não traduz, obrigatoriamente, um melhor equilíbrio. A organização ideal está sempre relacionada com a interpretação macro de uma situação especifica do jogo e uma intervenção, também macro, de uma forma coordenada e efetiva. 

“A equipa que eu desejo é aquela que, num determinado momento, perante uma determinada situação, todos os jogadores pensam em função da mesma coisa, ao mesmo tempo. Isso é que é jogar como equipa.” (Mourinho, citado por Oliveira et al, 2006, p.121) .

Usemos como modelo de observação o jogo do Sheffield United contra o Chelsea, a contar para a 35ª jornada da Premier League, onde a equipa do Sheffield venceu por 3-0. 

No seguinte vídeo podemos observar o sistema tático da equipa do Sheffield United no momento de Organização Defensiva. Um sistema de 5x3x2 que tem as suas nuances e dinâmicas, em função do momento defensivo. 

Em contexto de pressão alta, o Sheffield encaminha a pressão para os corredores e, após a bola se encontrar nessa zona, intensifica a pressão, pressionando o portador da bola, os jogadores e os espaços circundantes. No seguinte vídeo observamos as dinâmicas e as alterações estruturais que a equipa do Sheffield efetua neste momento defensivo.

Num posicionamento intermédio, os referenciais da pressão são semelhantes ao momento de pressão alta. Na segunda parte, uma alteração na dinâmica na construção do Chelsea, passando de uma construção a 4 para uma a 3, proporcionou uma adaptação e reorganização defensiva do Sheffield, de forma a responder da melhor forma à organização ofensiva do adversário. 

O Sheffield apresenta uma grande capacidade de controlar a profundidade e o espaço entre linhas, conseguindo baixar e/ou encurtar o espaço de forma efetiva. No vídeo seguinte é possível identificar o posicionamento dos apoios e os movimentos, seja em momentos de encurtamento ou para reduzir o espaço livre nas costas da linha defensiva, em situação de bola descoberta, principalmente dos elementos do corredor central. 

O Sheffield preenche com 6 elementos (4+2) e de uma forma muita eficaz o espaço da grande área e da entrada da mesma, criando muitas dificuldades aos adversários para encontrarem espaços para finalizar. No vídeo seguinte podemos observar esses comportamentos defensivos num bloco baixo

Uma temporada muita acima das expectativas e com o sonho da europa ainda a pairar pelas terras de Sheffield. Será que o exímio desempenho no momento de Organização Defensiva assumiu uma importância determinante, nesta temporada de sucesso, para o Sheffield United?

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